Não é a lei de Murphy, mas sim a de Peter
Sobre carreira em Y e a incompetência que nos é destinada
Até onde vai a necessidade de subir rapidamente na hierarquia da empresa? Vale mesmo a pena deixar de exercer um cargo técnico em que me sinto bem e produtivo para ganhar mais em um cargo gerencial? E até que ponto as empresas são responsáveis por desenvolverem corretamente o potencial dos seus empregados?
A incompetência ocupacional, se baseia no conceito definido por Laurence J. Peter, em 1968, que basicamente consiste em:
A "Lei de Peter" diz que, em uma hierarquia, todo o empregado tende a elevar-se até seu nível de incompetência.
Ou seja, nessa subida hierárquica, com o tempo, consequentemente, todos os postos tendem a ser ocupados por um empregado que é incompetente para dar conta das funções exigidas do cargo.
Para exemplificar, eu cito três casos:
A) Maria é supervisora de uma empresa multinacional e se sente bem em seu cargo. Consegue produzir efetivamente e vem se desenvolvendo profissionalmente, porém, existe certa pressão interna para que ela siga para um próximo nível da organização, para um cargo de coordenadora, o que ela não se sente confortável em fazê-lo agora.
B) João trabalha como analista em uma empresa e se sente estagnado em seu cargo, impedido de subir, está no dilema entre sair da empresa em que trabalha, ou esperar que uma vaga em um nível acima do seu vague para que ele tenha oportunidade de crescer.
C) Pedro é um ótimo analista, se sente confortável e produz bastante em seu atual cargo, porém deseja ganhar mais, após tentar conseguir um aumento estando no mesmo cargo, decide que deve tentar um cargo gerencial, mesmo que não goste de liderar pessoas, pois, em sua empresa, é a única forma que ele terá de ganhar mais em um prazo curto.
Estes são apenas três, dos milhares de dilemas que todos nós, como profissionais, já passamos ou passaremos por nossas vidas no mercado de trabalho.
Mas eu te pergunto, é errado não querer subir de nível?
Se formos pensar que estaremos barrando a subida das pessoas de níveis mais baixos se ficarmos no nível que estamos somente porque nos sentimos confortáveis e não queremos mudanças, sim, é errado. Porém, se formos pensar que, como Maria, que não se sente preparada para mudar de cargo e, caso mudasse, se tornaria uma incompetente operacional, o errado, neste caso, é a empresa, que não disponibiliza opções melhores para ela e para os que estão abaixo dela e querem crescer.
Neste cenário, e também no caso de João, a empresa deveria ter a possibilidade de saltar níveis hierárquicos, de forma que Maria possa se desenvolver melhor e até mesmo ter um ganho de salário, se mantendo no nível escolhido por ela e, assim, João possa saltar o nível, desde que seja competente para isso, não necessitando esperar a vaga de um próximo nível liberar para ter desenvolvimento de sua carreira na organização.
Mas destes 3 cenários, o que eu mais discordo, são as empresas, como a de Pedro, que forçam os especialistas a seguirem carreiras generalistas/gerencias porque não desenvolvem planos de carreira que se baseiam na ideia da carreira em Y, tornando-os, assim, incompetentes ocupacionais por suas escolhas.
Carreira em Y, nada mais é do que a possibilidade de se desenvolver, subir hierarquicamente e ganhar um salário melhor, mas fazendo isto mantendo-se na carreira técnica, que corresponde à um dos braços do Y.
Ou seja, o funcionário pode, a partir de uma mesma base, escolher quais braços do Y seguir, um que corresponde à carreira gerencial e outro, oposto, à técnica, tornando-se um especialista.
Então, aquele funcionário que não deseja ou não se sente apto a desempenhar um papel gerencial, como é o caso de Pedro, mas deseja continuar evoluindo tecnicamente e, com o salário, benefícios e responsabilidades correspondendo gradualmente ao que um cargo gerencial receberia, poderia ter isto, mas sem a mudança de braço, de técnico para gerencial.
Em todos os casos, quando se referem à promoções, tanto na carreira especialista quanto na generalista, se o promovido não receber num boa orientação, treinamento e um superior que possa apoiar a transição, ela não terá em mãos as ferramentas necessárias ao sucesso. Em suma, ele pode ser competente se lhe derem chance para tanto, do contrário, ele se tornará mais um incompetente ocupacional. Então, sim, a empresa é MUITO responsável pelo desenvolvimento correto da carreira dos seus funcionários!
Eu, como todo millennial, tenho um imediatismo inato e uma ansiedade presente, principalmente no que condiz ao meio profissional, o que gera um necessidade de subir degraus e não se manter como o descrito no cenário A, em uma mesma posição por muito tempo.
Apesar disto, o que instigo neste artigo é uma das principais perspectivas que nós, como millenials, temos que refletir melhor e nos adequar. Que é, justamente, saber identificar não só o ponto ideal para subir ou não na hierarquia da empresa, mas também saber escolher o braço certo da carreira em Y, um caminho que combine com o seu perfil profissional e suas metas de desenvolvimento.
Para descontrair: Dilbert e a incompetência que nos é destinada.
Back-end Developer na Zup Innovation
6 aExcelente artigo!
Product Owner | Digital Marketing Strategist
6 aJá quero te recrutar para escrever no blog da Landix! Ahhahaha