Não basta parecer, é preciso ser uma organização comprometida com os colaboradores para além de setembro
Eu fiz essa reflexão recentemente nas minhas redes sociais e, como relações públicas, senti a necessidade de aprofundar. Penso que precisamos falar sobre o uso de campanhas sociais apenas como uma estratégia de marketing de aparência. O que isso significa? Significa que não basta mudar a cor de seus logotipos, fazer posts emotivos nas redes sociais, mas, no dia a dia, ignorar sinais claros de esgotamento emocional de colaboradores e não promover ações efetivas de suporte à saúde mental. Penso na importância do setembro amarelo e na relevância de também discutirmos sobre a necessidade de não ser admissível aceitarmos condutas contrárias, como a tentativa de organizações que destoam dessa causa tão nobre, focando na dinâmica do parecer vale mais do que fazer.
Participar de campanhas de conscientização como o Setembro Amarelo é, sim, uma atitude positiva e necessária. Mas se sua empresa só "veste o amarelo" nas redes sociais, mas não pratica um apoio genuíno à saúde mental no ambiente interno, há algo fundamentalmente errado. O discurso é incompatível com as ações e isso não só mina a credibilidade da empresa como pode impactar diretamente na retenção de talentos e na produtividade.
Acho válido, inclusive, incluirmos o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) na pauta. Afinal, ele tem ganhado espaço nas discussões empresariais, e com razão. Enquanto muitas empresas já entenderam a importância do aspecto ambiental e de governança, o lado social ainda é tratado de forma superficial, especialmente quando se refere à saúde mental dos colaboradores. O "S" de ESG não pode ser ignorado ou tratado como uma mera formalidade, e está diretamente ligado à maneira como as empresas cuidam de sua força de trabalho.
Empresas que investem em políticas de saúde mental consistentes e transparentes, além de proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro, estão diretamente contribuindo para o fortalecimento de sua estratégia ESG. E mais do que isso: estão promovendo uma cultura organizacional sustentável e ética.
Empresas que fazem vista grossa para sinais de burnout, que exigem produtividade excessiva sem uma preocupação com o bem-estar de seus funcionários, estão falhando em promover a responsabilidade social. Uma cultura que não valoriza o descanso, o equilíbrio e a transparência gera não apenas esgotamento, mas também um ambiente tóxico.
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A comunicação interna é um pilar essencial para a saúde mental no trabalho. Um ambiente onde as informações não circulam de maneira clara e onde os problemas não são abertamente discutidos cria um clima de insegurança e instabilidade emocional. A verdade é que a saúde mental está profundamente conectada com a confiança que os colaboradores têm em seus líderes e na empresa como um todo. Não há como apoiar a saúde mental de seus funcionários sem criar um ambiente de transparência, respeito e segurança psicológica.
Precisamos, hoje mais do que nunca, compreender que a responsabilidade vai além das redes sociais. O engajamento genuíno com causas sociais e a saúde mental não pode se limitar a postagens de redes sociais ou campanhas sazonais. Esse compromisso deve ser parte da cultura da empresa o ano todo. Quando os colaboradores expressam suas necessidades e são ignorados, a cultura empresarial se torna opressiva e sufocante. O diálogo aberto e constante é uma ferramenta essencial para criar um ambiente de apoio e crescimento, onde todos se sintam seguros para expressar suas preocupações.
Pensemos: o que estamos fazendo além de campanha? Não se trata de oportunidade de vitrine. Trata-se de uma causa que exige ações práticas e consistentes. O apoio à saúde mental precisa ser refletido na política interna das empresas, nos seus procedimentos de gestão de pessoas, nas suas políticas de governança e, acima de tudo, no dia a dia das suas operações.
Em resumo, não basta postar; é preciso agir!