Nas relações "LUGARES" não são "perdidos", eles deixam de serem ocupados.
Na “dança das cadeiras” relacionais, ninguém perde assento, a pessoa deixa de ocupa-lo.
Você como eu já deve ter brincado da dança das cadeiras, onde o que fica sem sentar sai da brincadeira. Na vida e nas relações temos a falsa impressão de que é mais ou menos assim, alguém passa a frente com alguma estratégia, toma meu lugar, e acabo ficando de fora do “jogo” e da convivência.
Sinto informar, mas isto é um equivoco! Nas relações lugares não são perdidos, eles deixam de serem ocupados.
A eterna polemica de ir até o outro ou esperar que o outro venha até mim além de desperdiçar nosso único recurso NÃO RENOVÁVEL, que é tempo, acaba se tornando um grande produtor de condicionamentos e condições para se relacionar.
A idade chega e trás a sabedoria de ver coisas que não foram vistas e ao contrário de olharmos em panorâmicas, lunetas ou microscópios vendo o que está lá fora nós deparamos com o mais poderoso de todos os “orixás”, Iemanjá... Que aponta sua poderosa arma para nossa alma e nós mostra um singelo espelho... Eu mesmo ao olha-lo e ver o meu hoje e o meu ontem já me arrependi, lamentei, tentei consertar, pedi desculpas, expliquei, e até briguei..., mas por finalmente compreender que tenho apenas 50% de uma relação de dois entendi amargamente que ninguém me tirou nada, ou sequer me sacaneou, fui eu quem deixei de ocupar um lugar, o meu lugar.
Certo ou errado? Esqueça isto, em uma relação a dois quando apenas um ganha ambos com o tempo perdem.
Em um filme ouvi: “Quanto mais cego fico, mais percebo e consigo enxergar”... Talvez seja por isto que o tal de “JC” pregado na cruz há 2.000 anos atrás falou: “ E será dos ignorantes o reino dos céus”... Argumentamos demais, explicamos demais, sustentamos emoções puídas e desbotadas que só nós fazem manter nossa miopia em ver as coisas e perpetuar o que já não existe mais, jogando fora a qualidade e o tempo que nós resta.
Relacionar é antes de mais nada ver o outro, entender seu jeito, ouvir sua “musica” interna, compreender que podemos falar de tudo, desde que o seja feito com respeito. Mas, nem sempre o respeito é “sentido”, infelizmente os ecos do passado, o olhar para fora, o impor meu jeito de ser, pensar no hoje com a cabeça de ontem, criar condições para acontecer, tudo isto somado e misturado geram falta de percepção e criam mais confusão do que solução.
A verdade é que vivemos “papéis” e seguimos “scripts” como bons atores, onde determinamos para o outro sua atuação e esperamos do mesmo uma grande compreensão...; Mas mal sabe você ou Iemanjá, que o outro espera muito mais de você do que ser uma “boa pessoa”, ele espera que você seja o amigo, o herói, a mão estendida, o sorriso mostrado, o elogio revelado a abraço que em um enlaço geram mais que acolhimento ou validação, que demonstrem antes de tudo aceitação... E isto está longe de só ouvir “sermão”.
Aceitar do verbo respeitar, que fique claro. Aceitar nunca foi comungar e ser permissivo. Aceitar e ouvir, entender, separar as coisas, falar de mim e não do outro, entregando a responsabilidade a quem pertence ou colocando limites, não na sua vida ou na minha, mas na nossa interação e no que chamamos de relação a dois.
Se chegou até aqui, observe o quanto se flexibiliza e conhece realmente o outro. O quanto vai até o mesmo, entra em seu mundo, mesmo que não sege muito a sua “praia” vale a pena ali por algum tempo ficar, interagir e relacionar. A vida só faz sentido quando sentimos e as relações só permanecem quando percebemos, nas suas ações, que de alguma forma me valida e sou importante para você. Sem isto perdemos lugar, não por desejar, mas por de alguma forma não corresponder e participar.
Bj no coração – Delfus Instituto – Erik Nielsene