Natal e Fim de Ano – Janela de oportunidade para parar e refletir

Dezembro é recorrentemente um mês da correria. O Natal tem destas teimosias. Teima em não mudar de dia (todos os anos se confirma que calha mesmo no dia 25) e toda a gente descobre 15 dias antes que tem de deixar os respetivos assuntos arrumados antes da pausa para o período de festas.

Fecham-se projetos, contratos de ultima hora, faturações para equilibrar as contas do ano, etc. Nunca há um Dezembro tranquilo. Com o Natal vem a passagem de ano e queira-se ou não a o ritmo da vida profissional arrefece, dando lugar ao merecido tempo a dedicar à família. A transição de ano torna implícita uma janela de oportunidade individual para refletir-se sobre os acontecimentos ocorridos ao longo do ano que agora finda. Este momento de pausa conduz à reflexão das ações que o individuo e às organizações perpetuaram durante o ano. O que bom se fez, o que de mau aconteceu, o que se poderá melhorar.

É importante que estes momentos existam e que a reflexão aconteça. É um desperdício deixar passar uma oportunidade destas para apenas parar em modo “dolce far niente” durante uns dias.

Muitas das empresas aproveitam para no regresso da pausa promover as habituais avaliações de desempenho, reunir com os colaboradores, interpelar os parceiros de negócio, na procura de um único fim. Compreender o desempenho individual e coletivo para depois reagir e promover ações que conduzam à melhoria do modum operandi da empresa.

Este processo de meditação e análise feito de forma séria, permite compreender a forma como se trabalhar, mas principalmente, como é que os outros veem a nossa forma de trabalhar. Ouvir a crítica permite aperceber os muitos aspetos, que no momento em que ocorreram passaram despercebidos, mas que são de extrema importância serem identificados, relembrados e esmiuçados.

O exercício da reflexão não deve ser feito apenas pelas chefias das empresas, mas por todos. Desde o porteiro até ao administrador. E deve ser feito em modo coletivo, mas também modo individual. É natural que com o ritmo de trabalho, se cumpra menos bem uma tarefa, se atropele um colega, se trate menos bem um cliente. Errado é não reagir a um momento menos bom e/ou fazer parecer que não aconteceu. Todos, colegas de trabalho e clientes, ficarão satisfeitos com este pedido de “feedback”, porque tal exercício torna claro que o outro é importante e que a relação pessoal, mas sobretudo profissional se quer saudável, dinâmica e duradoura.

Para um líder auscultar a sua equipa, perceber como cada elemento se relaciona entre si, compreender as sinergias existentes entre elementos e receber da equipa o feedback da sua ação como líder da equipa é algo que ocorre de forma muito natural, sem necessidade de grande formação curricular.

Mas para muitas chefias este é um processo ainda muito estranho. Para eles no Natal basta juntar os colaboradores num almoço ou jantar numa atitude de Sr. Benemérito, fazer um certo discurso pomposo com os magnânimos feitos da empresa e assim julgam que tem a massa humana da empresa satisfeita por mais um ano. Esqueçam esse tempo e esqueçam essa atitude de superioridade. Preocupem-se de fato com as pessoas com quem trabalham, envolvam-nas no vosso dia-a-dia e reflitam de forma humilde e em conjunto como podem ser melhores e garantem que os jantares continuam a existir por muitos anos, numa empresa onde as pessoas gostam de trabalhar e se sentem todos os dias motivadas.

Aproveito para desejar a TODOS um Feliz e Santo Natal e um Próspero Ano novo de 2016, cheio de projetos e de sucesso.

Boas festas.

Ricardo Luís