O COMPROMISSO DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA E DAS AGENDAS ESG

O COMPROMISSO DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA E DAS AGENDAS ESG

Já era esperado que em pouco tempo a agenda ESG tomasse o protagonismo das discussões organizacionais. Esperávamos desde o período pós pandemia que o tema se tornaria protagonista em decisões organizacionais, porém não esperávamos que seria fonte de um embate político como temos visto ocorrer nos Estados Unidos.

Seja por intermédio da busca de muitos profissionais em tornar o assunto ESG uma pauta presente em seus portfólios ou até mesmo por preocupação daqueles que não se adaptaram a nova tendência de mercado, as discussões passaram a se tornar menos racionais e mais tendenciosas focando apenas em benefícios que envolvem cada pessoa e não o impacto da ferramenta ao todo.

Trago então aqui o quanto a educação é importante nesse contexto, para nos auxiliar e assim sairmos desse caminho polarizado e partirmos para um cenário de construção, que não segue nem um lado e nem o outro.

A agenda ESG não está relacionada ao ativismo que temos por muitas vezes encontrado por aí. Se você ainda acredita que o ESG é uma forma criada de mudar o mundo para melhor tornando todas as organizações comprometidas com o meio ambiente e com a sociedade através do propósito de simplesmente cuidar das agendas socioambientais, sinto lhe dizer, mas não estamos tão maduros assim. A agenda ESG foi criada exclusivamente para gerar valor aos negócios e a sua preocupação com a governança ambiental e social só está ligada a esse processo porque estes são riscos iminentes de impactar as características financeiras e reputacionais das organizações e, portanto, são temas que devem ser tratados como prioritários na estratégia do negócio.

Uma das grandes duvidas é que nos momentos em que as pessoas trazem a discussão da agenda ESG para a pauta, trazem os pilares separados como se fossem cada um deles uma das formas de estruturar a agenda ESG, onde a partir de então passam a buscar a especialização focada nesses pilares, como meio de desenvolver a agenda nas organizações e devemos entender que os pilares ESG são conectados por uma governança empresarial que não permite atuar em uma frente em detrimento da outra, portanto, esse erro tem gerado muita confusão nos profissionais e organizações, abrindo espaços para críticas.

A grande responsabilidade desse processo está justamente na educação, que deve executar um papel primordial apresentando os motivos dessa agenda estar presente nas organizações, quais são os impactos possíveis gerados em seu processo e principalmente, o que o mundo nos guarda se não fizermos nada em relação a esses temas. Além disso, devemos ter muito claro no processo de facilitação de conhecimento que os temas ESG considerados materiais (prioritários a serem tratados pelas organizações seja pelo tamanho do seu risco ou da sua oportunidade) não devem ser estabelecidos ou definidos através de pilares, visto que por muitas vezes, organizações podem conviver com temas materiais altamente voltados à esfera ambiental, para esfera corporativa ou até mesmo para a esfera social e nem por isso ela deixa de ser ESG, visto que o trabalho é atuar com os maiores riscos que no final das contas estão todos intrinsecamente ligados.

Outro fator determinante que a educação tem como responsabilidade é trazer para todas as pessoas as verdades por sobre essa agenda que muitos ainda não trouxeram (por muitas vezes até baseado em oportunismo). A área ESG é sim extremamente importante, impacta de forma significativa as organizações e o mundo, mas nem por isso, uma pessoa que realiza um curso se tornará milionária da noite para o dia. Esse tem sido um dos principais fatores que tem gerado muita discórdia, visto que muitos esperavam um mercado para nadar de braçadas e no final das contas, não é bem assim (apesar de ainda assim ser um setor que precisa de muitos profissionais). Se isso vale para a questão profissional, pode ser utilizado também para o meio empresarial. Não é porque uma empresa vai captar recursos através de uma linha de crédito sustentável que a taxa de juros será zero e muito menos que todos os investidores irão procurar a empresa e pedir “por favor me deixe investir no seu negócio”. Há sim uma vantagem ao qual chamamos de efeito Greenium ao captar recursos em títulos sustentáveis, mas que gera condições de pagamento melhores, mas não milagrosas.

Devemos levar em consideração que nos dias de hoje as agendas ESG nos ajudam como empresa de forma muito mais presente na mitigação dos riscos e na estruturação cultural do que na potencialização de oportunidades. As empresas nos dias de hoje tem diversos riscos desconhecidos ou conhecidos-desconhecidos que a cada dia se aproximam mais de se materializar e sempre quando usamos o discurso da agenda ESG como oportunidade antes de tudo, mascaramos o real motivo da busca por implementar essas estratégias que nada mais é do que minimizar o efeito das incertezas nas organizações reduzindo a probabilidade de litígios, multas, impactos reputacionais e outras questões que podem deteriorar totalmente uma organização.

Ao entendermos esse cenário que não é bem o mundo colorido pintado por aí, podemos observar que a agenda ESG não passa de uma ferramenta que irá tornar sua empresa mais resiliente, preparada, sólida e estruturada para enfrentar os desafios do futuro. Se com o passar do tempo a sua organização chegar a um grau de maturidade alto o bastante para passar a focar sua agenda em oportunidades, ótimo, demonstra que você atuou contra seus riscos de forma assertiva e agora pode passar a usufruir da potencialização das vantagens, se ainda não chegou até lá, trabalhe seus riscos e verá que apenas por ser mais eficiente e preparado para lidar com seus impactos possíveis negativos o mercado e suas partes interessadas passarão a ver sua empresa com mais respeito e confiança.

Aos educadores, o nosso maior desafio não está em conseguir captar mais e mais adeptos a colar caixinhas coloridas em relatórios ou a publicar ações pontuais sociais e ambientais para chamar a atenção do público, o nosso papel é desmistificar de forma simples e direta que essa agenda não pode ser desenvolvida na busca de uma solução mágica, mas sim como algo que passa a mudar a forma como as pessoas em uma organização pensam: Com empatia e gerando confiança. Se conseguirmos levar essa mensagem, conseguimos pouco a pouco cumprir com o nosso objetivo de tornar mais preparada para o futuro toda a nossa sociedade.

#ESG #sustentabilidade #gestao

Junior Garcia

Cursando Pós Graduação MBA em Gestão Logística/Pós Graduado Especialização em ESG e MBA em Gestão Ambiental/ Tecnólogo em Logística/ Técnico de Segurança do Trabalho

10 m

Um artigo que elucida de forma clara e objetiva o real caminho que essa agenda ESG deve trilhar. Parabéns

Jackes Araujo

ESG | Consultor | Especialista | Meio Ambiente & Sustentabilidade | Advogado | Corporativo | Presidente da Comissão de Estudos para a Sustentabilidade ESG e Empreendedorismo da OABCE.

10 m

👏 👏 👏

Jackes Araujo

ESG | Consultor | Especialista | Meio Ambiente & Sustentabilidade | Advogado | Corporativo | Presidente da Comissão de Estudos para a Sustentabilidade ESG e Empreendedorismo da OABCE.

10 m

Muito Bom.

Paulo A. S. Oliveira

Pesquisador em Desenvolvimento Econômico Contemporâneo - UFSCAR

10 m

Excelente texto Luiz Goi! Certamente um conteúdo que se apresenta de forma sólida e objetiva. Sucesso!

Raphael Cobra

PhD | Circular Economy | Sustainability | ESG

10 m

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