O contexto e o jogador.
Foto: Matthew Ashton - AMA/ Getty Images

O contexto e o jogador.

Pensa-se, muitas vezes, que é só colocar um jogador dentro de um grupo de alta qualidade que ele já sairá ‘arrebentando’.

O preço que se paga para tê-lo parece ser a garantia do retorno imediato.

Não temos dúvida que o elenco do Manchester City é extremamente qualificado, assim como, o do Liverpool também o é.

E o que dizer de seus treinadores que vêm se enfrentando em jogos duríssimos e muito equilibrados nas últimas temporadas da UEFA Champions e da Premier League.

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Então, por que o Haaland, principal contratação do City, mesmo ficando mais de 90 minutos em campo, produziu muito menos que o Darwin Núñez, principal contratação do Liverpool, mesmo este último tendo ficado pouco mais de 30 minutos em campo?

Estamos falando da final da Supercopa da Inglaterra (The FA Community Shield), jogada ontem (30/07/2022), com a vitória do time da terra dos Beatles por 3 a 1.

Pelo lado do City, foi interessante ver o Bernardo Silva, jogando mais recuado junto ao Rodri, e qualificando a saída de bola da equipe do Guardiola no sistema 1-4-2-3-1, com o De Bruyne centralizado. No segundo tempo, com a entrada do Gundogan, o Bernardo Silva foi jogar aberto na extrema direita.

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Pelo lado do Liverpool, vimos o seu trio de meio-campistas desfilar pelo jogo no seu tradicional 1-4-3-3, com o Thiago Alcântara exuberante enquanto esteve em campo.

 “O contexto é que determina o valor real do jogador. O rendimento

do futebolista depende do grupo onde ele se encontra inserido.”

Oscar Cano (1)

Respondendo à pergunta anterior e embasado na citação acima, fica claro que o modelo de jogo do Liverpool está mais pronto para assimilar um ‘nove de referência’, enquanto o do City, ainda não está.

O Haaland teve uma única oportunidade ao final da partida numa rebatida do Adrian, goleiro dos ‘Reds’, lance em que o norueguês perdeu uma chance inacreditável.

Já o uruguaio do Liverpool, perdeu um gol cara a cara com o Éderson; cabeceou uma bola junto à trave direita do goleiro do City; cabeceou outra bola que resultou na penalidade convertida pelo Salah; e ainda deixou o seu gol num ‘peixinho oportunista’.

O City, no seu modelo de jogo de muita mobilidade e toques curtos, sempre acostumado a jogar com um ‘nove de movimentação’, como Agüero e Gabriel Jesus, não conseguiu ofertar para o seu novo centroavante o tipo de jogo que ele precisa para empurrar a bola para as redes.

O Liverpool, por outro lado, mesmo que o Roberto Firmino não fique tão enfiado entre os zagueiros, ou mesmo quando o Mané jogava como ‘falso nove’, sempre teve um jogo mais vertical, chegando mais rápido ao gol adversário, atacando a profundidade sempre que teve a chance.

Talvez essas variações nos modelos de jogo possam explicar a diferença de performance dos dois astros no jogo de ontem quando o uruguaio somente precisou de pouco mais de 30 minutos para justificar a sua contratação.

Guardiola vai precisar repensar as dinâmicas do seu modelo de jogo para incorporar o ‘Cometa Haaland’ ao time dos ‘Citzens’.

Referência Bibliográfica:

(1)  Oscar Cano (citado por CONDE, 2010, pg. 21, tradução minha).

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