O lado obscuro da meritocracia
Há duas semanas atrás, entrei em um longo debate com o meu namorado sobre as oportunidades de ser “alguém na vida” entre as pessoas ricas x pessoas pobres (como se o objetivo maior do ciclo de vida do ser humano fosse ser bem-sucedido financeiramente, o que na minha opinião não é, mas isso é um tema para uma outra hora).
O “debate” sobre oportunidades começou quando ele me disse que, qualquer pessoa, independente da classe social, possui as mesmas chances de ocupar um grande cargo em uma grande empresa. Eu, indignada com aquela afirmação, o questionei de imediato: “Então você concorda que a criança de 10 anos que precisa escolher entre ir a escola ou ajudar os pais a vender balas no farol, para não morrer de fome, tem a mesma chance que aquela criança que, aos 10 anos, estuda numa escola bilíngue onde aprende até mais de duas línguas ao mesmo tempo, tem aulas de robótica e tecnologia, faz terapia duas vezes por semana e, conhece um país e uma nova cultura a cada férias coletiva, terão as mesmas oportunidades de emprego no futuro????” – Reflitam... -
Atualmente vejo muitas empresas com anúncios de programas de inclusão e diversidade onde alguns critérios para participação são: ser negro ou LGBTQ+; inglês fluente; pós-graduação e mais uma extensa lista de hard skills que te qualificam como capaz ou não de assumir determinada vaga.
Eu mesma, me vejo constantemente dentro dessa realidade, pois precisei pagar a minha faculdade particular sozinha – que está longe de ser uma das melhores disponíveis na cidade - e tento diariamente organizar as minhas prioridades para retornar ao inglês, mas são tantas as prioridades (me alimentar e alimentar minha filha, vesti-la e me vestir, pagar impostos, gasolina, convênio médico e etc...). Com isso, devo então me considerar incapaz ou menos merecedora de grandes oportunidades?
Mais do que fazer um programa de inclusão e diversidade as empresas devem fornecer a todos o acesso para este programa! Percebam a diferença: Necessário inglês intermediário ou ter disposição e disponibilidade de tempo para aprender o idioma junto ao nosso professor particular.
“É um erro criar uma economia em que a condição para o sucesso seja um diploma universitário, que a maioria das pessoas não possui.” – Michael Sandel filósofo estrela de Havard
Após assistir esse vídeo, onde Michael Sandel é entrevistado por Pedro Bial, achei muito necessário expor aqui a minha opinião sobre o tema. Qual a sua opinião?
Head of New Business in Digital Tax Transformation | Specialist in SaaS Tax Solutions | Sales Growth Director | Outbound Sales Machine | Predictable Revenue | Cloud/SaaS/PaaS/IaaS
2 aBeatriz, 👍
Gerente TI, Head TI, CTO, Inovação, Transformação Digital, Digitalização de Processos, Scrum, Lean Inception , Métodos Ágeis, Itil, Analytics, PMO
3 aÉ o momento de revermos alguns conceitos que estão ultrapassados, sociedade e governo devem estar alinhados para oferecer oportunidades iguais para todos independente de classe social (isso sim é igualdade). E como citou o filosofo Michael Sandel “É um erro criar uma economia em que a condição para o sucesso seja um diploma universitário,” e hoje com a pandemia podemos enxergar que toda profissão tem importância nesse ecossistema e deve ser valorizada independente de diploma universitário, pois a maioria das pessoas que estão na linha de frente (atividades essenciais) não possuem esse título.
Marketing na Sport Club Corinthians Paulista
3 aParabéns por expor de forma direta e clara como é o mundo corporativo. Que mais líderes pensem como você, só assim teremos um mundo mais justo e com oportunidades iguais para ambos os lados.
HR Operations Analyst at Roche
3 aConcordo com absolutamente tudo. Quando temos a oportunidade de entrar no mundo corporativo, fica ainda mais evidente essa sua fala. A desigualdade e a falta de oportunidades causada por ela são gritantes. Que tenhamos mais líderes de RH com a sua mentalidade. Talvez assim, possamos nos deparar com um mercado de trabalho mais justo!