O médico do amanhã

O médico do amanhã

O médico do amanhã...

"O exercício da medicina é um ato de amor. Dedicamos ao outro o nosso saber, entregamos nossas noites de sono aos estudos, sonhamos com peças anatômicas tentando lembrar os nomes das veias e artérias. O médico, estava lá, era um verdadeiro sonhador, uma força da natureza dos jovens esculápios para brilhar e salvar vidas. 

Mas há que entendermos as diferenças entre exercer a medicina, cuidar do outro e ser um médico que vive e cria sua família com os proveitos deste exercício.

Houve o tempo em que recebíamos uma parte dos nossos trabalhos em frangos e ovos, criados ou colhidos por nossos pacientes, que tinham apenas aquilo, e assim era pago o “dotô”.

Adicionalmente, mal saibam que, ao pagar com um molho de couve, nos alimentavam implicitamente com um bocado de carinho e cuidado. O médico estava lá, cuidando da vida, relacionando com a pessoa e sendo cuidado ao mesmo tempo pelo carinho e acolhimento humano. 

Houve o tempo éramos afortunados: bem pagos pelo trabalho, bem recebidos pela sociedade, respeitados pelo saber e o fazer, portas abertas pelo bem querer. E, sem dúvida uma casta profissional de vida digna, confortável e segura. Lá estava ele, o médico de poucas décadas atrás, cuidava de pessoas, recebia honorários do antigo INPS e outras fontes, mas sempre capaz de usar o tempo livre para ler e aprender, mantendo seu cuidado atualizado e o melhor possível. 

Houve o tempo que as forças comerciais se inverteram, planos de saúde se multiplicaram e passaram a nos pagar de forma diferente. Mais delicada a relação se tornou: havia então um agente financeiro entre o comprador do serviço - o paciente - e o fornecedor, o médico atrás da mesa. 

Este agente cria uma nova relação, mas principalmente um novo objetivo comercial. Ter lucro agenciando o financiando o cuidado clínico. Lá estava o médico, aumentando um pouco o tempo de atendimento diário para conseguir apurar teu atendimento, mudando gradativamente a relação com aquele paciente que lhe procurava mais efemeramente, mais fiel ao plano de saúde do que ao profissional, com laços de afeto mais tênues na relação médica e mais distantes daquele tempo onde o tempo não era um problema. Horas com o mesmo paciente remediavam as necessidades de sua família igualmente, e não eram empecilhos. 

Há o tempo onde os médicos trabalham ao menos 60 a 80 horas por semana para manterem as benesses da vida de sempre, uma carga maior onde tempo é precioso e atrasos parte da rotina para conseguirmos atender mais pessoas no menor intervalo possível. 

Mas ainda novos tempos virão, e este é o tempo no qual o cuidar ganha um contorno mais próximo de ter contato com o médico. Conceitos distintos radicalmente: contato com o médico é ser visto por um profissional e receber dele as referidas prescrições e pedidos. Ser cuidado por um médico é ter um profissional que olhará por ti, cuidará dos teus problemas calma e atenção. É nisso que cremos, a medicina voltada para o paciente, com tempo, dedicação e responsabilidade. Isso se chama atenção primária, e hoje temos desenvolvido uma plataforma virtual de tença primária, plenamente capaz de integrar novos tempos, tecnologia e cuidado."

Texto de Ricardo Cabral

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de EuSaúde

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos