O Médico e o Monstro
"O Médico e o Monstro" ou, com seu título original, "Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde", é um livro escrito pelo autor escocês Robert Louis Stevenson e publicado originalmente em 1886. Independentemente de ter lido a obra original, a maioria conhece a história: Dr Jekyll, um médico respeitável e pacato realiza em si mesmo algumas experiências, que acabam por transformá-lo em Mr Hyde, um ser fisicamente deformado, violento e sem nenhum tipo de auto controle, sendo capaz de realizar as maiores atrocidades.
Um clássico da literatura de horror, que serve de inspiração até hoje para os maiores escritores do gênero, "O Médico e o Monstro" é acima de tudo uma história sobre as diversas personalidades que uma mesma pessoa pode ter e a dificuldade (ou mesmo a impossibilidade) de uma controlar a outra em alguns momentos. E Stevenson usou essa dupla personalidade para assustar seus leitores.
Hoje temos diversas patias já identificada que justificam estes e outros comportamentos, porém isso não quer dizer que isso nos assuste menos, muito pelo contrário. Em pleno século XXI encontramos diversos Dr Jekylls e Mr Hydes por aí, principalmente no mundo empresarial, e especialmente nos cargos de chefia.
Quem nunca encontrou aquela pessoa bacana e agradável, paciente e amigável, que quando incorporado do papel de "chefe" se transforma de um momento para outro em um monstro escroto, insensível e agressivo, capaz de destruir qualquer pessoa que esteja em seu caminho como se desfrutasse dessa atitude? Pois é, tudo mundo conhece.
Na obra original o médico se transforma em um monstro ao beber uma poção. No mundo moderno essa poção recebe outros nomes: cargo, poder, status. E vemos as pessoas mais calmas e doces se transformando em crápulas violentos. Assim como no livro, que o Dr Jeckyll demora para perceber isso, aqui também são raros os que percebem - e admitem - a sua mudança de personalidade.
"O Médico e o Monstro" é uma obra do Século XIX sobre distúrbios mentais, mas pode muito bem ser adaptada aos nossos tempos e aos nosso capitalismo de status, onde a adrenalina cada vez mais é pautada no poder que um ser humano pode exercer sobre o outro. Aposto que o Robert Louis Stevenson jamais imaginou que o seu Mr Hyde iria ter o cabelo bem cortado ou a barba bem aparada, usaria um terno alinhado ou uma camisa de grife da moda e não destilaria sua violência nas ruas da Londres vitoriana e sim dentro de uma corporação.