O que é inflexão estratégica?
Hoje, trouxe algumas observações sobre o livro "Inflexão estratégica" de Rita McGrath.
Antes de tudo, vamos entender o que é inflexão estratégica.
A inflexão nada mais é que o "ponto" em que tudo muda de uma maneira irrevogável, ou seja, é o momento de uma grande mudança.
Um problema que é grande e radical, já pode estar em gestação há muito tempo e você não percebe. Neste livro ela ensina você a identificar sinais e precocemente pensar em uma oportunidade de mudança. Vou trazer exemplos que Rita dá em seu livro.
Um exemplo que a autora cita é o uso de aparelhos auditivos nos EUA, que é um negócio que atende hoje somente um em cada 5 potenciais clientes. Nas atuais condições esse mercado gera 8 bilhões de dólares /ano. Porém, depois do ponto de inflexão esse mercado poderia ser 5 vezes maior, gerando 40 bilhões de dólares/ano.
Os pontos de inflexão criam amplos e vastos espaços . No caso de aparelhos auditivos envolve sua fabricação, prescrição e adaptação. A faixa etária está entre 57 e 74 anos, cerca de 80% precisam de aparelho auditivo. Os empecilhos são o custo, que variam de 1,5 a 2 mil dólares por ouvido, porém nos EUA os pacientes precisam passar por vários exames e existe o estigma social de usar um aparelho auditivo. O risco de não usar o aparelho pode ser o isolamento social e o aumento de risco de demência.
Contudo, mudanças na regulamentação do setor podem permitir que empresas que vendam produtos pessoais de amplificação sonora e possam entrar nesse mercado com um custo mais acessível. Isso vai permitir que haja outras funções como ouvir música e que podem no futuro ter um design moderno, usar um aparelho para fazer ginástica e outro para sair, diminuindo o constrangimento com seu uso.
Se isso ocorrer teremos um ponto de inflexão, porque o mercado de 5 bilhões se transformará em 40 bilhões devido entre outros fatores ao custo mais acessível.
A autora sugere que para enxergar esses pontos de inflexão os líderes precisam ter mais contato com as áreas - não ficar somente nos escritórios e não fechar a comunicação com as pessoas que tem opiniões diferentes. Ela sugere um café da manhã com os colaboradores da ponta para ouvir, por exemplo, o que eles aprenderam com os clientes
Para avaliar os sinais precisamos de indicadores que não contemplem somente a parte financeira, como por exemplo receitas de novos produtos, rotatividade de colaboradores ou evasão de clientes. Temos que avaliar o envolvimento dos colaboradores e o amor ao cliente e a marca.
Podemos pensar em uma inovação que poderia acontecer no futuro e depois montar uma linha cronológica no sentido inverso para enxergar os fatos que prenunciaram esse evento.
A equipe deve alocar tempo para levantar essas pesquisas e trazer números para avaliar o que é necessário para a mudança.
Como sinais para avaliar seu serviço ou produto você deve se perguntar se os colaboradores usam seus serviços, se os clientes estão encontrando outras soluções para o problema ( boas o bastante ou mais baratas ) , como estamos com os talentos da empresa, se os clientes se empolgam com os nossos serviços , se somos considerados um local ótimo para se trabalhar...
Devemos pensar sempre quais as tarefas chave que os clientes estão tentando satisfazer que influenciam seus gastos.
Considerar a concorrência não só a direta, mas por exemplo a Netflix considera concorrente qualquer atividade de lazer como passear, ler um livro entre outros. Para termos sucesso o importante é se apaixonar pelo problema e não por uma solução específica.
Líderes como Satya Nadella da Microsoft devem ser capazes de entrar e sair com fluidez de situações inéditas, alocar recursos na empresa como um todo e não em silos e ter resiliência.
Líderes devem transmitir clareza, despertar energia e diminuir a necessidade de se lamentar. Mesmo se você estiver em uma situação ruim o seu objetivo é achar pétalas.
Para que a inovação ocorra é necessário uma liderança que receba muito feedback através de perguntas como : em que você vai gastar seu tempo no próximo trimestre? O que você espera fazer nesse?
Os líderes devem ligar o modo descoberta. Pode-se ter um prazo para desenvolver um projeto de inovação e depois colocar em blogs para compartilhar o que deu certo, o que deu errado , as dificuldades.
Em crises, os líderes devem moderar os sentimentos da equipe para criar foco por ex: concentre se em X e eu te avisarei quando for para fazer outras coisas. Importante é o líder colocar a culpa em si quando algo der errado. Mais importante que talento, um líder deve saber trabalhar em equipe.
No último capítulo a autora convida a pensar no lado pessoal e comenta uma frase da CEO da Accenture Julie Sweet, que valoriza a curiosidade nas pessoas que contrata: “ Se você consegue enxergar o seu futuro provavelmente você não deve estar se desafiando muito; se os seus sonhos não te assustam , eles não são grandes o bastante"
Por fim ela dá algumas dicas para sua jornada :
1- Crie sua linha do tempo: do seu nascimento até hoje enfatizando os principais acontecimentos, relacionamentos, êxitos, fracassos. Como foram formados os seus valores? Quais as lições aprendidas ?;
2- Identifique os seus valores e ligue aos episódios da vida ( resiliência por exemplo);
3- Narre sua própria história (refletir sobre suas forças);
4- Escreva um artigo sobre você no futuro, daqui a 15 anos: O que você fez para chegar até lá? Como essa mudança vai afetar as pessoas a sua volta? Como você toma decisões ? Que tipo de pessoa você resolveu não ter por perto?
5- Obtenha um feedback sobre seu artigo. A percepção dos outros pode ajudar . Revise o artigo periodicamente quando estiver a frente de pontos de inflexão.
Este é um excelente exercício para tornar-se um bom líder. Recomendo a leitura, vale muito a pena.
Vamos compartilhar conhecimento?
Um Mega Abraço!