O que aprendi após ter Burnout?
Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
De acordo com o International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil é o 2° país do mundo com mais casos de Burnout. Em números concretos, a doença atinge 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores, segundo levantamentos da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), ou seja, 3 em cada 10 trabalhadores com tal condição.
Esse diagnóstico chegou a mim na última semana do ano passado (2021), poucos dias antes do meu aniversário, percebi que me encontrava em uma situação que nunca tinha passado. E eu achando que era um simples “inferno astral”.
Profissionalmente, meu ano estava se desenvolvendo de forma muito boa, dentro dos limites de uma pandemia. Estava iniciando cada vez mais projetos e assumindo novas responsabilidades que faziam com que eu me sentisse mais capaz. Sabe quando você está fazendo algum exercício e sente uma certa adrenalina? Então... você vai fazendo e querendo ainda mais.
O trabalho, as viagens, aulas, reuniões, vídeo chamadas, eventos, etc, a vontade era participar de tudo, e nos tempos livres tentava ir para a academia, ter uma alimentação saudável, cuidar da casa, dar atenção para os amigos e família evitando pedir ajuda ou dizer “não”, porque eu pensava: tanta gente faz muito mais que eu no dia-a-dia, eu tenho que dar conta.
Com o tempo, os compromissos foram se acumulando e as primeiras coisas que abri mão foram as que envolviam cuidar de mim: parei de praticar exercícios, a terapia, diminuí os meus tempos de descanso, pulei algumas refeições e ficava a maior parte do tempo ansioso com o que eu tinha de fazer. Eu só percebia que existia algo errado quando pensava: “eu tô cansado... mas vamos lá”.
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Da mesma forma que, depois de exercício físico intenso você começa sentir dores musculares, quando os hormônios diminuem e a musculatura esfria, com o tempo fui percebendo dores generalizadas pelo meu corpo (pernas, costas, pescoço e até rosto travado); já não conseguia mais processar as informações que passavam por mim, apenas agia. Planilhas e textos precisavam ser lidos diversas vezes para conseguir entender o que eu estava passando, e assim, afetando até mesmo o meu emocional, que ficou em frangalhos. Estava cansado de tudo. Eu havia ignorado as minhas próprias necessidades.
A maior dificuldade definitivamente foi conseguir voltar a processar as informações corretamente. Seja na tomada de decisões lógicas, quanto nas emocionais. Eu só queria descansar, então muitas vezes as atitudes eram tomadas, sem levar em consideração tudo que envolvia. Se não fossem pela minha equipe provavelmente teria deixado passar alguns problemas.
As primeiras medidas que tomei foram ir atrás de ajuda profissional – voltei as consultas com o psicólogo semanalmente e fui fazer fisioterapia para liberar a musculatura, tirei alguns dias de folga (algo que eu nunca havia feito e me sentia culpado em fazer), voltei a fazer as minhas atividades físicas (que aprendi que é tão importante para a cabeça, quanto o físico) e busquei o auxílio dos meus amigos, que foram de extrema importância para ajudar no processo.
O Burnout para mim, foi a forma que meu corpo achou de dizer que eu precisava reavaliar como eu estava levando a minha vida.
Talvez o maior aprendizado que tive, foi a imposição de limites e dizer “não”, para algumas situações. Em alguns momentos talvez teremos que nos esforçar mais, fazer horas extras, mas isso só pode durar por um tempo limitado e posteriormente tirar um período de descanso. Até mesmo máquinas se desgastam com o excesso, imagina humanos?
Se eu pudesse dar uma dica para as pessoas é: avalie o que está fazendo, coloque na balança se vale ou não o seu esforço. Entenda que o tempo que você tira para fazer nada ou se divertir, não é um período perdido, não romantize a exaustão, isso serve para você se preparar para um próximo desafio.