O que faz um bom currículo?
Eu não sou especialista em Recrutamento e Seleção. Os processos seletivos que eu tive que conduzir foram sempre apoiados no trabalho de gente muito competente, gente da área. Eu tive curiosidade de estudar um pouco sobre o assunto, mas o meu conhecimento é certamente: superficial, incompleto e restrito às minhas necessidades. Assim sendo, por favor, ao ler esse artigo tenha em mente que ele representa apenas a minha opinião pessoal sobre o que faz um bom currículo.
Outra coisa que eu gostaria de destacar é que aquilo que eu busco num profissional quando preciso substituir alguém, ou complementar um time, pode não ser exatamente o que outros líderes técnicos buscam, bem como as características que eu valorizo podem não ser exatamente as que eles valorizam.
Então, vamos lá:
O que eu acho importante que você saiba, logo de cara, é que a pessoa que está do outro lado, avaliando o seu currículo, não está, inicialmente, procurando nele um motivo para te contratar. Ela está procurando uma razão, óbvia, para te descartar. E uma vez que você tenha ido para a pilha de descarte, já era.
Eu sinto muito se te desiludi, mas é assim que funciona.
O seu currículo é um cartão de visita. O único objetivo dele é fazer com que você consiga passar para a próxima fase, ou seja, é te conseguir um teste ou uma entrevista. Quando um processo seletivo está correndo, pode ter certeza de que os responsáveis por ele não tem só aquilo para fazer. O tempo é escasso. Dependendo da empresa, ou da vaga, a quantidade de currículos que chegam, ou seja, a quantidade de concorrentes que você vai ter, pode ser bem grande. O seu currículo vai ficar poucos minutos nas mãos de alguém, que vai sim observá-lo com atenção, mas essa atenção precisa ser direcionada para o lugar certo. Aquele pedaço de papel precisa mostrar, de pronto, que vale a pena te chamar para uma conversa e, nesse sentido, quanto mais fácil você puder tornar a vida do recrutador, melhor (pra você).
Tá bom, e como é que eu faço isso?
Se você está participando de um processo seletivo, espera-se que você tenha o mínimo de qualificação para a vaga. Quanto mais destacado isso estiver no seu currículo, melhor. Então, seja objetivo. Só isso já pode ser suficiente para te garantir um lugar na pilha certa, ou seja, aquela que vai ser analisada com mais calma numa segunda etapa.
Eu acho que em uma página de A4 tem espaço mais que suficiente para descrever a sua experiência, afinal, você está procurando um emprego, não escrevendo uma biografia. Quanto mais texto você escrever, quanto mais prolixo você for, mais difícil vai ser para quem estiver lendo identificar as suas qualidades.
Ao limitar-se a uma única página você terá que cortar um monte de coisas do seu currículo. Você só vai poder colocar aquilo que for mais relevante na sua carreira. Aquele curso que você fez anos atrás, de uma tecnologia que ninguém mais usa, não é relevante. Ele pode até ter contribuído para fazer você chegar onde chegou, mas não é mais relevante para o seu currículo. Não num mercado como o de hoje, que espera que você se atualize dia após dia. Então, a não ser que a vaga peça especificamente por aquilo, deixe de fora.
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E tem outra vantagem. Limitando-se a uma única página você vai ser obrigado a exercitar uma característica muito valorizada (ao menos por mim): o poder de síntese.
Mas o seu texto, apesar de sucinto, deve estar bem escrito. Depois de escrever, leia tudo de novo com muita atenção. Use corretores ortográficos e, se possível, peça para outras pessoas lerem. Você pode estar tão acostumado com o que escreveu que erros bobos podem passar despercebidos e, uma vez que o seu currículo esteja na mão dos recrutadores, não tem mais como arrumar. Essa é outra característica boa de se exercitar: o capricho (ou, para ser mais moderninho, a atenção aos detalhes).
Outra coisa que eu recomendo que você faça é compartimentalizar (eita palavrinha difícil) as coisas, isto é, separá-las em seções fáceis de identificar. Esse também é um exercício legal para uma outra característica importante: a organização.
É isso.
Como eu disse antes, isso é parte do que eu observo, num primeiro momento, na triagem de currículos. E, para mim, é bastante gratificante colocar alguém na pilha boa (e não na pilha de descarte).
Já faz um bom tempo que eu não preciso recrutar. Se você acompanha os meus artigos deve saber que hoje eu não estou ocupando uma posição de liderança (mais detalhes aqui). Então, tome isso que eu escrevi apenas como: conselhos de alguém que quer que você se dê bem! :o)
E para ninguém dizer que é mais fácil falar do que fazer, eu vou deixar aqui o link para o meu currículo, aquele que eu escrevi para tentar uma recolocação depois que deixei o meu emprego anterior. Eu nem cheguei a mandá-lo para lugar nenhum, porque a MLF, a empresa em que estou agora, me fisgou antes.
Por razões óbvias (para manter uma certa privacidade), eu omiti algumas coisas, como endereço residencial e contatos. Mas todo o resto continua lá. Você vai perceber que o documento tem duas páginas. Hein? Como assim, não era para ter uma só? Sim, é pra ter uma só. Eu subi duas versões do meu CV no mesmo documento: uma em português e outra em inglês. Quando a vaga pede inglês fluente, eu mando a versão em inglês ;o)
Abraço!
Derlidio Siqueira
Instrutor Oficial LinkedIn Learning, MVP Microsoft, Analista de Desenvolvimento e Treinamento na MLF, compartilhador de conhecimento e incentivador de pessoas.
2 aAs vezes que precisei de um bom currículo montado, foi o Derlidio Siqueira quem me ajudou. Nunca tive facilidade para montá-los. A ansiedade de uma recolocação no mercado me prejudicava bastante.
Arquiteto de dados
2 aEu ja apoiei processo de seleção algumas vezes e como é triste ver que a maioria gera o currículo com as ferramentas dos sites que oferecem vagas. É terrível.