O que você sabe sobre experiência?
Foto: Chloe Smith, num.836, via magdeleine.co

O que você sabe sobre experiência?

No grande mundo do trabalho, medir experiências nem sempre é tão simples quanto parece.

Já vi gente com um ano de empresa que se saía melhor do que colegas com cinco anos de profissão. E me incluo nessa. Já me surpreendi com ideias de gente recém-chegada no mercado, muitas vezes. O que só me faz reforçar um pensamento: quem faz a experiência é a pessoa. Cada pessoa carrega infinitas experiências de vida muito além das tarefas de trabalho porque, pense bem, a vida só tem relação com seu ofício?

Na minha atividade já fui ponte para diálogo entre áreas conflituosas e harmônicas. O grau de resistência às mudanças é variável mas saiba, resistir é uma condição humana. A grande maioria das pessoas quer ficar em repouso, sem alterações de rotina. Seria um erro generalizar então que são todos? Não, uma boa parte das pessoas. Fica até parecendo que o confortável é um lugar macio, felpudo e cheio de carinho. Mas não é. Assim como a resistência é uma conduta do ser humano, a mudança é inerente à vida. Já dizia o filósofo grego Heráclito “a única constante é a mudança”. Já geramos alguns dilemas partindo dessas reflexões e vou tentar desembolar essa trama aqui. Segue comigo.

Quando vem uma diretriz, seja do superior imediato ou do alto da empresa, o empregado comum logo pensa: “O que eu tenho a ver com isso?” ou ainda “Como isso afeta a minha vida?” Estudos mundiais comprovam que as mensagens da empresa para o funcionário são recebidas com percepções diferentes. Quando se fala: “Vamos alterar essa rotina porque com isso economizaremos 30% de custos anuais” o que o empregado pensa nessa hora: “Vai dar trabalho/conflitos/ruim para o meu dia-a-dia”. Cabe um parêntese aqui. Eu concordo com esse funcionário. Como qualquer pessoa eu quero entender o meu papel nessa conversa toda de alterações. As mudanças demandam trabalho e deveriam partir de cada pessoa, uma por vez, cada uma num ritmo. Não é discurso de defensor de empresa, nem papo de detrator de reputação empresarial. É real. A sociedade está mudando, avançando em diversas áreas do conhecimento e se formando nessa avalanche de dados e informações, e muito antes de ser trabalhador você é cidadão, é gente.

Ao que parece o ponto de equilíbrio é o desafio, concorda? Ouvir apenas uma meia dúzia de pessoas e fazer um plano está longe de ser o meio do caminho. Também não haverá unanimidade em todas as iniciativas. Na área de comunicação, ser ponte nem sempre é fácil. Porque às vezes não recebemos material suficiente para sermos conexão. Daí a importância de se lembrar: quem faz a experiência é a pessoa.

Ouve-se demais que a empresa é feita de pessoas. Empresas não fazem sentido só com produtos ou serviços. É preciso pessoas. Tudo parece ir e voltar para as pessoas. Você é o profissional que é por conta das suas escolhas e do que você tem feito das experiências que chegam até você. É lúcido, válido e saudável refletir sobre suas atividades, seja em um cargo, emprego ou função. Trouxe algumas questões nessa caminhada. Temos ainda muito para refletir, não é mesmo? Mas, por hora, gostaria de retomar o filósofo Heráclito com uma ideia que podia bem ser o seu próximo mantra:

"Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tampouco o homem!"


Anice Pennini, Ma.

Comunicação Corporativa | Marketing | Gestão de Mudança | Pesquisa de Mercado e Opinião | Ass. Imprensa | Aulas universitárias | Palestras

7 a

Caríssima, demorei uns dia para ler, porque faço questão de ler artigos com atenção. Gostei muito de saber o que você pensa sobre conexões, pontes, mudanças... Gostei da sua maturidade em entender que em todo processo há dificuldade, mas há aprendizado. Obrigada por nos brindar com essa reflexão. : )

Carlos Henrique Rios de Macedo

Gestão, Planejamento Estratégico, Comunicação e Marketing

7 a

Tomara que venham mais textos Raissa... sobre este, medir experiências é tentar resumi-las e isso é impossível ou, pelo menos para os que pensam que podem, infrutífero e, para os que já sabem que não podem, inútil. Mudar é a melhor forma de resistir, em tudo, sempre. Para os que já sabem, evolução e, para os que ainda não descobriram, esperança. Agora, para os que resistem às mudanças, esquecimento. Nos embrenhamos em papéis demais, e mais importante de todos eles, nós mesmos, depende de cada um dos outros todos (inclusive profissional). São eles que nos formam e não o contrário. Parabéns!

Sábia Raissa calada e observadora, compenetrada e dedicada, capaz e eficiente. Disse muito e ensinou bastante. Também lembrou com pertinência que como homens o que mais somos é água. Mudamos sempre, rio inquieto que às vezes salta como cachoeira e outras se instala feito lagoa. Mas que mesmo aparentemente parado e imóvel, estamos sempre evaporando e virando tempestade de verão.

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