O significado da excelência educativa na educação personalizada – Parte 1

O significado da excelência educativa na educação personalizada – Parte 1

A unidade do processo educativo


Introdução 

“Sua escola é tradicional ou construtivista?” Essa é uma pergunta que eu, como diretor de escola, tive que responder muitas vezes nas entrevistas de admissão com pais. Quando as pessoas falam “escola tradicional” estão se referindo à prática educativa de primar pela transmissão de abundância de conteúdos, em princípio necessários para passar nos exames vestibulares e entrar no mercado de trabalho. Se esse modelo educativo não é do agrado de alguns pais – não veem sentido em que os filhos sejam “massacrados” na escola –, a alternativa é a escola construtivista, que muitas vezes se autodenomina possuidora de uma “educação centrada na criança”. O que acabo de narrar é uma simplificação, evidentemente, sendo o problema pedagógico muito mais complexo. Simplificações como essas não ajudam nem a pais e nem a educadores e enxergarem seu verdadeiro papel na educação das crianças, dando a impressão de que essas duas vias – tradicionalismo e construtivismo – esgotam as opções. Veremos logo mais que existe uma terceira via, sendo justamente esta que mostro aos pais em resposta à pergunta acima.

O presente artigo não pretende trazer uma análise aprofundada das diferentes correntes pedagógicas que disputam espaço no mundo educativo atual. Basta dizer que a pedagogia é uma das áreas mais controversas do conhecimento e da atividade humana. Nos últimos três séculos, grosso modo, ascendeu e ganhou notável espaço o pensamento romântico em pedagogia, que tem várias faces. Muitas correntes compõem a visão pedagógica romântica, como o progressismo, o construtivismo e a educação centrada na criança (em contraposição ao ensino centrado no professor). Por sua vez, os construtivistas se dividem em construtivistas puros, construtivistas radicais e socioconstrutivistas. Segundo Vitor G. Haase e Kátia S. Benedetti (2022, p. 15), que guiam essas considerações, não faltam autores (Rousseau, Dewey, Piaget etc.) que defendem que o papel do professor deve se restringir a “não atrapalhar”, que a educação deve ser centrada e dirigida pela criança. Numa perspectiva romântica-construtivista-progressista, dentro de uma conotação política-ideológica materialista mais ou menos profunda dependendo do autor, a criança vem ao mundo como uma tábula rasa a ser moldada e “construída” pelo contexto sócio-histórico, sendo naturalmente curiosa, criativa e reflexiva. O papel do educador seria dar condições (experiências, vivências, interações, desafios) para que a criança desabrochasse suas qualidades naturais, preparando-se para o futuro que não se sabe bem qual seria.

Há algumas décadas que grupos de educadores vêm reivindicando uma abordagem que supere o falso dilema educação tradicional-conteudista (preparação para a universidade e o mercado de trabalho) versus educação socioconstrutivista (valorização da dimensão social da pessoa), propondo uma educação informada por evidências provenientes das boas práticas pedagógicas, da fundamentação em uma correta antropologia da pessoa e dos atuais conhecimentos científicos sobre o modo como as crianças aprendem (estudos da neurociência, da psicologia evolutiva e comportamental). No Brasil, em Belo Horizonte, o grupo acadêmico dos professores Vitor Haase e Henrique Torres Simplício (2020, 2022a e 2022b) vem desenvolvendo um maravilhoso trabalho de embasamento de uma pedagogia informada por evidências. Naquilo que diz respeito ao enfoque deste artigo, Víctor García Hoz também buscou uma abordagem pedagógica científica, informada por evidências encontradas nas boas práticas dos melhores sistemas educativos do mundo e aberto às descobertas da neurociência cognitiva. A Educação Personalizada supera o dilema apresentado no início do parágrafo, buscando o desenvolvimento da pessoa em todas as suas dimensões, o que engloba o desenvolvimento da excelência acadêmica e como pessoa, em sua individualidade e sociabilidade, através do cultivo das virtudes.

Este artigo procura fazer uma revisão sobre como a educação personalizada aborda o rendimento acadêmico dos alunos e a busca pela excelência. A excelência acadêmica tem importância grande no modelo da educação personalizada, a mesma ou maior da que têm nas escolas conteudistas que fazem das aprovações nos vestibulares o seu negócio. A educação personalizada – formação completa da pessoa – preconiza que o estudo – atividade profissional do estudante – é o meio principal que a escola possui para formar as virtudes nos alunos. Portanto, uma escola de educação personalizada pedirá aos seus professores que coloquem os alunos em um clima de exigência que aponte para a excelência em todos os aspectos do bem-fazer acadêmico: tanto nos objetivos específicos de aprendizagem (por exemplo, conhecer a fundo a fisiologia vegetal na matéria de biologia) quanto nos objetivos de desenvolvimento pessoal (por exemplo, saber pensar bem, com critério).

Uma escola de educação personalizada irá afirmar que busca o melhor equilíbrio entre a formação humana e a formação acadêmica, uma vez que a formação da inteligência é uma das dimensões formativas que tem que atender. As demais dimensões são: volitiva, afetiva-relacional, física e transcendente. Dessa forma, tendo que atender as cinco dimensões harmonicamente, o modo de buscar a excelência no rendimento acadêmico dos alunos em uma escola de educação personalizada será essencialmente diferente de outras escolas que não têm essa missão. Logo, a pergunta a ser respondida nesse artigo é: o que realmente significa obter o melhor equilíbrio entre a formação humana e a formação acadêmica? Em outras palavras, dar uma excelente formação humana significa abandonar algo da excelência acadêmica? É possível educar – na verdadeira acepção da palavra: ex ducere, tirar de dentro, revelar o melhor de cada um – focando apenas nos resultados acadêmicos?

Para responder a essas questões, recorremos fundamentalmente a Víctor García Hoz e à nossa experiência de mais e 10 anos na implantação de colégios que seguem a Educação Personalizada. Falar de excelência é falar de objetivos educativos propostos e atingidos (item 1); a unidade inerente ao processo educativo (item 2). Isso é o que veremos na Parte 1 desse trabalho. Na Parte 2, trataremos de como integrar os objetivos educativos em um sistema (item 3) e de como enxergar a formação humana dentro desse sistema (item 4).


1. Os elementos de um objetivo educativo

De um modo geral, a educação é uma atividade que existe em função da vida e se realiza na pessoa. Sendo assim, o fim da educação não pode ser outro que “a capacidade de um sujeito formular e realizar seu projeto pessoal de vida” (GARCÍA HOZ, 2018, p. 161). Esse modo de apresentar o fim da educação tem elementos importantes: a formulação do projeto de vida implica a capacidade de conhecimento e expressão, enquanto a realização está ligada diretamente à atividade; sendo pessoal, o projeto de vida emana do próprio sujeito, respondendo à liberdade própria do ser humano.  

Por uma limitação da forma de conhecer do ser humano – não abarca o ser ou a verdade das coisas imediatamente, mas através de um processo de aprendizagem –, a realidade a ser conhecida precisa ser dividida em campos de conhecimentos possíveis que precisam ser alcançados progressivamente. Segundo a psicologia, os homens precisam compor e diferenciar para chegar aos conceitos.

De acordo com García Hoz (1978), “a necessidade de análise leva consigo o risco de seccionar a realidade e adquirir conhecimentos fragmentados de algo que tem unidade”, perdendo a percepção de tal unidade. Esse é um perigo real nos centros educativos, tanto universitários como de educação básica.

A fragmentação do conhecimento pode se dar de dupla forma: em primeiro lugar, entre a formação ética (tomada de decisões e agir do homem) e a aprendizagem intelectual, e, em segundo, a fragmentação da cultura em muitos campos, matérias e disciplinas. Neste segundo caso, pode se tornar difícil ou até impossível enxergar as relações que ligam entre si as distintas manifestações da cultura e da vida. Os professores formadores, especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental, veem que os alunos aprendem quantidades de coisas, mas em muitas ocasiões não são capazes de associar os fatos e conhecimentos adquiridos em uma matéria com os pertencentes a outro campo cultural. Como integrar esses distintos aprendizados? Em outras palavras, coloca-se aqui o problema da organização coerente de todos e de cada um dos aprendizados como elementos que convergem para uma tarefa que tem unidade: a formação dos estudantes (cf. GARCÍA HOZ, 1978).

Essa busca de unidade é crucial para a tarefa educativa pelo simples fato que lida com um ser uno na sua inteligência, na relação desta com a vontade e com os afetos, e uno também na composição de alma e corpo. É sempre a pessoa, única em si mesma, que fala, canta, pensa, sorri, odeia, ama, se vinga, tem compaixão, dança, joga, pinta, escreve, abraça etc. Dizer que a educação tem uma finalidade puramente técnica, como a de preparar para uma profissão, é cometer um reducionismo de tal ordem que essa atividade não pode mais ser chamada de “educação”. Víctor García Hoz (1978) continua aprofundando nessa unidade:

 

“A integração dos conteúdos é uma das manifestações, talvez a primeira, da necessária integração de todos os elementos educativos em um processo unitário. A unidade da educação é, por sua vez, a projeção educativa de uma realidade mais profunda, a unidade de vida, necessária em cada existência humana se esta deve alcançar uma realidade autêntica e não ficar em um conglomerado de atos incongruentes e mesmo díspares que, ao invés de construir, destroem a existência do homem.” (GARCÍA HOZ, 1978)

 

Não é nada fácil, e muito menos trivial, conseguir a unidade do processo educativo, problema que levanta três grandes questões a resolver (GARCÍA HOZ, 1978):

a) A integração das matérias: a aprendizagem de uma matéria ou ciência procura reforçar e não obstaculizar a aprendizagem de outra, e todas em conjunto constituem o conteúdo de um processo intelectual no qual não há lacunas nem falta de bases.

b) O estudo dos problemas, situações e casos que irão formando critério e capacidade de decisão: os hábitos que fazem eficaz a vida, hão de estar igualmente integrados a uma finalidade comum a todos os atos educativos.

c) As disciplinas que compõem o currículo devem estar integradas com as atividades orientadoras e formativas que hão de cobrir o campo das decisões, do agir e, definitivamente, de toda a vida.

Traduzindo em poucas palavras, trata-se da formação integral do intelecto, da formação integral das virtudes, especialmente a prudência, e da integração desses dois grandes campos formativos levando à unidade de vida da pessoa. Como não há atividade educativa sem objetivos claros, em cada um desses campos formativos existe um ou vários objetivos educativos, que devem estar organicamente integrados se queremos que a unidade na educação sirva de fato à unidade da vida humana. A variedade de objetivos é manifestação da complexidade e variedade do processo educativo.

Se dissermos que a educação, enquanto desenvolvimento da pessoa, tem de desenvolver todas as potências da natureza humana, daí decorre que terá de atender tantos aos aspectos intelectuais quanto aos técnicos, estéticos, morais e religiosos. Cada uma dessas manifestações da formação pode ser considerada como objetivos. No entanto, a unidade da educação exige que, ao invés de serem pensadas e cultivadas separadamente, tais facetas da educação se integrem num sistema e sejam alcançadas de forma coordenada. Víctor García Hoz (2018, p. 162) comenta que um bom professor, que queira realizar com profundidade sua tarefa, não se contenta apenas com passar uma informação ou ideia, pois isso é fazer algo ainda que muito pouco. Um professor consciente entende sua missão como algo mais profundo, ou seja, “como uma atividade em virtude da qual o estudante vai amadurecendo, se desenvolvendo, tornando-se ‘mais pessoa’” (ibidem). Além de estimular a aquisição de conhecimentos, um professor tem de estimular o desenvolvimento de aptidões ou habilidades e o cultivo de valores.

Conhecimentos, aptidões e valores são os três elementos de um objetivo educativo. A relação estre esses três componentes “permite que, sem acrescentar tarefas ao professor, na própria tarefa de aprendizagem comum e corrente possam se desenvolver aptidões e promover valores” (ibidem, p. 163). Vejamos um exemplo.

O professor de geografia pretende que seus alunos realizem algumas atividades para alcançarem o seguinte objetivo: “identificar no mapa os cinco principais rios brasileiros (suponhamos: Amazonas, Paraná, Madeira-Mamoré, São Francisco e Tocantins)”. Uma aula bem planejada sobre este tema pode ter as seguintes partes: (1) trabalhando sobre um mapa do Brasil, identificará os rios e os nomeará; (2) assinalará onde está a nascente, o percurso e onde desemboca; (3) promoverá um colóquio com os alunos sobre as cidades banhadas por esses rios, se algum aluno já esteve nessas cidades e qual o rio mais próximo de onde estão agora; (4) culminará com os alunos escrevendo os nomes dos rios e fazendo um mapa do Brasil, representando os rios e escrevendo seus nomes, repetindo para os colegas alguns dados que foram mencionados na explicação. No decorrer da aula, além de adquirir alguns conhecimentos sobre os rios, os alunos desenvolveram várias aptidões: prestar atenção, observar, se expressar, capacidade psicomotora para escrever e desenhar, refletir para falar com clareza e ordem sobre o assunto, memorizar. O aprendizado dos valores virá porque o professor se preocupa que os alunos façam e digam bem o que têm que fazer e dizer. Será pedido aos alunos que falem no tom adequado, sem gritar ou sussurrar, que escrevam com clareza e correção gramatical e ortográfica, que desenhem e apresentem o trabalho com capricho, e o professor corrigirá os alunos, com delicadeza e clareza, para retificarem as incorreções. Ao entrar no campo da tarefa bem-feita, pedindo aos alunos que façam bem o que devem fazer, o professor está introduzindo os alunos no âmbito da técnica, da estética e da moral. Víctor García Hoz comenta assim essa realidade: 


“Um desenho que esteja bem-feito tem sempre algum valor estético e algum valor utilitário ou técnico; a atenção e o cuidado que se deve ter para fazer bem a coisa e não ficar com um trabalho malfeito desenvolvem o valor da perseverança ou da constância. Se o professor é inteligente e procura em sua classe que os alunos se ajudem uns aos outros, desenvolverá as virtudes sociais.

Não creio que seja necessário dizer mais para esclarecer que um ensino completo deve necessariamente entrar no mundo dos valores individuais e sociais. E é bom registrar que é justamente na realização desses valores que se coroa o ensino e que o próprio ensino se fortalece.” (2018, p. 164)

 

De maneira análoga, esses princípios podem ser aplicados a outros campos, pois as formulações matemáticas, históricas, redacionais e outras possuem formas corretas e elegantes de serem organizadas, escritas, contadas e faladas.

 

2. A unidade do processo educativo

Do que foi dito anteriormente, conclui-se pela necessidade de sistematizar todos os objetivos em função da visão completa da vida mental, cultural, sentimental, moral e transcendental do ser humano. Quando tratamos da formação de crianças e adolescentes, que têm tudo a aprender sobre como o aspecto intelectual influi na aquisição de aptidões e valores, uma vez que estão em processo de formação de critérios para a sua vida, negligenciar alguns objetivos (aptidões e valores) e privilegiar outros (conhecimentos) leva a uma perda enorme de eficácia nas atividades escolares. Se estivéssemos falando de alunos universitários seria menos grave, uma vez que já avançaram na sua formação e construíram critérios vitais mínimos. Mas, quando falamos de alunos dos ensinos fundamental e médio, os coordenadores e professores precisam sim estar atentos à verdade de que é a vida intelectual que nos confere o caráter propriamente humano à nossa vida, diferenciando-nos dos animais, mas a existência humana não é só inteligência. “Esta [a razão] cumpre toda a sua obrigação quando ilumina e orienta os atos mostrando sua conveniência e retidão. Em outras palavras, quando encaminha o homem à promoção de virtudes e valores” (GARCÍA HOZ, 2018, p. 165).

Considerando a crucial busca de unidade no processo educativo descrito no item anterior, ao se delinear os distintos objetivos educativos a serem alcançados, não devemos vê-los como conquistas a realizar, mas como um conjunto orgânico que permite enxergar duas coisas: (1) a relação de cada um dos objetivos com o fim da educação; (2) as relações que os diferentes objetivos estabelecem entre si. Isso é o que permitirá trilhar os caminhos para que tanto o processo educativo como a vida que se realiza nele e a vida para a qual ele prepara tenham unidade. Vamos, a partir de agora, detalhar mais essas ideias e visualizar o sistema integrado de objetivos.

Víctor García Hoz (1976, 1977) conseguiu visualizar, estudando a expressão verbal das diferentes ciências, que o vocabulário é uma via de integração das várias disciplinas científicas. Isso é assim porque todo vocabulário científico contempla a especificidade de cada disciplina, mas também as palavras comuns que se empregam em todas e cada uma das áreas culturais envolvidas. Veremos as conclusões desse estudo na parte 2 do presente trabalho.

O estudo do vocabulário das diferentes ciências, analisando a frequência e o contexto que aparecem, mostra que as ciências diferem entre si pelo objeto material que estudam, mas têm uma grande coincidência nas funções ou atividades que o conhecimento e a aprendizagem científica implicam. Isso significa que as palavras ou expressões científicas oferecem um ponto de apoio para ir além do simples objeto da ciência e chegar à estrutura e funcionalidade do pensamento científico. A partir desse estudo chegou-se a um “sistema de objetivos no qual se incluem tanto a especificidade de cada ciência – seus conteúdos materiais –, quanto o que têm todas elas em comum e, consequentemente, sua mútua interação como elementos de um único processo de formação intelectual ou científica” (GARCÍA HOZ, 1978). 

Quando consideramos os objetivos educativos de forma geral, o primeiro que se destaca é que cada matéria de estudo tem seus objetivos específicos próprios. Assim, por exemplo, ao chegar ao final do 8º ano do Ensino Fundamental, um aluno deverá compreender os fatos históricos do expansionismo europeu, do renascimento, da reforma protestante e da contrarreforma católica, da reconquista da Espanha e do governo do Marquês de Pombal, entre outros. São objetivos de aprendizado claros, que serão avaliados também de forma objetiva, por meio de arguições, provas, seminários etc. No entanto, para aprender esses conteúdos, o aluno necessariamente teve que passar por outras fases do processo de aprendizagem e conhecimento, também passíveis de avaliação, talvez subjetiva, mas que os bons professores sabem enxergar que aconteceram: a expressão do que se aprendeu, a ampliação dos significados e a aplicação ou realização do que foi conhecido.

Um professor-educador dá tanta importância ao processo quanto ao resultado, já que a aprendizagem não acontece se todos esses objetivos não forem alcançados. Isso é o que torna a tarefa educativa tão complexa e fascinante. É preciso, portanto, conseguir as duas coisas: a consistência no processo e o resultado da aprendizagem.

 

Considerações finais

A partir das ideias apresentadas nessa primeira parte, refletimos sobre o significado dos objetivos educativos e a necessidade de que se coordenem minimamente para que a educação seja personalizada. O que dá unidade aos diversos objetivos educativos, necessários para a educação integral da pessoa humana, é o fim a que se dirige toda a tarefa da educação: “a capacidade de um sujeito formular e realizar seu projeto pessoal de vida”. A unidade da pessoa exige a unidade do processo educativo.

Os três componentes de um objetivo educativo são conhecimentos, aptidões e valores. Há uma lógica clara que mostra a colaboração íntima e a interdependência desses componentes no desenvolvimento integral da pessoa. O desenvolvimento intelectual exige não só a aquisição de conhecimentos, mas também entender como os conhecimentos de diferentes áreas se relacionam entre si. A vida intelectual é matéria prima para desenvolver as aptidões e os valores ou virtudes. Um professor que só se preocupa em cumprir o seu programa de aulas e transmitir os conteúdos da sua matéria, descuidando as aptidões e os valores que os alunos possam aprender na sua aula, não está aproveitando bem o tempo e talvez não seja um verdadeiro professor educador.

Na parte 2 deste trabalho veremos a maneira de organizar os objetivos educativos em um sistema integrado, sobre o qual basear o planejamento de todas as atividades didáticas e formativas a serem aplicadas em sala de aula. Esse sistema mostra-se muito necessário para que os professores não deixem de considerar todas as atividades a serem aplicadas visando os objetivos propostos e, ao mesmo tempo, não sobrecarregar muito o professor com excesso de atividades. Muitos dos objetivos de desenvolvimento são atingidos no próprio ato de ensinar os conteúdos, uma vez que os alunos precisam ler, prestar atenção, escrever, falar, apresentar etc. Os valores também são integrados na tarefa educativa pela simples providência de se exigir aos alunos que as atividades sejam bem-feitas, terminadas com capricho. É muito importante conseguir sucesso no processo educativo e no resultado, que é a aprendizagem.

 

Referências bibliográficas

GARCÍA HOZ, V. (org.). El vocabulario general de orientación científica y sus estratos. C. S.l.C., Madri, 1976.

_______________. Estudios experimentales sobre el vocabulario. C.S.l.C., Madri, 1977, pg. 75 a 79.

_______________. Un sistema integrado de objetivos de la educación. [s.l.], 1978, 14 p.

_______________. Educação Personalizada. Ed. CEDET, 2018, Campinas – SP, 290 p.

HAASE, V. G., TORRES SIMPLÍCIO, H. A., BENEDETTI, K. S. (org.), Pedagogia do Sucesso, vol. 1, Ed. Ampla, Belo Horizonte, 2022.

HAASE, V. G., TORRES SIMPLÍCIO, H. A., BENEDETTI, K. S. (org.), Pedagogia do Sucesso, vol. 2, Ed. Ampla, Belo Horizonte, 2022.

HAASE, V. G., BENEDETTI, K. S. O conceito de educação, a ascensão do romantismo e o que fazer agora. Em HAASE, V. G., TORRES SIMPLÍCIO, H. A., BENEDETTI, K. S. (org.), Pedagogia do Sucesso, vol. 2, Ed. Ampla, Belo Horizonte, 2022, p. 15 a 45.

TORRES SIMPLÍCIO, H. A., HAASE, V. G. (org.). Pedagogia do Fracasso. Ed. Ampla, Belo Horizonte, 2020.

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