Os desafios da indústria brasileira na busca por eficiência energética
O país trabalha por uma nova indústria, mais competitiva e sustentável. Essa é a proposta que norteia todos os esforços anunciados pelo governo no começo deste ano, ancorando diversos incentivos e iniciativas - a intitulada "construção de uma Nova Indústria Brasileira (NIB)".
Nessa jornada não temos como desviar de pontos tão relevantes como a busca contínua de fontes de energia e adoção de processos operacionais, que tornem as indústrias mais alinhadas às questões ambientais, trabalhando de forma a reduzir o impacto negativo nesse quesito. É um desafio, sem dúvida, para todo setor industrial avançar em tecnologia e práticas de gestão, aumentar sua capacidade competitiva e progredir igualmente na implantação de medidas que atuem na redução de emissão de carbono, com uso mais inteligente dos recursos naturais e alinhado a um ciclo econômico sustentável e responsável.
Isso engloba investimentos, estudos em áreas científicas e de mercado, ações de alcance à rede de fornecedores e clientes, impulsionando a cadeia a evoluir nessa trajetória de valor. O fato é que temos muitas frentes a atacar: controle de desperdícios, melhor planejamento de consumo nas áreas elétrica e hídrica, acompanhamento rigoroso da eficiência de seus recursos e planos de modernização em soluções limpas. Tudo isso impacta em segurança, resultado operacional e controle de gestão de riscos, além de reputação e branding.
Segundo o Mapa Estratégico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado no começo do ano, a indústria nacional precisa planejar e focar atenção em ampliar o uso sustentável da biodiversidade, adotando ações assertivas que possam aumentar o número de cadastros de acesso de indústrias ao Sistema de Gestão do Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado – SisGen, por exemplo.
Mas não somente. É preciso uma rede qualificada de informações e cursos, estudos que possam elevar o nível de conhecimento dos líderes e gestores do setor quanto às questões ambientais e recursos menos poluentes; mecanismos que incentivem e compartilhem os modelos de negócios inovadores em bioeconomia, a partir de ambiente regulatório favorável a investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
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Alguns caminhos
Em 2023, as fontes renováveis foram responsáveis por mais de 30% da energia elétrica global. Também no último ano, o crescimento da energia solar e eólica levou o mundo a superar a marca de 30% de eletricidade renovável pela primeira vez. Os dados são do relatório Think Tank Global de Energia Ember que a imprensa divulgou no começo de maio.
Ainda segundo o estudo, o Brasil gerou 89% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis no ano, quase três vezes a média global, e registrou o segundo maior crescimento em energia eólica do mundo, atrás apenas da China. Nossa produção de energia solar aumentou 7,3%, com potencial de crescer ainda mais. A pesquisa realizada pela Ember prevê ainda que a geração fóssil cairá ligeiramente em 2024, levando a recuos maiores nos anos subsequentes.
Cada indústria tem um ciclo produtivo e características de negócios, região onde atua e outros fatores a serem considerados em um estudo de viabilidade energética. Mas temos, por outro lado, uma riqueza de fontes limpas e renováveis, que incluem solar, eólica, hidrelétrica, geotérmica e biomassa. Para que a indústria brasileira alcance níveis melhores nessa área vamos precisar de muito empenho, incentivos e investimentos.
Nada acontece pelo acaso. Progresso vem de trabalho e dedicação. Inevitavelmente.
*Artigo originalmente publicado na Revista Economy&Law.