Os “manchetistas”: uma visão sobre ativistas políticos digitais, sobre nós

Os “manchetistas”: uma visão sobre ativistas políticos digitais, sobre nós

Sei que o termo não existe, mas quero usar de toda a licença poética que podemos adotar para vincular essa palavra ao que vivemos hoje em nosso país.

Como é sabido por todos, estamos no centro de uma crise político-democrática, moral, ética e etc. De um lado “coxinhas”. Do outro, “petralhas”. E, ainda, sob um muro, os que se dizem imparciais a tudo e lutam contra a crise e todos os seus protagonistas e antagonistas.

Esses personagens, coxinhas, petralhas e imparciais vem me deixando atônitos nesses últimos dias. Confesso que não sei como retiro pensamentos organizados para vos escrever. Isso porque, eles protagonizam batalhas épicas nas redes sociais. Suas armas são os enunciados. Manchetes variadas e de acordo com sua tendência partidária. Na maioria das vezes, falsas. Criadas apenas para moldar a pobre mente dessas personas digitais.  

Se informar em meio a essa crise de manchetes forjadas, ou não, tem sido o desafio de qualquer cidadão que goste de uma boa leitura e um bom diálogo. Todos os dias explodem frases, vídeos e principalmente veículos de comunicação que portam a verdade e apontam soluções.

Mas quem de fato está falando a verdade?

Difícil saber ou mensurar, até mesmo quem se aproxima dela.

Como comunicador e especialista em Marketing Digital e Mídias Sociais, vejo todo esse cenário estarrecido com a facilidade que temos de criar verdades e mitos. De manipular. Sei que não era para eu estar espantado com isso, mas ainda fico. A massa não se sujeita a ver de modo holístico o que acontece, mas sim com visão “burrista” (Outro neologismo meu.) dos fatos que acontecem. E todos fazemos parte da massa, mesmo que pensemos um pouco mais.

Se somos sujeitos construídos a partir de nosso quadrado, vemos apenas o que está nele. No máximo aceitamos como real as imagens dos quadrados que se assemelham ao nosso.

Afinal, que somos?

Somos frutos do que lemos, ouvimos e vemos. Hoje, com todos essas manchetes fakes postados por uma geração de idiotas, que ganham notoriedade nas redes sociais, como afirma o saudoso Umberto Eco, ou pelos novos idiotas, contaminados pela viralização  do vazio espaço continuo formador de asneiras opiniões, somos nós seres manipulados. Massa de manobra.

Somos leitores de manchetes vazias nas suas sete palavras que condenam ou inocentam um fato. Não lemos se quer o famoso lead jornalístico, que na verdade foi suprimido por editorias iniciais em cada matéria que apresente. Saudades do "Nariz de Cera".

As manchetes, nos tornaram "manchetistas". Nos tornaram leitores de enunciados e desinformados sociais. Propagadores do nada e do tudo.

Aproveito o uso desse Neologismo e trago até nós uma reflexão do pai do Neologismo, Guimarães Rosa, que precisamos fazer.  

Rosa, em seu livro, “Primeiras Estórias”, escreve um conto chamado “O espelho”. Este conto, traz um narrador que está em processo de descoberta do seu eu e do mundo. Ele se questiona se o mundo é real, portanto se ele também é real. Diante de um espelho, foi descobrindo com o passar dos dias a mentira que é a aparência humana. Cria-se o processo de “desimaginar-se”, e verifica-se que o homem, como todas as coisas, não passa de uma metáfora. No seu limite, ele chega a ver sua “forma” invisível.

Hoje, somos metáforas de nossas manchetes. Invisíveis a todos e ao mesmo tempo reais a tudo. Somos "manchetistas", mas precisamos seguir os conselhos de Guimarães para sairmos dessa crise em que estamos:

“Comecei a procurar-me - ao eu por detrás de mim - à tona dos espelhos.” (Guimarães Rosa)

E sempre ao lermos qualquer manchete por aí, lembremos de uma regra básica, apurar e alma de tudo. Ler e reler o que está nas entrelinhas é primordial para nos identificarmos. Para descobrir a verdade que incide no espelho. E não sair por aí propagando qualquer coisa ou simplesmente se assumindo como rótulo. 

Se quer seguir narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo, desânimos, esforços. /.../ O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha idéia do que seja na verdade – um espelho? (Guimarães Rosa)

Belíssimo texto Caro irmão, Realmente nós brasileiros, estamos limitados a uma visão tosca de nossa própria sociedade, e isso graças a tecnologia de hoje. Porém, apesar da pouca visão, as massas estão se levantando porque compreendem que algo está muito errado. Mas os ambiciosos induzem as massas, como o vento que sopra de um lado pra outro...isso é perigoso. Um povo que não busca o conhecimento e o saber é facilmente manipulado, e os manipuladores conseguirão faze-los crer que os resultados obtidos se deram por sua escolha, quando na verdade foram levados para aquele fim. Pobre de nós!!! fica uma dica pra todos: leiam Emilie Durkein e Olavo de Carvalho, dentre outros filósofos e ciêntistas políticos.

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