Os problemas complexos

Os problemas complexos

 Nos dois artigos anteriores falamos de analise de problema simples ou mecânicos e vamos finalizar analisando os problemas complexos.

                        Os problemas complexos

        Ao lidarmos com fenômenos complexos temos que levar em conta cinco elementos: o ambiente, a evolução, complexificação, energia e informação sobre o evento estudado.

       Na pratica esses fatores são interligados, inseparáveis e interdependentes. Pois todos os sistemas organizados acontecem em certo ambiente, em perene evolução, aumentando o grau de complexidade, consumindo energia e processando algum tipo de informação. Normalmente trabalho com um esquema baseado em pentágono, como o espaço aqui é curto, abreviarei modelo de análise.Em cada ângulo dessa figura geométrica coloca-se um dos cinco elementos listados a seguir.

        Examinemos cada um desses cinco elementos:

1.    Ambiente: ao analisarmos uma questão qualquer temos evidentemente que localiza-la em de um ambiente particular.

·       Geográfico

·       Histórico

·       Cultural

·       Mercado

·       Padrões de comportamento ético

etc,etc.

  Como a noção de ambiente é muito elástica torna-se absolutamente importante caracteriza-lo de uma maneira bem próxima da questão que estamos analisando, ou seja, contextualiza-lo em varias dimensões. Uma analise de problema de alimentação em São Paulo, com referenciais de alimentação em Londres seria algo absurdamente incongruente.

Algumas empresas brasileiras tomaram decisões gerenciais baseadas em praticas culturais japonesas o que é um desconhecimento da importância das diferenças culturais e dos ambientes organizacionais brasileiros.

2.    Evolução-  precisamos caracterizar como tem evoluído a questão estudada. E quais são as tendências dos próximos passos dessa evolução. Peter Drucker dizia que o mais importante nas analises estratégicas seria antever as mudanças das tendências de marcado. Evidentemente que nesses casos, a experiência, a sensibilidade e a intuição desempenham um papel importante na tomada de decisão.

 

3.    Complexificação- os eventos tendem a tornarem-se cada vez mais complexos. Vejam por exemplo a complexificação dos sistemas: jurídicos, empresariais, tecnológicos, educacionais, das relações internacionais. Essa complexificação além de sua aleatoriedade é de difícil previsão, por isso, torna-se necessário a elaboração de múltiplos cenários elaborados por equipes transdisciplinares nas decisões estratégicas.

 

4.    Energia- todos sistemas organizados trocam energia com seus ambientes. Precisamos responder o que impulsiona energeticamente os eventos estudados. Aspectos financeiros, moda, tradição, mudança social, etc. Em alguns casos energia é quase sinônimo de motivação, ou seja, o que impulsiona a ação do sistema analisado? Deveremos estar conscientes e atentos que as emoções coletivas são sempre as energias básicas das condutas humanas. Pessoalmente defendo considerar as emoções como fonte energética de todo comportamento humano, ainda que, nem sempre sejam explicitas.

 

5.    Informação- o levantamento exaustivo de informação é absolutamente essencial para a analise dos sistemas complexos. Um exemplo fantástico de informações é o do embrião humano, o óvulo uma célula feminina que do encontro do espermatozoide é um nano organismo que contem informações para se transformar na complexidade do corpo humano Analisar e selecionar quais seriam as informações pertinentes é uma tarefa essencial para entender os sistemas complexos. Deter informações pertinentes a base do sucesso

      O método dos cinco elementos

   No método que sugiro para análise de problemas complexos, os dados desses cinco fatores sejam testados exaustivamente, imaginando vários cenários hipotéticos até se encontrar a solução ou decisão com maiores possibilidades de acerto.

    Na teoria da complexidade não existem certezas matemáticas como no modelo causal linear cartesiano. As certezas são substituídas por hipotéticas probabilidades estatísticas. 

   Em meus trabalhos, quando me perguntam qual dos dois métodos é o mais certo ou aplicável?

   Respondo citando Prigogine: doravante deveremos, contrariando a nossa tradição dualistas “de um ou outro”, aprender a usar os dois modelos, pois não são excludentes.

   Para problemas simples ou mecânicos deveremos utilizar o modelo de causa e efeito cartesiano. Nos problemas complexos, onde o numero de variáveis intervenientes é grande e de naturezas diferentes deveremos aplicar o método da complexidade. 

     Exemplificando: um engenheiro que trabalha em uma linha de montagem tem que utilizar rigorosamente os pressupostos do modelo mecanicista, pois na linha de montagem os processos são absolutamente padronizados e repetitivos.

  Se o mesmo engenheiro for transferido para o departamento de marketing terá de readaptar o seu modelo mental. Deverá adotar os pressupostos da complexidade. Pois os mercados não são estáveis, estão em constantes evoluções. Os produtos evoluem e se complexificam a cada ano, com outros padrões de consumo de combustível e transformando completamente o tipo de informações a serem dadas ao consumidor.  

   Em certa ocasião, um participante de um seminário em grande organização, fez uma observação que ele sendo cartesiano não via nenhum problema em usar apenas o método cartesiano e não achava necessário tanta sofisticação na analise de problemas organizacionais. Respondi-lhe contando uma velha anedota: certa noite uma pessoa procurava um objeto perdido bem debaixo de um posto iluminado. Alguém fez uma observação, que objeto havia se perdido muitos metros atrás e o indivíduo retrucou: “mas aqui esta mais claro”. O problema simplificado fica erroneamente mais claro,entretanto a decisão correta pode estar nas sombras da complexidade. Pode ser mais fácil usar o método cartesiano, mas a grande questão é que ele não se aplica aos problemas complexos.

   Na linguagem do Peter Drucker: nada pior que a decisão certa para a um problema mal definido. A simplificação da analise pode nos levar a cometer os erros que abordei na primeira parte dessas três reflexões.                                                                                                                              

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