Para você que reclama que não há mercado para RP

Para você que reclama que não há mercado para RP

Sempre acompanhei alguns grupos que falam sobre RP com o intuito de trocar informações e agregar conhecimento, mas, de uns tempos pra cá, duas coisas me chamam muito a atenção neles: pessoas da área (estudantes e profissionais) reclamando que o mercado não tem espaço e não reconhece RP; e o “endeusamento” de algumas pessoas que conseguiram “a tão sonhada vaga na área”.

Há oito anos fiz um teste vocacional porque não tinha ideia de que faculdade fazer, e, entre os resultados, encontrei RP. Nunca tinha ouvido falar, mas fui pesquisar, ler, entender e optei pela área por três motivos:

  1. Ser uma área de atuação ESTRATÉGICA, o que me possibilitaria agregar valor a tudo o que fizesse e buscar inovações, além de trabalhar de maneira articulada entre os setores;
  2. A possibilidade de trabalhar EM TODAS AS ÁREAS existentes no mercado. Logo, eu não ficaria presa a uma única coisa (como dentistas estão a dentes) e poderia aprender sobre todo e qualquer setor que me interessasse;
  3. A VERSATILIDADE da área, pois poderia fazer “N” coisas diferentes sem deixar de ser RP e não cairia na mesmice.

A graduação me deu uma base muito sólida para alcançar esses objetivos. Com ela percebi que eles eram reais, válidos e completamente alcançáveis.

O país esta em crise – isto é um fato -, o que torna encontrar um emprego uma coisa mais difícil, mas não impossível, uma vez que grandes ideias surgem justamente nesses momentos.

O que eu quero dizer pra você, que se queixa do mercado, é que muitas empresas não contratam RP e não sabem a importância deste profissional, que as vagas com atividades privativas da nossa área também são entregues às pessoas que não têm graduação específica para exercê-las, que muitas vezes falta estrutura para o Conselho de Classe, que fica inercie à situação, que o nosso sindicato fechou por falta de verba – e mais um “caminhão” de coisas que compõem o “muro das lamentações” da área – e que não vai adiantar nada você continuar “sentado” reclamando.

Aprendi com a vida que, se você não levantar e fazer, nada vai mudar e ninguém vai se importar com isso. E também aprendi que, independente da área, para sair do lugar comum você precisa dar quatro passos:

  • Criar demanda;

Quem já assistiu ao filme “Branded” vai se lembrar da estratégia utilizada para inserir comida vegetariana em um mercado em que o Fast Food era rei. Ninguém compra nada se não entender que precisa daquilo. Se você quer atuar em RP crie demanda para isto, acredite e mostre que, para a situação em questão, RP vai solucionar o problema de maneira mais efetiva do que qualquer outra coisa.

  • Saber mensurar o retorno do seu trabalho e apresentar isto de forma plausível;

Ninguém vai investir em algo que não vai trazer retorno ou vai trazer um retorno que ninguém sabe qual será. Observe que até você quando está na “cadeira de cliente” só fecha negócio quando entende que o que vai adquirir, seja produto ou serviço, tem um valor agregado, faz sentido para você e vai trazer a solução para o problema/demanda que você tem.

  • Entender do mercado e segmento que você quer atuar (e não ficar na bolha de Relações Públicas);

Todos os setores existentes no mercado hoje precisam de um RP – apesar de muitos deles não saberem disso. Torne-se um especialista em pessoas – e não apenas em técnicas de comunicação -, pois, se você entender de pessoas, vai entender o que elas querem/precisam/desejam e, a partir daí, vai poder atender suas necessidades e expectativas, mostrando que RP realmente é importante e capaz de fazer a diferença, indo além de todas as outras facetas de comunicação.

  • Entender e fazer sua atuação ser muito mais estratégica do que operacional.

Qualquer pedreiro pode erguer uma casa (operacional), por exemplo, mas apenas um engenheiro civil pode fazer uma planta (estratégia para construção). Isso é o que precisa estar claro para quem quer ser RP! Se contratam qualquer pessoa para realizar uma atividade privativa da nossa área, significa que não estamos agregando valor, não conseguimos desempenhar uma função estratégica e, por consequência, é indiferente um graduado em RP ou em Administração realizar a tarefa.

Por fim, é por isso que Fabio França disse na RP Week 2015 que apenas os inteligentes conseguem emprego em RP. Porque para atuar na área é preciso ir/estar além – e sabe que muitas vezes isto nem é ruim? :)

 

Publicado inicialmente no Blog Versátil RP

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