PODER LEGISLATIVO – UM CASO PERDIDO!
Perdoamos uma criança que tem medo de escuro facilmente.
A verdadeira tragédia da vida é quando homens têm medo da luz.
Platão
O Congresso Nacional composto de Câmara Federal e Senado possuem 594 parlamentares cujos vencimentos estão muito além do que recebe 99% dos trabalhadores brasileiros. Porém, o que revolta boa parte da sociedade brasileira é o fato de que além do salário de R$ 33,7 mil, estes trabalham pouco, em média três dias por semana, com 60 dias de férias e muitos recessos e interrupções em suas atividades ao longo do ano. Soma-se a isto, o acréscimo obsceno de auxílios de toda natureza que fazem parte dos vencimentos sem serem atingidos pelo IR.
Entre estes, ressalto o Auxílio Moradia, concedido por ambas as casas e que estão na ordem de R$ 5.5 mil por mês para “ajudar” nas despesas com moradia no DF. Os parlamentares têm à disposição 504 imóveis funcionais na região do Plano Piloto, área nobre de Brasília com 220 m² a 300m². Apartamentos espaçosos com três quartos, três banheiros, escritório, cozinha, área de serviço, copa, despensa e dependência completa para empregada doméstica. O custo de manutenção destes imóveis é de R$ 21 milhões ao ano.
Nas eleições de 2018, tivemos uma renovação recorde de quase 50% nas duas casas, a maior dos últimos 30 anos no país, entretanto, apenas 7% dos eleitos (43 dos 594) abriram mão do uso de imóveis funcionais ou do repasse do auxílio moradia.
O desplante é tanto que o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), por exemplo, mesmo sendo dono de um imóvel na capital federal, recebe o auxílio moradia. O caso lembra um juiz famoso que hoje é ministro e recebia o auxílio moradia, mesmo tendo residência fica em Curitiba – PR.
Estes gastos com mordomia e pagamento de auxílios diversos que acabam compondo a renda dos parlamentares em Brasília, denotam o desprezo da classe política para com o povo brasileiro. Durante o mandato, estes legislam cortando benefícios dos trabalhadores em geral, atuando para aprovar reformas que penalizam aposentados e os demais brasileiros.
Os imóveis funcionais deveriam ser vendidos ao povo em Brasília, os parlamentares deveriam viver as suas custas com seus salários, usando de hotéis e pousadas para estadia, ou até alugando imóveis pagos às suas expensas.
Em nenhum lugar civilizado os políticos têm tantos direitos e tão poucos deveres como no Brasil. São benesses inaceitáveis e incompatíveis com a miséria em que vivem milhões de brasileiros, sem habitação, sem saneamento básico, água potável e alimentação adequada.
Por isso que, entendo a revolta dos eleitores e a sua fuga das eleições quer seja por abstenção, voto em branco ou nulo. Perderam a esperança em mudanças ao ver persistir a iniquidade na maioria dos políticos brasileiros.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.