Porque eu invisto em fundos de ações...

Porque eu invisto em fundos de ações...

As ações do Banco Pan (BPAN4) fecham hoje o dia com uma valorização próxima dos 15%, ontem foram outros 23% de alta, no entanto eu me desfiz dos meus últimos lotes na segunda-feira. Os 20% de lucro que eu apurava naquele momento, em relação ao meu preço de compra, foram irresistivelmente sedutores e ali apertei o botão vender no meu homebroker.

Situações como esta foram comuns ao longo de todos estes anos, o preço de tela é um inimigo poderoso, ganhos de curto prazo são apetitosos e não raro a gula me domina, sou exemplo perfeito do viés de aversão a perdas, tão estudado e divulgado pelas finanças comportamentais. Auferir os 60% de ganhos adicionais que as ações do Banco Pan proporcionaram após eu vendê-las seria uma tarefa das mais difíceis, desligar e não atentar para o preço do dia, acreditar na empresa e sua gestão a longo prazo, é algo que confesso não consegui fazer até hoje, mesmo tendo a convicção de que seria o correto.

Dá mínima ao final de 2015 até hoje, as ações da Magazine Luiza valorizaram-se 180x, isto mesmo, quem aportou R$1.000 na empresa e segurou as ações tem hoje R$180.000. É claro que poucos adquiriram os papéis nas mínimas, porém todos hão de concordar que quem ganhou 10x o capital em 3,5 anos está muito feliz. Não tenho dúvidas que muitos sucumbiram ao preço, venderam com 10% ou 50% de lucro e hoje estão com dor de cotovelo. Como lidar com isto?

Alguns meses atrás recebemos aqui no escritório Henrique Bredda, um dos gestores do fundo Alaska Black, que segundo matéria recente do Valor, teria multiplicado o capital do fundo investido em MGLU por 34x. A receita, segundo ele: não olhar o preço! Apenas acompanhar a empresa e seus resultados. Eles conseguem, eu não! Logo me rendi. Se não tenho perfil emocional para segurar uma ação, com ganhos, por prazos muito longos. Ter meus recursos num fundo que faz isto foi a solução.

Não estou aqui fazendo propaganda do Alaska e nem afirmando que todos devem ter uma parte dos seus recursos em qualquer fundo de ações, isto é muito particular e indicado apenas para aqueles que tem um perfil (suitability) adequado, logo deixo claro que não faço qualquer recomendação aqui, minha intenção é apenas alertar que precisamos aprender a lidar com nossas dificuldades emocionais.

Um fundo de previdência com débito em conta, com rentabilidade ao menos na média, pode ser talvez a única alternativa para quem não tem disciplina para poupar. Se os consórcios existem até hoje, é porque muitos preferem pagar os quase 18% de taxas, pelo compromisso de honrar o pagamento mensal das cotas.

Temos vieses comportamentais que precisam ser reconhecidos e trabalhados. Ao montar uma carteira de investimentos é preciso levar em consideração estes aspectos, que certamente são tão importantes quanto a diversificação e a aderência ao perfil de risco e liquidez do investidor.

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