Precisamos mais de comunicação que de avisos.
Foto de Oleg Laptev na Unsplash

Precisamos mais de comunicação que de avisos.

A frase do título foi tirada do livro “A entrevista de ajuda”, de Alfred Benjamin. O autor comenta sobre as possíveis interrupções externas que poderão acontecer em qualquer tipo de entrevista e menciona que alguns entrevistadores podem se utilizar de avisos na porta, como: “Por favor, não perturbe”. Benjamin entende que esse tipo de ação “...poderá assustar o entrevistado seguinte, que está esperando, ou, no mínimo, torná-lo mais ansioso do que já está”.

Então, ele sugere que, caso exista uma equipe na clínica, por exemplo, os colaboradores podem ser comunicados para informarem os pacientes que a sala ainda está ocupada e que logo serão atendidos. Daí a frase: “Precisamos mais de comunicação que de avisos”.

Sabendo que o livro foi escrito na década de 1970, e que esses avisos não estão mais na moda, vamos utilizar o exemplo acima como uma ilustração para tantos outros exemplos atuais. Parece óbvio que a comunicação é essencial em clínicas, empresas, escolas etc. Mas, como dizem, e pelos resultados obtidos, o óbvio deve ser repetido constantemente.  

Essa questão de “mais comunicação do que avisos” gerou duas reflexões:

1) O problema é que um dia nós achamos que poderíamos virar “influenciadores”. Isto é, tudo que pensamos, lemos, assistimos e fazemos deve ser, de alguma maneira, compartilhado a todo momento, como o evento mais importante do mundo. Essa noção de importância (egocentrismo) que as redes sociais moldaram o nosso cérebro, misturada com o acúmulo insano de informações, está gerando esse grande mal-estar nas ruas: ninguém presta mais atenção em ninguém; ninguém mais ouve ninguém; ninguém se relaciona com ninguém.

É mais fácil criar um aviso no Instagram do que simplesmente conversar com alguém.

2) Em uma das empresas em que trabalhei, a comunicação era algo que não existia. Quantos desencontros poderiam ter sido evitados se uma mudança de postura em relação a esse assunto fosse realmente encarada de frente? Era mais fácil pendurar avisos, com muitas cores e arte, do que se comunicar com quem está ao seu lado.

A frase do livro foi escrita na década de 1970 e, cá estamos nós em 2024, repetindo o óbvio.

É preciso olhar para fora de si mesmo para se comunicar com outra pessoa. É necessário que um estudo interno seja realizado em relação à vaidade, orgulho, preconceito, soberba; isto é, para que a gente possa admitir que existem outras pessoas além de nós mesmos.



    

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