Princípio da Rotação e do Retorno sobre o Custo de Transformação (ROC)
Dificilmente indicadores corporativos quando analisados de forma isolada possuem significado.
Quando falamos de custos, lucro, mix e volumes produzidos a questão é particularmente mais complexa.
Entre estas variáveis há um emaranhado de relações de causa e efeito onde a menor oscilação para cima ou para baixo em qualquer uma destas variáveis implica na alteração de todas as demais.
Se mudar o mix ou volumes produzidos, mudam os custos unitários. Mudando os custos unitários, muda a visão de lucratividade por produto. Mudando a visão de lucratividade por produtos, muda a lógica orçamentaria, muda o planejamento estratégico, mudam os direcionamentos dos investimentos, muda analise de cenários.
Estes múltiplos inter-relacionamentos só podem ser resolvidos, modelados e analisados através de um modelo matemático tendo como suporte um sistema.
A concorrência proporciona aos compradores a possibilidade de adquirir produtos e serviços semelhantes de diversos fornecedores de qualquer parte do planeta e, somado a isto, ainda há o fato de que a percepção dos compradores em relação as ofertas de produtos e serviços são ilimitadas e portanto a pressão por mais qualidade e custos menores que recai aos fornecedores multiplica a necessidade da adoção de ferramentas especificas para buscar liderança em competitividade para se manter vivo.
Diante destes fatos, o que motiva os compradores a adquirirem produtos ou serviços de uma empresa ou de outra?
A missão de uma empresa deve ser definida para satisfazer a necessidade de seus “stakeholders”, no entanto cabe lembrar que, para que esta missão seja cumprida e a visão de futuro alcançada, a empresa deve ser, em primeiro lugar, lucrativa.
Assim sendo o lucro é o sustentáculo do crescimento econômico, a base para reinvestir no próprio negócio e fundamental para o cumprimento da declaração da missão. Sem esquecer que o alcance dos objetivos sociais como por ex. a geração de empregos, só irão se concretizar, antes de qualquer coisa, se a empresa for lucrativa.
O lucro, pelo conceito tradicional, é a diferença positiva entre a receita e os custos totais da empresa.
E, pelo conceito tradicional, para aumentar o lucro temos somente duas possibilidades matemáticas possíveis:
1. Aumentar a receita e/ou
2. Diminuir os custos
Porém devemos acrescentar a tudo isso que o lucro é uma das variáveis inseridas naquele complexo emaranhado de relações de causa e efeito que só pode ser calculado, entendido e compreendido através de um modelo matemático.
Ocorre que o lucro unitário é uma variável que, muito embora seja importantíssima, quando analisada isoladamente faz revelações apenas parciais a respeito do nível de importância de um produto para os resultados da empresa.
Três afirmações importantes:
1. Dois produtos com o mesmo lucro unitário estão contribuindo de maneira diferente para os resultados de uma empresa.
2. Um produto com lucro unitário maior pode ser menos interessante do que um produto com lucro unitário menor.
3. O lucro não pode ser definido somente como sendo o resultado final sobre as vendas e sim deve ser levado em conta quantas unidades monetárias (reais, dólares, euros...) foram investidas na produção de cada produto para gerar cada unidade monetária resultante por produto vendido. Em outras palavras, o lucro deve ser analisado dentro do contexto de retorno sobre o custo de transformação.
Para que seja possível entender estas afirmações na íntegra é preciso compreender o conceito de ROTAÇÃO ou ROC (Return on Cost).
Principio fundamental de todo e qualquer atividade industrial: Não se deve planejar partindo de valores de faturamento. Todos os planos devem se basear no lucro individual dos produtos que serão produzidos.
Apesar da afirmação acima ser muito óbvia, não é raro escutar empresas com a seguinte meta: é preciso aumentar o faturamento.
Essa meta pode ser um desastre completo para uma empresa. Um aumento de faturamento de 1 milhão por mês de um determinado produto que não dá lucro é um desastre para empresa e não um progresso.
O que na realidade as empresas vendem é o valor agregado ou trabalho feito em cima de matérias primas e, neste sentido, o lucro é a parcela de dinheiro que a empresa obtém vendendo seu trabalho de transformação.
Logo, o lucro é um múltiplo do custo do trabalho feito para se transformar matéria-prima em produto acabado.
A UEP Costing acrescenta ao conceito tradicional de lucro aquilo que denominamos de ROTAÇÃO ou ROC (Return on cost), ou seja, a divisão dos respetivos lucros (conceito tradicional) pelos custos de transformação de cada produto produzido.
Em outras palavras, a ROTAÇÃO ou ROC mede o lucro dos produtos vendidos pelo número de vezes que o custo de transformação retorna para a empresa.
Sendo assim:
Primeiramente se calcula a Receita Liquida (RL) deduzindo do Preço de Venda basicamente os impostos e as comissões.
Deste modo:
Custo Total = Custo de Transformação (CT) + Matéria-Prima (MP)
Resultado = RL – CT
ROTAÇÃO/ROC = Resultado / CT
Logo, ROTAÇÃO/ROC é o indicador que mede quantas vezes cada unidade monetária dispendida na fabricação de cada produto retornou em forma de lucro.
A ROTAÇÃO ou ROC pode e deve ser compreendida como sendo o RETORNO SOBRE O CUSTO DE TRANSFORMAÇÃO e, portanto, quanto maior melhor.
Vejamos alguns exemplos:
Com base na tabela acima, podemos observar algumas situações interessantes:
1. O produto A obteve 5 unidades monetárias de resultado assim como o produto B.
No entanto, para cada unidade monetária empregada na fabricação/transformação do produto B foi retornado 1 (uma) unidade monetária de lucro para a empresa enquanto que para o produto A foi retornado 1,66 unidades monetárias de lucro para a empresa.
2. Se considerarmos que ambos os produtos acima são vendidos na mesma quantidade, então o produto A é muito mais lucrativo para a empresa que o produto B pois para cada unidade monetária investida na sua produção ele retornou 66 % a mais do que o produto B mesmo ambos apresentando o mesmo resultado absoluto.
3. O produto C tem o resultado unitário menor que o produto B porém ambos possuem o mesmo retorno sobre o custo de transformação, ou seja, para cada unidade monetária investida nas suas produções gerou uma unidade monetária de resultado.
4. O produto A tem o resultado unitário maior que o produto D porém o produto D tem um retorno sobre o custo de transformação dispendido maior que o produto A, ou seja, para cara unidade monetária investida na produção do Produto D gerou 26% a mais de retorno do que o Produto A.
Conclui-se, portanto, que se a empresa analisar somente o resultado absoluto do produto, ela perde a sensibilidade do retorno financeiro sobre o custo de produção a nível de produto.
É imprescindível a inclusão de outras variáveis para compor um modelo de análise completo tais como: volumes produtivos, demais produtos produzidos, consumos alternativos de matérias-primas implicam em variações no custo total do produto.
Para resolver este modelo matemático completo é preciso da utilização de um sistema que execute simulações que considerem todas as variáveis inseridas que podem influenciar os resultados finais inseridas em suas múltiplas relações de causas e efeitos.
E é exatamente esta a proposta do Sistema UEP Costing.
É importante salientar que para chegar a este nível de análise e entendimento sobre quais produtos/mix são mais vantajosos e lucrativos para se produzir é imprescindível dispor de um custo confiável, rastreável e passível de estratificação.
Custos errados implicarão em análises erradas e tomadas de decisão potencialmente prejudiciais para a empresa.
Cabe ressaltar também que o Método de Custeio Variável impossibilita a análise de retorno sobre o custo de transformação baseado no fato de que simplesmente ele ignora e transforma todo o custo industrial em uma imensa caixa preta e passa a considerar somente o custo de matéria prima consumida.
Para o custeio variável, um quilo de frango inteiro congelado tem o mesmo custo de um quilo de frango inteiro resfriado que consome bem menos frio/energia na sua transformação.
Na realidade qualquer ferramenta de gestão tem pouca ou nenhuma utilidade sem indicadores confiáveis de custos.
Um BI, por exemplo, não funciona sem números confiáveis de custos pois se entra lixo de informação, sai lixo de informação.
Como eliminar desperdícios desconhecendo quais produtos são rentáveis e quais são deficitários, e sem conhecer as linhas onde residem as prioridades de melhoria e os grandes focos de redução?
A forma como tudo isto é conduzido na empresa aliada a qualidade dos indicadores de custos em especial gerará o reflexo na estratégia da empresa e, conseqüentemente, na visão de futuro.
A principal mensagem que se deve extrair de todo este texto é:
- O lucro de uma empresa é o “core” onde tudo em volta deve girar e se orientar.
- O lucro não deve ser medido somente sobre o valor da receita liquida deduzida dos custos de transformação e matéria prima.
- O lucro real de um empreendimento deve ser medido através retorno financeiro obtido sobre cada unidade monetária dispendida em sua transformação, produto por produto, porém dentro de um cenário completo e suas múltiplas relações de causas e efeitos.
Simone Espindola de Oliveira
Sócia-Diretora Tecnosul Consulting
simone@tecnosulconsulting.com.br
(47) 99128-0090
Analista de Custos na Taschibra
5 aRogerio Rocha Taschibra
Engenheiro Sênior| Gerenciamento de Controle de Projetos | Gerenciamento Contratos e Riscos | Supervisão de Obras
6 aExcelente artigo. Uma aula sobre custo e a importância para a empresa.
Consultoria | Treinamentos | Controladoria | Custos | Finanças | Contabilidade |
6 aPerfeito, mais uma vez seus artigos nos traz com total propriedade a vivencia pratica de custos nos negócios deixando claro que e preciso o cuidado para evitar distorções de análises realizadas nas empresas.
Cost Consulting
6 aFicou simplesmente excelente ...
Equipe de referência em contabilidade e tributos. Saiba mais em: edisonremipinzon.com/home
6 aAmei !