Quando me reuni com meus maiores concorrentes

Nos últimos 14 dias, estive nos EUA em duas viagens incríveis que não só enriqueceram minha vida, como também me ajudarão a tomar decisões sobre os próximos passos da Squid.

Na primeira etapa da viagem, fiz uma imersão no incrível mundo do SXSW. Como foi minha primeira vez no festival, tudo era novo e fiquei encantado com a qualidade dos conteúdos e palestrantes, sem contar a estrutura impecável. Lá, assisti palestras e painéis que iam desde "como captar investimentos fora do Vale do Silício", passando por “como o Uber e a Embraer vão inovar a mobilidade aérea em grandes metrópoles”, até temas de biotecnologia que aumentarão nossa longevidade, e computadores quânticos e seu impacto no mundo. Foram tantos aprendizados que farei outro artigo completo com minha percepção sobre tudo isso.

Agora, queria falar sobre a segunda etapa da viagem, em que fui para San Francisco falar com as maiores empresas de marketing de influência do mundo. Exato! Meu sócio e eu fizemos agendas com as maiores empresas de nosso segmento, ou seja, nossos maiores "concorrentes". Foi uma experiência que recomendo, principalmente, a todos os empreendedores que possuem suas inspirações em empresas que atuam em outros países.

Em San Francisco, nos reunimos com as quatro maiores empresas de marketing de influência do mundo. O que achei mais curioso é que lá as pessoas são muito receptivas e conversamos com executivos do mais alto escalão dessas empresas, ou seja, pessoas com acesso a todo tipo de informação do negócio.

Como nunca ninguém havia me preparado para essa situação, decidi compartilhar o porquê decidimos fazer isso e algumas dicas que funcionaram para nós.

PS1: se você se identificar com os pontos abaixo, sugiro que você faça o mesmo que fizemos.

1) Tem dúvidas sobre como seu negócio deve evoluir?

Existem diversos caminhos que um negócio pode seguir e você nunca tem todas as respostas. Por isso, é muito comum se inspirar em outros negócios (às vezes de fora do País) e usá-los como guia. Entretanto, você nunca tem acesso a todas informações. Nem tudo o que você lê no site, ou em notícias são 100% confiáveis. Por isso, se você quiser se inspirar em outras empresas, é preciso ter acesso a tudo para maximizar sua chance de sucesso - ainda mais se essas empresas possuem 5-10 anos a mais e já passaram por vários desafios que você deve estar passando, ou provavelmente irá passar.

Nas reuniões, levamos um questionário com tudo o que gostaríamos de saber. Para nossa surpresa, nada foi ocultado: os erros, desafios e acertos foram revelados. Nem tudo será igual para sua empresa, é claro, mas você poderá tomar as decisões muito mais assertivas sabendo de todos os poréns.

2) Será que devo internacionalizar?

Existem estágios de maturação da empresa que você deve começar a se perguntar se já está na hora de internacionalizar sua solução. Para isso, você precisa entender como é a cultura local, qual será o nível de aceitação de sua solução, qual o modelo de negócio mais adequado, qual a estratégia de distribuição, entre vários outros aspectos. Por isso, recomendo que faça esse tipo de reunião. Só assim você enxergará se existem oportunidades reais de internacionalização no seu modelo atual ou se você terá de fazer ajustes em sua estratégia. De um jeito ou de outro, você só conseguirá tomar decisões, caso entenda completamente o cenário.

PS2: talvez na própria reunião você até perceba que encontrou um parceiro para internacionalizar sua solução.

3) Como crio barreiras de entrada contra players internacionais?

Todo empreendedor que já conversou com venture capital deve ter ouvido essa pergunta: "Mas como você vai se defender contra players internacionais já capitalizados?".

Durante quase 3 anos fiquei sem essa resposta, até que fui lá entender direto com esses players quais são os objetivos de cada um.

Nas reuniões, conseguimos compreender onde o Brasil se encaixa na estratégia de cada um. Isso foi fantástico e nos ajudará a tomar as melhores decisões para o nosso negócio.

4) Brasil, o "Underdog"

Outra coisa que já falei (e já ouvi muito também) foi sobre como é difícil empreender no Brasil, porque ninguém quer usar tecnologia, todos querem as coisas prontas e etc.

Sempre acreditamos que nos outros países é tudo mais fácil e o que descobrimos (pelo menos no nosso caso) é que isso não é verdade. Os mesmos desafios que passamos por aqui, eles passaram por lá. Logo, recebemos dicas valiosas de como solucionar vários de problemas. Acredite, é possível!

Passamos por tópicos desde: "Como vocês geram valores para seus clientes", "Como distribuem sua solução?", "Como vendem?", "Como atendem?".

Entretanto, nem tudo são flores. Esteja preparado para compartilhar suas informações também. Assim como qualquer outra reunião, você precisa criar empatia com a pessoa com a qual está conversando. Então, saiba o que deseja compartilhar e vá em frente!

Como mencionei no começo do artigo, se reunir com os maiores do mundo só irá beneficiar você e o seu negócio. Talvez você encontre um parceiro incrível, talvez consiga resolver problemas que está passando, talvez confirme várias premissas que possui ou, na pior das hipóteses, terá aprendido muito e reavaliará o seu negócio. Win-win!

Caso tenha se identificado com alguns dos pontos, existem várias outras dicas que posso compartilhar. Por isso, fique à vontade para me procurar. Terei o maior prazer em ajudá-lo.

Grande abraço,

Felipe Oliva