Quantas vezes o mundo parou para vc?
Raul Seixas - O dia em que a terra parou

Quantas vezes o mundo parou para vc?

Essa noite eu tive um sonho, um sonho de sonhador, maluco que sou eu sonhei...
Com o dia em que a terra parou, com o dia em que a terra parou...
O empregado não saiu pro seu trabalho, pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão, pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender, pois sabia que o ladrão, também não tava lá
E nas Igrejas nem um sino a badalar, pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar, pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar, pois sabia o professor também não tava lá...

Não sei o quanto nosso saudoso Raul entendia do que estava por vir. Na sua sábia loucura, vivemos hoje todos os versos da canção.

Embora muitos estejam nesse momento buscando entender a gravidade e os impactos atuais e os que sucederão quando essa pandemia passar, gostaria de lhes contar uma história da minha própria trajetória profissional.

Quando decidi empreender aos 25 anos de idade, eu e minha esposa iniciamos um projeto, que consistia em uma fábrica de produtos derivados de soja. Na ocasião, eu decidi trocar, numa espécie de "custo de oportunidade", a estabilidade do mercado farmacêutico pelo sonho de ser um empresário. Fiz aquele ciclo... Plano de negócios, busca de investimento, implementação do empreendimento, aprovação das licenças operacionais, nos âmbitos municipal, estadual e federal e por fim, lá estávamos produzindo o tão sonhado produto. Nesse caminho, investimos tudo... dinheiro, tempo, capacidades e até tomamos recursos com pessoas muito próximas e queridas, que mais queriam nos ajudar do que empreender. Viveram o nosso sonho.

início das reformas

Fato é que não decidimos fazer esse negócio da noite para o dia. Minha esposa, dividia um negócio familiar com seu pai e irmão, que resumia-se na venda de produtos refrigerados, representando grandes marcas. O negócio era próspero. Quando casamos o que eu fiz foi ajudar o negócio a se profissionalizar e escalar, de forma, que o volume que estávamos gerando de negócios comprometia a entrega de nosso fornecedor principal.

Fotos do galpão principal.. Depois da reforma inicial

Para termos um volume que justificasse tamanho investimento, nossa estratégia inicial, foi atendermos o mercado institucional. Prefeituras eram nosso maior alvo, uma vez que nosso produto era rico em diferenciais nutricionais que o tornavam único. Com isso, rapidamente saímos de 5 colaboradores diretos, para mais de 100.

O que posso dizer com propriedade é que nos 8 anos em que estivemos nesse empreendimento, vivemos um ciclo de "Covirus" a cada 4 meses, durando em média 60 dias.

Como isso acontecia? Atendíamos as merendas escolares, com ciclos de aula de meados de março a junho (parando as duas semanas finais de junho voltando em agosto) e de agosto até a segunda quinzena de novembro (parando dezembro, janeiro e fevereiro). Essa parada de final de ano, nos custou repetidas vezes, empréstimos para pagarmos em 9 parcelas, não podia passar de 10 porque um empréstimo encontraria o outro, sendo que nenhum deles foi subsidiado ou foi concedido por algum programa do governo, pelo contrário, os bancos nessa época tinham uma sede insaciável.

Pagamos cada parcela, pagamos os funcionários, que embora ficassem em casa 4 meses do ano, recebiam em dia seus salários. Não tínhamos acordos previstos em lei para demissão. A decisão era... Multa de 40% no fgts, rescisão integral e perda da mão de obra treinada, (desembolso imediato e perda de capacidade produtiva futura) ou pagar parceladamente, ver os recursos serem distribuídos mês a mês, sem ter a certeza de como tudo voltaria a normalidade.

Em 90% desse tempo, optamos por deixar os funcionários em casa. Uma visão mais humana. Tínhamos muita responsabilidade social... pensávamos como todos iriam se sustentar sem aqueles recursos. Infelizmente, quando avisávamos os colaboradores que os contratos retomariam, razão do pós férias escolares, nos surpreendemos muitas vezes com pedidos de demissão, isso mesmo, o sujeito ficava 3 a 4 meses em casa, e quando tinha que retornar pedia as contas. A verdade é que já estava trabalhando em outro lugar... Ou então, voltavam reclamando de tudo, do trabalho em si, da jornada... ninguém podia ficar 5 minutos além do horário do ponto.

Em meio a todas essas crises sazonais, passamos pela crise que todo negócio novo passa... pela crise de 2008, de 2010 e encerramos a operação no início de 2013. Somado os anos e ciclos, conto umas 14 paradas de 60 dias.

O que eu quero lhe passar com tudo isso? Você vai sair mais forte dessa! Talvez você verá que essa é mais uma crise que está enfrentando, como outras que já superou.

O caminho é manter a convicção de quem você é, de sua capacidade de superar, da sua condição de filho de Deus. Se mantiver firme nas causas, ninguém conseguirá tirar sua determinação.

Abraço do Maurício!


Allan Moreira

Consultor comercial | S.I.N. Implant System

4 a

... "o consultor não saiu pra vender, pois sabia que o dentista também não estava la...".. No dia em que a terra parou e fez todos pensarem em fazer algo diferente para voltarmos a ser um mundo diferente. #vaipassar

Raphael Santos

Coordenador de compras e serviços logísticos | Cargolift Logística SA

4 a

Que ótima reflexão, obrigado por compartilhar suas experiências. Sim! Esse momento será superado e nosso país vai prosperar.

Leide Pejão

Cirurgiã Dentista Especialista em implantes Gerente de relacionamento na Conexão Sistemas de Prótese

4 a

Momento de crescimento, acredito muito nisso!!! Parabens!!!

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