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Nos tempos dos nossos pais, dizer que se estava há mais de 20 anos na mesma empresa era sinônimo de sucesso. “Ah, olha o fulano, está na firma desde que abriu”. Na época eu não sabia o por que , mas ouvir isso sempre me deu um sentimento de “mas, e o resto?”.
Vinte anos de uma vida é muito tempo para se passar em um lugar só, pensava com meus botões. E mais! Nosso tempo é muito valioso para ser gasto de uma única maneira, né? Afinal, há um mundo inteiro de experiências à nossa espera. Claro que não poderemos ter todas mas, quanto mais melhor (pelo menos, na minha opinião). Além disso, serão esses conhecimentos que tornarão você um profissional e um ser humano cada vez melhor.
Bom, mas, devido ao pensamento arcaico de que ter vários empregadores no currículo é algo ruim, profissionais das mais diversas áreas têm ao longo dos anos se privado do aprendizado que é mudar. E, por outro lado, muitas empresas têm perdido talentos, simplesmente por medo da instabilidade de pessoas que, talvez, “não parem” em lugar nenhum.
Mas, para nossa alegria, o mundo evoluiu e com eles não só a maneira como os profissionais veem as mudanças, mas como as organizações escolhem as pessoas que serão contratadas.
Contudo, sim, eu sei, nem todo mundo tem esse entendimento (ou mesmo opinião) sobre a importância de mudar, mas para quem deseja fazer isso, é preciso compreender porque tememos tanto essas transformações e porque deveríamos fazê-las e admirá-las com mais frequência.
Por que temos tanto medo de mudar?
Como eu disse no começo deste texto, o medo de mudar é algo herdado e muitas vezes ensinado não só em casa, mas nas escolas e nas próprias empresas.
“Vejo que a cultura de assumir riscos é algo raro. O Conformismo é frequentemente premiado como virtude.” Marty Sklar (Vice-presidente e executivo-chefe de Criação da Disney)
Por receio do desconforto que tentar algo novo pode trazer, muitas pessoas acabam se apegando à coisas ruins e suportando-as porque temem que tentar outra direção possa ser algo pior. Esse temor é, muitas vezes, passado pelo que chamamos de “senso comum” ou, em outros casos, direcionado estrategicamente por meio do “paternalismo” existente não só nas relações familiares mas, nos “casamentos” entre funcionários e empresas.
“Walt Disney se perguntava se o ‘senso comum’ não seria outra forma de dizer ‘medo’ e se ‘medo’ com muita frequência não seria fracasso.” ( If you can dream it, you can do it — Se você pode sonhar,pode fazer!)
Em casa
“Nossa, mas esse emprego é muito bom, você tem que fazer de tudo para não perdê-lo.” “Nessa crise, você não pode abrir mão de um emprego. Aguente o que for preciso.” Certamente muitos de nós já ouviu isso dos pais, avós ou tios, afinal, como supracitado aqui, antigamente acreditava-se que ficar muitos e muitos anos na mesma“firma” é, como diria, uma amiga minha, “top da balada”.
Claro que, crescendo vendo nossos pais no mesmo emprego aprendemos e idealizamos tal comportamento como sinônimo de sucesso. Não que não seja, mas sabemos que, muitas vezes, por necessidade, nos submetemos à coisas, pessoas e empregos não tão agradáveis. Mas, as vezes é preciso colocar na balança o que se ganha ficando como se está e as possibilidades de se tentar algo novo.
“Se você não está disposto a arriscar, esteja disposto a uma vida comum”. Jim Rohn
Nas escolas
Até poucos anos, a maioria das escolas tradicionais trabalhava com os alunos um modelo de educação onde deve-se arriscar apenas dentro do “quadrado”. Aqueles que saiam do “perímetro” eram muitas vezes apontados por colegas e até por educadores como aparecidos, atrevidos ou esquisitos. Porque, como sabemos bem, ser diferente daqueles com quem se convive, infelizmente, nem sempre é visto com bons olhos.
As escolas têm preparado-nos para responder ao mundo de forma previsível e a não questionar as coisas (Não sei você, mas já perdi a conta de quantas vezes disseram que eu poderia ir para a diretoria por não concordar 100% com o que os professores passavam. Chata sim!).
“Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam.” Confúcio
Nas empresas
O “medo” é nas organizações colocado de forma direta ou indireta por meio do paternalismo — termo entendido muitas vezes equivocadamente pela maioria das pessoas (é comum a prática ser confundida com políticas de acolhimento).
O conceito está diretamente ligado aos nossos pais, que fazem de tudo para não sairmos debaixo de suas “asas”. Assim, muitas empresas tratam seus funcionários como filhos e criam vínculos nem sempre saudáveis para que estes fiquem sempre ali.
E provavelmente você já passou ou passa por isso. Acredite, são raras as empresas que não praticam o paternalismo e há também aquelas que o exercem, mas acreditam que não.
Mas como isso funciona?
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Pretendo falar mais detalhadamente sobre o paternalismo em outro momento, mas para continuarmos preciso que o termo esteja, pelo menos de forma geral, claro em sua mente. Então vamos lá!
Se você sente que não pode deixar o local onde trabalha porque deve muito à empresa, certamente você está em um ambiente paternalista. Se quando você pensou em pedir ou quando pediu demissão as pessoas em vez de ficarem felizes por você ter conseguido algo que considerasse melhor, passaram a te tratar diferente ( de modo ruim), sinto muito, mas você também está sob as garras do paternalismo.
É importante entender:
Sabe aquele ovo de Páscoa ou peru de Natal que você ganhou da “firma”? Isso não é paternalismo, mas sim política de acolhimento. Afinal, isso não prende ninguém em uma empresa (assim esperamos, né?!).
Agora, sabe aquelas promessas de que se você ficar na organização um dia vai conseguir isso ou te darão aquilo? Isso são artimanhas usadas para te manter sob as “asas” do empreendimento em que você trabalha. O problema é que na maioria das vezes essas coisas não são cumpridas e quando são, tem apenas o objetivo de funcionar como “iscas” para manter os colaboradores “ali”.
Sem perceber, vários profissionais acabam muitos e muitos anos em uma mesma empresas com medo de tentar algo novo.
“Assim como nós, ratos de laboratórios passam a vida correndo em suas rodinhas sem se dar conta que não estão saindo do lugar. É uma corrida sem fim, que faz com que a grande maioria das pessoas desperdice suas vidas em busca de um sonho que não é real.” Nômades Digitais
Se você é bom, não tema ficar desempregado!
Sabe aquela frase “Vá, e, se der medo, vá com medo mesmo!”? É sobre isso que estou falando desde que comecei este texto. Claro que devemos planejar mudanças. Mas, você deve lembrar que as empresas mais modernas procuram pessoas formadas por muitas experiências (Certa vez um conhecido foi tentar uma vaga de emprego fora do país e o contratante questionou o por quê de ele ter ficado tanto tempo trabalhando em um único lugar. Disseram que queriam pessoas com mais experiências).
Arriscar tem que te dar sim um friozinho na barriga, se não você não está arriscando, né?! E é claro que fazer algo diferente tem suas dificuldades, mas pense no quanto isso pode valer a pena.
“Antes de planejar um jardim, você terá que lidar com a sujeira. Mas não precisa estar apaixonado por ela — você está apaixonado pelo modo como a paisagem aparecerá quando o jardim estiver pronto. Você se verá apaixonado pelo que a sujeira lhe permitirá fazer.” ( If you can dream it, you can do it — Se você pode sonhar,pode fazer!)
As empresas precisam das suas experiências!
Não tenha medo de instabilidade! Para muitas organizações pessoas que conseguem mudar muito são peças importantíssimas em qualquer equipe. Afinal, pessoas com experiências variadas,normalmente, têm facilidade em se adaptar a qualquer ambiente (pense na dificuldade que uma pessoa que está há décadas trabalhando do mesmo jeito e no mesmo lugar teria ao ser colocada uma situação diferente da qual está acostumada).
As organizações entenderam que instabilidade em um profissional pode ser bom. São eles que sacodem tudo quando todos estão acomodados. Que mostram o outro lado quando as pessoas estão conformadas em olhar apenas para um direção. Na maioria das vezes, pessoas inquietas podem contribuir mais em um curto período de tempo do que pessoas passivas a longo prazo.
“A cada novo dia devemos alterar a rotina, mudar o caminho e provar algo novo, porque isto afasta o desanimo e desenvolve em nós maior otimismo.” Nelson Locatelli
Lembre-se, por melhor que você seja na sua empresa, você não é uma “árvore” (se bem que até as árvores mudam de lugar hoje em dia). Você é um ser livre para “voar” e aprender cada vez mais, além de permitir que outros aprendam com as suas experiências. O mercado precisa disso e você também!
Ah, só para não esquecer:
Peça demissão mais vezes!
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