A Quinta Disciplina por Peter Senge
Fonte: ACIAP

A Quinta Disciplina por Peter Senge

A diferença entre o pensamento sistêmico e o fluxograma ação e reação.

O livro de Peter Senge discorre sobre a tese do pensamento sistêmico, onde as causas de uma ação qualquer, seja ela na empresa, ou na sociedade, têm consequências mais complexas do que imaginamos. Não existe uma reação única, ou seja, não há apenas dois atores em uma ação, diversas atitudes são externalizadas e estão relacionadas entre si. Portanto a solução de muitos problemas que ocorrem em empresas não são de tal obviedade.

Um exemplo citado é a capacidade de entrega de uma empresa na qual ela não consegue cumprir os prazos de entrega, não suprindo a demanda. A reação imediata é aumentar a área de produção com o objetivo de reduzir o leadtime, entretanto a reação não dá certo, pois o mercado mudou para outro tipo de produto e a demanda caiu drasticamente. Em pouco tempo a empresa ficou próximo à falência, pois tinha realizado um investimento altíssimo no aumento de produção e o resultado foram máquinas ociosas. Dado o senso comum, era óbvio que a ação a ser tomada considerando o gargalho de demanda é o aumento de produção, contudo essa solução não foi a mais adequada.

Outro exemplo interessante é o uso de remédio em pacientes. Quando a pessoa tem constantes resfriados, ela toma um antigripal, porém ela não percebe que o remédio é somente uma solução paliativa para a comorbidade, o que na verdade ela deve fazer é fortalecer seu sistema imunológico de forma proativa e preventiva sem que nenhuma força (doença) faça com que ela tome uma ação. O livro explica justamente isso, que a solução de um problema não é simples e existe um sistema para um determinado problema.

Para os mundos do negócio a obra é fundamental e plausível de ser implementada, principalmente quando o autor retrata os tipos de comportamento que criam as melhores soluções para os problemas, sejam eles grandes ou pequenos. O diálogo franco entre os gerentes, expurgando a politicagem, a coerência estratégica com o compartilhamento da visão em todos os níveis da empresa e a motivação participativa de empregados são fatores de sucesso citados pelo autor.

Resumindo, o autor elenca cinco disciplinas para discorrer no livro: Domínio pessoal, Modelos mentais, Objetivo comum (visão compartilhada), Aprendizado em grupo e Pensamento sistêmico (a quinta disciplina).

A disciplina que eu, particularmente, mais gostei é o Objetivo comum. Entendo que a visão compartilhada entre todos os integrantes da empresa é fundamental para seu sucesso. Entendo também que a visão compartilhada deve, necessariamente, ser simples, ou seja, utilizando o método SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Timeout). Tal estratégia sobre o guarda-chuva do SMART tem o propósito de facilitar o compartilhamento da visão entre os membros da empresa, de tal forma que até o “senhorzinho” que serve o café, saiba onde a empresa pretende chegar.

Outra disciplina que me chamou a atenção foi o Aprendizado em Grupo. O ato de fomentar o aprendizado dentro da empresa auxilia para a disseminação da estratégia e convencimento das pessoas. Para isso é necessário criar diversos grupos que possam discutir, livremente, sem qualquer tipo de constrangimento, soluções com processos ágeis na resolução dos problemas da empresa.  

O processo de geração do conhecimento pode ser dado através de um “estalo”, como por exemplo, os protótipos: Os irmãos Wright no início do século 20 criaram uma máquina que ficou pouco segundos no ar. Derivou-se dessa experiência a indústria aeronáutica, depois de 30 anos aviões comerciais começaram a operar transportando passageiros e mercadorias por todo o planeta, diminuindo a distancia entre as pessoas e o acesso aos produtos. “Estalos” com protótipos são essenciais para guiar as empresas com geração de conteúdo e aprendizados no sentido da resolução de problemas. Entendo que é da conversa onde se deriva as melhores soluções, inclusive o autor se aprofundou ao explicar o significado da palavra diálogo e como as pessoas devem ser comportar afim de extrair as melhores conclusões para os temas. Entretanto penso que o autor deveria ter se atentado sobre o tempo que isso leva, ou seja, o timing que um diálogo tem para derivar conclusões sobre temas problemáticos. O timing deve ser respeitado e a decisão, mesmo que não seja a melhor, deve ser tomada antes que o problema aumente ou não exista solução para tal. Achei que o autor não se aprofundou sobre o leadtime de decisões, isso, em minha opinião, é o mais relevante no processo de gestão de uma empresa.

Acho que todo líder deveria ler sobre A Quinta Disciplina, o livro é rico em detalhes e faz com que não fiquemos somente nas resoluções superficiais. O líder precisa ter a ideia do todo antes de avaliar as situações problemáticas.

Por fim, o livro em geral é bastante didático com exemplos fictícios/reais cerceando a obra por inteira, portanto fica fácil entender a tese do autor, acho que o uso de casos é a forma mais adequada quando se tenta explicar algo. Ele utiliza muitos casos de empresa de TI para explicar sua tese, isso é interessante, pois o mercado de TI possui muitas nuanças que são difíceis de ser previstas. Portanto Peter Senge foi muito feliz ao usar esse setor, na maioria dos casos, para discorrer sobre sua tese. A leitura não é densa, sendo utilizada de uma linguagem fácil para ser compreendida.

 

MARCELO MUGNELA 12/01/2020


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