Samambaias, e um chá Earl Grey

Coluna publicada no Jornal Destak, 05/Setembro/2019

Eu adoro comer marshmallow. É aquele doce fofinho, colorido, em formato de espiral, parece um pedaço de doce retirado de história infantil. É uma das maravilhas da cozinha moderna, e do meu ponto de vista, um dos maiores exemplos da industrialização dos alimentos.

Veja bem, parece um pedaço de isopor comestível. Atualmente existem diversos tipos de coisas estranhas para comer, e vou lembrar algumas delas aqui. Doce revestido com papel folheado a ouro, copos e talheres de banana com farinha totalmente comestíveis, adesivos com diversos sabores, móveis que podem ser degustados.

Nos contos de fadas, João e Maria encontraram a casa da Bruxa dos Doces, cheia de doces para comerem. Ela engordava as crianças, para depois as cozinhar e comer. Fato é que desde antigamente, as pessoas querem fazer objetos comestíveis.

Essa semana eu comi um hambúrguer de planta. Isso mesmo, um hambúrguer feito de plantas, com ingredientes naturais, que realmente parece ser de carne. A curiosidade é que a indústria quer levar outros tipos de alimentos, para os carnívoros. Por que não simplesmente chamar de hambúrguer de planta? Porque não é um termo convidativo para os consumidores.

Mas alguns fatos são muito interessantes. A indústria do fast food movimenta 400 bilhões de reais, e milhões de lanches todos os dias. Eu, como um geek raiz, acredito que essa possa ser uma das portas para a questão da sustentabilidade, e proteção dos recursos naturais do planeta. Imagine se todas as redes de fast-food começassem a criar alimentos alternativos à proteína animal, alimentos desenvolvidos em fazendas totalmente sustentáveis, com sabor dos lanches atuais? Com certeza você iria consumir este lanche muito feliz, inclusive elogiando a textura e o sabor.

Mas como seria possível ajudar na conservação do planeta? Essas fazendas mega automatizadas, com diversos robôs e processos, trabalham sob alguns métodos e processos de sustentabilidade. Se um produtor ilegal iria consumir recursos naturais sem controle, essas fazendas sustentáveis "pagam" pelo CO2 consumido, seja plantando florestas, seja comprando crédito carbono.

Eu imagino um dia, onde teremos diversos alimentos industrializados, como as pípulas que astronautas consomem atualmente, porém totalmente naturais, livres de gordura trans, livre de colesterol, de proteína animal, caso essa seja a sua opção. Imagino um dia em que não pediremos um Whopper duplo, mas sim um "combo 2". Se ele vem com carne, com samambaias, ou legumes, não importa. O que vale é o sabor característico do lanche. Parabéns Burger King, adorei o lanche!

Aguardo também ansiosamente, o replicador de comida de Star Trek. Que delícia seria tomar um chá Earl Gray, com o Jean-Luc Picard.

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