Sempre que choveu, parou...

Sempre que choveu, parou...

Tem sido assim desde sempre, e continuará sendo. E, no entanto, visualizamos o mundo a partir da perspectiva do momento: crises são vistas como intermináveis, bonanças são consideradas eternas. A lógica natural das coisas, entretanto, é, no mínimo, cíclica, na essência, dinâmica. 

Não há mal ou bem que durem para sempre. A impermanência das coisas é a regra inexorável para todos os aspectos de nossa vida. 

Hoje temos um momento crítico de nossa república tão resiliente a intempéries, inconsistências e incompetentes. 

Momentos presentes são compreendidos a partir da análise histórica do passado. É fato que não tivemos grandes lideranças nacionais capazes de construir os fundamentos produtivos, sociais e institucionais para uma trajetória sustentável ao longo de décadas. Falhamos repetidamente.

Nossa Independência foi liderada por um estrangeiro, viabilizada com o financiamento da dívida pública lusitana como contrapartida e apoiada por um acordo leonino com a monarquia britânica. Nossa República foi proclamada por um velho marechal doente, sem engajamento da nação e sem voto popular, para então servir de barganha entre as elites agrárias. Nosso Estado Novo já impunha uma ditadura após menos de cinquenta anos de vida republicana. Tivemos poucos anos de crescimento entre os anos 1950 e 1960, para já iniciarmos nossa aventura militar por duas décadas. Nosso primeiro presidente eleito na volta democrática perderia o comando dois anos depois. Nossos poucos anos serenos de reconstrução foram rapidamente destruídos por um projeto populista e tirano de poder.

E assim temos vivido durante décadas e décadas, onde os amigos do poder conseguem privilégios por vias republicanas ou não, onde massas populares são atraídas por pão com mortadela, onde o servidor público perde o respeito da população, onde a classe política se tornou uma coisa amorfa e imoral, onde empresários e famílias são massacrados por carga tributária, por descaso social e por instabilidade institucional.

Hoje, domingo, 17 de abril de 2016, é o dia da votação do Impeachment da Presidente da República. Não é uma data corriqueira para todos que participam da democracia e da cidadania. É, possivelmente, a data histórica para o rompimento com o projeto irresponsável e totalitário do PT e afins. E, mesmo assim, desperta nossa atenção a completa falta de lideranças novas no quadro político fragmentado, desmoralizado e fisiológico que se formou no Brasil. 

É claro que toda grande jornada inicia-se com nossa própria transformação e com passos iniciais. Observar Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski nas lideranças das principais instituições apenas nos indica o quanto precisamos avançar.

Mas, como causa e consequência desse caos político, temos problemas estruturais que comprometem significativamente nossa capacidade de reação para um novo ciclo de crescimento: 
i) competitividade internacional; 
ii) produtividade industrial; 
iii) solidez financeira; 
iv) estabilidade institucional; 
v) arcabouço tecnológico-educacional.
Nosso tempo e intelecto deveriam estar dedicados a esses temas.

Felizmente ou não, após todos os domingos, chega uma segunda-feira.

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Daniel Augusto Motta é Doutor em Economia pela USP, Mestre em Economia pela FGV-EAESP e Bacharel em Economia pela USP. É Sócio e Presidente Executivo da BMI Brazilian Management Institute. É Membro-Fundador da Sociedade Brasileira de Finanças. É Membro do World’s Most Ethical Companies Advisory Panel. É Professor de Economia, Estratégia e Liderança na Thunderbird School of Global Management e Fundação Dom Cabral. Foi Professor de Pós-Graduação pelo Insper, FGV, ESPM e PUC-SP. É autor de diversos artigos publicados pelos jornais Valor Econômico e Folha de São Paulo, e também tem três artigos publicados pela Harvard Business Review Brasil.

Elizabeth Peart

Medical Devices Distribution in Brazil and Board Member

8 a

Se eu pudesse escolher um único caminho para o Brasil, escolheria educar cada criança, cada adolescente.

Brewster Waddell

CEO Principal at Participation Designs, formerly THWaddell Designs - Entrepreneur Philanthropist - Mentor

8 a

Oi Daniel, concordo com voce. O histórico politico no Brasil nao e positivo para o povo Brasileiro. Mais nao esqueca que o povo Brasileiro tomara a decisão do que acontecera no Brasil. Tenho muita confianca en isso...

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