Somos pessoas e não máquinas

Somos pessoas e não máquinas

No mercado de trabalho muitas vezes fomos “educados” a não falar sobre os nossos sentimentos ou vulnerabilidades. A deixar a vida pessoal sempre da “porta para fora” do ambiente empresarial. Um bom funcionário é aquele que sabe separar o que vive na vida pessoal e o que vive na sua vida profissional. 

Mas será que não foi esquecido que somos pessoas e não máquinas? 

Talvez, se todos funcionassem como um programa de desenvolvimento de software, seria tão fácil quanto escrever uma nova linha de código tirar os sentimentos ou deixar as vulnerabilidades de lado, quando se está trabalhando. Mas não é. Não podemos ser programados ou reprogramados. 

Na entrevista que postei semana passada com a Claudia Roberta, durante um momento da conversa tocamos no assunto: vulnerabilidade. Essa palavra que é tão falada mas ainda tão pouco exposta. Claudia fez um recorte de uma de suas vivências no trabalho onde mesmo no papel de gestora, vivendo uma situação difícil na sua vida pessoal, escolheu compartilhar isso com os seus liderados. Essa sua atitude de se demonstrar vulnerável criou laços de empatia, acolhimento e principalmente de um olhar humano. 

Quando passamos a enxergar uma pessoa como uma pessoa no ambiente de trabalho, conseguimos entender mais os porquês de determinadas atitudes, decisões ou falas. 

Um grande problema de não nos demonstrarmos vulneráveis no ambiente de trabalho é que além de não criarmos conexões e entendimentos mais profundos sobre nós, sempre fica uma falsa ideia de que temos que saber tudo e não podemos errar em nada. A consequência da falsa percepção de que todos têm as respostas e sabem de tudo é a falta de um ambiente confiável. 

Vamos imaginar… 

Como é que eu vou perguntar algo para o meu líder, se nenhum dos meus colegas perguntam? Ou como é que eu vou dizer que não sei, se eu sou o gestor. 

Essas perguntas que com certeza já se passaram na mente de muitos que lêem este artigo, faz gerar um ambiente de competitividade e medo. Medo de errar, medo de dizer que não sabe, medo de represálias.  

Demonstrar a vulnerabilidade no ambiente de trabalho é dizer que não está bem por algum problema pessoal, é tomar alguma atitude errada e pedir desculpas, é dizer que não sabe ou não tem certeza de algo, é perguntar e pedir ajuda. 

As empresas cada vez mais precisam entender que ao contratar pessoas, estão lidando com pessoas, e cada uma dessas pessoas terão desafios pessoais, dúvidas ou dificuldades diferentes. 

Não dá para separar o que eu sinto em casa do que eu sinto no trabalho. Se alguma pessoa que trabalha com você estiver passando por um desafio pessoal, procure entender se ela quer conversar sobre. Se alguma pessoa que trabalha com você estiver com dificuldade em alguma atividade, demonstre que está tudo bem dizer que não sabe e a ajude no que for possível. Se alguma pessoa que trabalha com você estiver com receio de pedir ajuda, incentive pelo exemplo e peça ajuda você também. 

Não vamos esquecer que um dos maiores benefícios de trabalhar com pessoas são todos os desafios e complexidades que as relações podem trazer para a evolução da empresa e da equipe.

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