Um Episódio na Vida de Uma Executiva
Lourdes Rosalem
Mentora de Carreira | Palestrante | Idealizadora do Clube do Livro: Entre Páginas | Escritora |@LourdesRosalem
Eu tinha 52 anos quando fui nomeada Diretora de Recursos Humanos em uma Empresa de 120.000 colaboradores sem ao menos um dia sequer ter pensado em alçar voo tão alto.
Eu tinha um dos cargos mais altos que uma mulher já tinha chegado naquela empresa.
Até então, ser Diretora, era uma oportunidade somente para os homens.
...e, de um dia para outro eu era a Diretora de Recursos Humanos.
Nomeação improvável por 2 razões – ser mulher e sem nenhuma indicação política.
Tomei posse.
Minha sala era muito ampla, com muito conforto, muitos assessores, um assessor executivo que era como vice diretor.
Minha autoestima estava tão elevada quanto o medo que me tomava conta.
Estava sendo odiada por muitos que esperavam ocupar essa posição e eu sabia a grande pressão que sofreria principalmente nos primeiros tempos.
Porque fui nomeada? Estava no lugar certo na hora certa, além, logicamente, do meu histórico profissional.
No dia seguinte seria o meu primeiro desafio – reunião colegiada de Diretoria – 5 Diretores homens, o Presidente, o Chefe de Gabinete e a assustada Lourdes.
Como era minha primeira reunião, considerei que estaria numa posição um pouco confortável, de observadora, e que seria poupada de dar opiniões mais desafiadoras. Puro engano!!!
A primeira decisão posta na mesa, pelo presidente, para discussão, envolvia a Diretoria de Recursos Humanos e fui a primeira a ser solicitada a dar opinião. Opinião esta que seria colocada em votação.
Só fui capaz de balbuciar um “Eu primeiro Presidente”?
Naturalmente essa frase saiu com um som gutural. Eu estava literalmente pálida de medo de expor minha opinião de um assunto político que eu ainda não dominava.
No final da reunião, tudo foi resolvido a contento.
Mas eu estava enraivecida e furiosa com a minha atitude.
Havia deixado transparecer a falta de segurança das minhas certezas e falta de capacidade.
Nesse momento entendi que o medo que eu sempre carreguei comigo – medo da autoridade – veio à tona.
Entendi que toda a experiência e conhecimentos vividos ao longo dos anos e que me oportunizaram boas promoções, me paralisaram diante de homens que eu considerava poderosos, embora agora, eu estivesse na mesma posição que eles.
Posição esta que eu havia conquistado por mérito.
Depois de muita reflexão, entendi que a minha opinião era tão importante quanto a de todos eles e que, além das minhas contribuições técnicas, o meu comportamento seria essencial:
não ficar me desculpando por não dominar totalmente o assunto...
sem infantilismo ou querer algum privilégio por ser a única mulher...
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tom de voz correto e firme...
Atitudes estas que eu via e continuo vendo em muitas mulheres.
Aprendi logo nos primeiros dias que eu poderia sim aceitar o poder que me fora dado.
Aceitar sim que inconscientemente eu queria estar naquela posição, tanto que batalhei pela minha ascensão profissional durante toda a minha carreira.
Sempre fui muito ambiciosa nesse sentido.
Entendi que não podia ser ambivalente – querer o poder mas negá-lo.
Aprender a falar em público com autoridade foi uma arte que fui buscar de imediato para ter uma voz que soasse confiante e que ninguém duvidasse de mim.
Aprendi também que, olhar nos olhos das pessoas numa conversa me tornaria mais forte e potente. E confesso que ganhei algumas “batalhas” com essas mudanças. Eu era muito suave.
Outra atitude simples, até boba é prestar atenção em algumas atitudes masculinas, como por exemplo:
...os homens servem agua e café uns aos outros?
Se sim, pode também fazer isso eventualmente.
...eles não fazem? Não faça também.
Porque no fundo é isso que as mulheres fazem. Mulheres sentem um grande conforto e prazer em serem gentis.
Mudar as nossas atitudes significa que devemos pagar o preço e correr o risco de pensar e agir de modo diferente.
E outro dado importante!!
Reavaliar diariamente atitudes e comportamentos. O que acertou e o que errou.
Conhecer comportamentos e atitudes é fundamental para uma carreira bem sucedida.
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