A cultura das esquivas corporativas tem que acabar
Quando eu coordenava uma equipe em uma das empresas de comunicação em que atuei, comecei a notar que pessoas o tempo inteiro respondiam e-mails com o objetivo de se esquivar-se de alguma responsabilidade, tarefa, culpa ou demanda que vinha.
Todos que já trabalharam em empresas grandes sabem do que eu estou falando: Você recebe aquele e-mail com um monte de gente copiada e um farejador de culpados. E sabe que precisa responder para não correr o risco de que toda aquela situação se volte contra você. É um empurra-empurra interminável numa thread que dá até medo.
A cultura do “tirar o seu da reta” - como bem descreve meu avô - é realmente endêmica em todos os níveis de uma empresa. Desde o mais alto escalão até o mais simples, toda caixa de e-mails se resume em tentar garantir que não seja o único responsável por prováveis fracassos, incertezas recorrentes ou protagonistas de projetos com resultados ruins.
O cenário que favorece o tal “dibre” compulsivo
Quando era gestor de uma time, sempre gabei-me de fazer da com que minha mesa fosse um lugar em que todos podiam falar sobre qualquer problema que estejam enfrentando, desde desentendimento entre colegas até descontentamentos com a empresa. (Todo gestor adora repetir isso como um mantra, mas não é bem assim que funciona no dia-dia, não é?)
Com o tempo, comecei a notar que minha sala, aos poucos, havia tornado-se em algo como um confessionário de pecados, uma espécie de muro das lamentações, e, por vezes, até mesmo uma sala de interrogatórios atrás de suspeitos. A sala do chefe não pode ser nenhum dos três ambientes.
A cultura de sempre passar a bola para frente em empresas com muitos gestores é realmente um dos grandes problemas de organização, por isso, na época, tive que criar um mecanismo para me ajudar a construir junto deles uma ideia de que as responsabilidades por algumas coisas pode ter donos, mas a saída viavel para amenizar é tarefa de todos.
Como transformar possíveis culpados em agentes de mudança
O único jeito que encontrei de diminuir este costume de fugir foi criar uma nova mentalidade que favorece o hábito de deixar para trás a ideia de “caça as bruxas” para converter num plano de contingência conjunta, isso gera não apenas um novo entendimento sobre a necessidade da colaboração entre si, como também gera um banco de dados coletivo para construir uma inteligência preditiva capaz de evitar com que os erros voltem a surgir por todos.
É mais que um método de ocultar culpados, mas de gerar blindagem coletiva. A ideia não é deixar de responsabilizar pessoas que tenha tomado atitudes equivocadas, mas sim, criar um ambiente em que o erro gere maturidade para todos.
Quando buscamos apenas punir pessoas, as colocar como exemplos negativos, a colocar sobre ela toda a autoria prejudicial estamos utilizando a metodologia para sufocar futuras boas iniciativas, e com isso matando a coragem da inovação ainda no berço da ideia. Pessoas que tem medo de serem punidas não agem em direção da mudança inovativa, mas se escondem atrás de uma cultura de poupar-se.
Claro que existem erros fatais para negócios e que não podem simplesmente passar em branco, mas quando estamos mais focados em criar uma ambiente de crucificação por erros, estamos, na verdade, favorecendo o acovardamento do time diante de assumir responsabilidades maiores e mais produtivas.
Mude a cultura e ganhe aliados
A minha recomendação para você é que ao invés de criar uma sequencias de e-mails tentando encontrar responsáveis para retirarem satisfação de algo com eles, preocupassem em fazer com que senta-se autores e agentes de uma mudança, incentive outras pessoas a juntamente contigo buscarem os prováveis causadores principais de erros, as motivando serem executores de um plano de contigência eficiente para aquela situação.
Os e-mails de autopreservação têm que ser trocados por e-mails mais propositivos. A cultura da esquiva é prejudicial não somente para a relação entre pessoas, que ficam cada vez mais competitivas, rancorosas umas com as outras e com o senso de justiça abalado, mas também não foca naquilo que é importante: Resolver aquilo que precisa ser resolvido.
Para que haja realmente uma maturidade corporativa, trate de trocar a sua comunicação de perseguição, de buscar uma pena ou uma correção pessoalmente drástica por uma linguagem de uma rede de respostas viáveis as dificuldades que acontecem ou que possam surgir.
No meio de um tiroteio, não importa quem acertou quem, mas quem vai encaminhar os feridos para o hospital mais próximo e garantir que eles sejam salvos. É isso que deveríamos pensar como gestores, colegas e funcionários de uma mesma organização dentro do mundo corporativo.
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Consultora em Hemodiálise
5 aMuito bem descrito!
Administrador
5 aBelo texto. Nada como a cultura do medo para ceifar a criatividade e conter a inovação.
Analista de Estratégica de Dados | Data Analytics | Business Analytics | Inteligência Corporativa | Indicadores de Desempenho | Dashboard | Excel | Power BI | KPIs | Relatórios Gerenciais
5 aÉ possível notar que quando há falha de comunicação, todo o processo se deteriora ao nível de enclausurar às pessoas em seu círculo de defesa. São suscetíveis os fatos que levam ao acontecimento do artigo narrado e vivenciado por muitos, mas nenhum - talvez - se equivale a falta de comunicação "física"/interpessoal.
Relacionamento Comercial | Executivo de Vendas B2B | Marketing | Analista de Negócios | Sales Development Representative - SDR | Itajaí SC
5 aMuito bom! Vc escreveu sobre uma realidade corporativa. O gestor que procura quem errou, realmente cria um clima de "caça ao erro", o que não edifica em absolutamente nada. Bem pelo contrário, empobrece. Mas não ficou bem claro como fazes na pratica pra mudar isso.
Supply Chain | S&OP & Distribution Planning Hispanic LatAm
5 aJose Carvalho, leia este artigo.