Uma nova crença
A humanidade é gregária.
Herança evolutiva, somos descendentes diretos dos que se uniam. Os que ficavam sozinhos, há muito viraram presa de algum animal mais dotado fisicamente. E junto com este pendor, temos o privilégio do intelecto e da consciência. O ser humano é o único que sabe da morte. Os outros, simplesmente morrem. Junto com esta faculdade veio uma capacidade de construir narrativas e, diante do novo, do inesperado, do desconhecido, um sistema de crenças que se encaixou como uma luva na lógica da comunidade: juntos por algo maior que nós mesmos.
Desde os escritos hieroglíficos tentamos produzir narrativas que documentavam e ensinavam a história vivida.
Das tribos passamos para as sociedades e o nascimento das religiões. Não nos unimos somente por questões geográficas, de raça, mas sim, também por credo.
A sofisticação da sociedade trouxe o estado e diferentes formas de organização. Obviamente nada era simples, fácil, ou trivial. O mundo foi bárbaro, conquistador e conquistado. A guerra era normalizada como forma de crescimento, poder ou simplesmente sobrevivência.
O mundo foi mais ou menos assim até a industrialização, a formação de uma burguesia, o comércio ganhando escala, nascem diferentes modelos econômico-sociais.
A humanidade começa a ter um novo sistema de crenças baseado em modelos políticos, sociais e estruturais. Novas crenças, somadas às religiosas, geram divisões inéditas. Diferentes estruturas, com diferentes crentes.
O fim da Segunda Guerra Mundial no meio do século XX realinhou as coisas. O que era certo ficou convencionalmente claro e o que era errado ficou claríssimo. Nasce o conceito de multilateralismo, o estado do bem-estar social. Você tem a possibilidade de ter uma posição política diferente, mas em termos morais há uma clareza do que é certo e errado.
Guerra Fria, modelo econômico = divisionismo político = divisionismo social = paranoia = escolha a sua crença. Nasce a cultura jovem. Novos códigos geracionais. A guerra do Vietnã e a expansão da mídia trazem uma nova complexidade. A primeira guerra televisionada tira o controle da narrativa do poder estabelecido e joga a opinião na mão das pessoas: "No more war".
Esquerda e direita. Cai o muro, cai o sentido.
Um salto: a internet e as redes sociais. Grandes sistemas de crenças são colocados em cheque. O certo e o errado tornam-se menos claros. A era da pós-verdade bagunça tudo e as pessoas passam a funcionar em um sistema de crenças baseado no particular, nem sempre na realidade, e com base na identificação do grupo, e não em fatos. A minha verdade pode ser diferente da sua. Pode?
O mundo se divide. Direita e esquerda ganham novos significados: tradição e conservadorismo x aceitação e abertura. Mas também não é bem assim. Ambos os lados radicalizam a seus favores. Falta o TAO, o caminho do meio.
E vivemos a era das narrativas. A aldeia global, que conecta a fofoca, que era antes atomizada, ganha escala planetária e domina os smartphones. "Sua" verdade é mais importante do que a realidade. Fake news, deep fake, conectam pessoas que buscam a conexão com o grupo. Acima da compaixão, da empatia, do intelecto.
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Guerras eclodem. As narrativas movimentam o certo e o errado. A humanidade balança junto: tome um lado, além da humanidade. Os grandes sistemas de crenças não existem mais. A autoanálise e o questionamento também não. Somente o desejo de fazer valer sua visão alinhada à do grupo que te dá o maior conforto.
Precisamos de uma nova crença. Focada no que há de melhor em nós mesmos.
E aqui vai uma proposta:
Se somos capazes e geniais para desenvolver sistemas sintéticos que promovem um salto evolutivo de empoderamento e produtividade, por que não pensar em uma forma de desenvolver uma nova crença, ou um novo sistema, que sejam baseados em:
Verdade
Empatia
Compaixão
Humanidade
Equidade
Juntos criamos coisas inacreditáveis. Sozinhos construímos divisionismo.
E com a máquina? Será que conseguimos resolver este impasse?
Vamos colocar a IA para trabalhar com as mentes das pessoas que estão desconfortáveis com o estado das coisas, e abraçar novos olhares, novas leituras, criticar o que nos parece errado, lembrar do que é certo. E espalhar um novo sistema de crenças alinhado com o que nos une, e não nos divide. Acabar com a visão do meu lado e seu lado e buscar o nosso lado.
Evoluímos porque nos juntamos e acreditamos. Talvez seja a máquina que vai nos ajudar a retomar o passo.
Co-fundador da Aluz Aceleradora Comercial | Automatização | Social Selling | Outbound | Copywriter | Aceleração comercial
9 mInteressante, Rodrigo
Diretora de Redação na Capital Aberto
9 mÉ isto Rô. Lendo, me veio à mente a importância de darmos um passo atrás (seja lá o quer isto significar rs) para conseguirmos uma melhor visão deste big big picture. É isto !!!
Sr. Creative Strategist @ oito.ag
9 mDemais!