Uma palavra vale mais que mil imagens
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Uma palavra vale mais que mil imagens

“As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo.” Ludwig Wittgenstein

No mundo das “selfies”, “lives” e outros recursos de promoção de imagem, os vídeos caseiros proliferam e, muitas vezes, os efeitos dessa autopromoção causam mais prejuízos que benefícios à imagem do profissional, da empresa ou do serviço que se queira promover. Por isso, deliberadamente subverti o titulo do artigo para colocar a atenção na importância do uso da nossa linguagem.

Não, não é sobre semiótica ou um tratado da filosofia da linguagem. Apenas algumas dicas importantes para quem se candidata a uma vaga de emprego.

Em processos seletivos, tem sido muito corriqueira a solicitação de vídeos de autoapresentação aos candidatos às vagas de empregos. Tal medida visa encurtar distâncias geográficas, personalizar e acelerar o processo de escolha, além das imposições atuais de isolamento físico de tempos de pandemia.

Tenho assistido a várias produções caseiras que circulam pelas redes sociais. Ouço expressões que chegam a causar desconforto e doer nos ouvidos daqueles que têm algum respeito pelas normas gramaticais do idioma materno. Mesmo admitindo a espontaneidade dos candidatos e a informalidade da língua, que é um organismo vivo, portanto mutável, sujeito às interferências socioculturais e geográficas, alguns termos mal-empregados podem produzir um efeito negativo e causar uma impressão bem desagradável. O cuidado deve ser redobrado especialmente em seleções profissionais e em ambientes mais formais, que exijam a demonstração de algum domínio das formas de comunicação e expressão.

Com relação à linguagem falada ou escrita, sempre é bom lembrar que as formas de expressão revelam o nível de educação formal, a sofisticação na elaboração do pensamento, a habilidade de construção e decodificação do raciocínio, em suma, a forma como a pessoa pensa e toma decisões. Estas são apenas algumas das qualidades bastante requisitadas para quem deverá liderar pessoas, identificar e resolver problemas de uma empresa.

A maneira como o profissional se expressa em linguagem escrita ou falada é também um indicador importante de suas competências relacionais. Basta lembrar o poder que uma boa conversa e um bom argumento têm na resolução de conflitos e no engajamento das equipes para alcance de objetivos organizacionais. Do mesmo modo, opostamente, quão destruidora pode ser uma palavra inadequada ou um feedback mal elaborado.

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A linguagem é, sobretudo, uma ferramenta de interação pessoal e construção de significados e, como tal, precisa ser bem cuidada para produzir os efeitos benéficos em todos os envolvidos nessa dinâmica, e impactar positivamente contratantes, líderes, liderados, pares, clientes seja presencial ou remotamente.

Convém ressaltar que os excessos devem ser evitados. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Também não fará bem o uso de uma linguagem empolada, excessivamente rebuscada ou frases com ornamentações linguísticas que remetam ao século passado. A atualização do vocabulário é igualmente sinônimo de evolução.

Evidentemente que um especialista em construção de imagem e produção audiovisual poderá dar suporte profissional e ajudar a criar material de qualidade, mas ficam aqui algumas sugestões bem simples para se considerar na formatação do conteúdo de autoapresentação em vídeo e candidatura às vagas de emprego:

1.      Cuide dos equipamentos e ambiente: certifique-se de que, no momento da filmagem, o ambiente interno esteja bem iluminado, protegido de ruídos, com algum isolamento acústico ou menos sujeito aos sons causados por fatores externos. Posicione a câmera do celular na horizontal, de preferência.

2.      O fundo da imagem é importante, pois faz parte do ambiente onde você se apresenta. Ele também comunica algo a seu respeito. Evite que a atenção de seu interlocutor seja desviada para o periférico e não se fixe no essencial, VOCÊ;

3.      Conteúdo: Discorra sobre quem é você, suas credenciais, sua trajetória profissional, sua formação, especializações e objetivos de carreira narradas em ordem crescente. Elabore antecipadamente um pequeno texto e treine para memorizar, se necessário. Administre o tempo e a ênfase que quer dar ao conteúdo. Atente para as orientações do contratante, as perguntas e solicitações feitas que devem constar na apresentação. Treine, treine, treine;

4.      Linguagem não verbal: sim, o corpo fala e muito. Atenção especial para as expressões faciais, gestos e posição corporal, faça contato visual com sua audiência – olhe diretamente para a câmera;

5.      Linguagem falada: utilize uma linguagem clara, direta, amigável e construtiva; evite jargões, expressões herméticas, gírias, vícios de linguagem ou excesso de informalidade. Afinal, você está num processo de seleção! Correção gramatical importa!! Não subestime;

6.      Entusiasmo conta: Observe a energia que você coloca na sua fala. O tom de voz, o ritmo e SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO! :-)

7.      Atente ao perfil da vaga: ao candidatar-se, é importante que demonstre a consistência entre a descrição das exigências do cargo e suas experiências; faça conexões breves com elas. Crie interesse na sua audiência.

8.      Administre o tempo: Normalmente, um vídeo de 2 a 3 minutos é suficiente para a autoapresentação. Exercite a capacidade de síntese. Vídeos muito longos podem ser cansativos e provocar desinteresse. O contratante costuma estabelecer o tempo máximo de produção. Atente-se para isso;

9.      Vestimenta: Aposte no básico, formal, a menos que você conheça o dress code da empresa a qual se candidata. Siga o dress code, se conhecer;

10.  Peça ajuda: Isso mesmo! Submeta o seu vídeo a alguém que possa fazer uma crítica construtiva e ajudá-lo a melhorar, se for o caso. A internet também tem muitas fontes; selecione aquelas de boa reputação. Uma opinião qualificada e bem intencionada pode trazer melhorias na sua produção e auxiliar na conquista de seus objetivos.

Pense nisso. Sucesso!!

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“A língua... é uma ponte que te permite atravessar com segurança de um lugar para outro.” Arnold Wesker



Gisele Marconi

Coach Executivo e de Equipes | Consultora no Desenvolvimento de Lideranças | PCC - Professional Certified Coach by ICF

3 a

Vera Lúcia Delatorre Peres que contribuições positivas!! Muito bom, adorei!!!

"media training" preciso e cirúrgico! e de quem sabe bem o que diz. cumprimentos pelo oportuno artigo Vera Lúcia.

Verinha que saudades das nossas conversas, da inteligência nos atendimentos e do cuidado que tínhamos uns com os outros. Texto preciso, muito pertinente e, infelizmente, com conteúdo cada vez menos presente no nosso dia a dia. Beijos querida.

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