VIDA: DAR SENTIDO AO QUE NÃO TEM SENTIDO

VIDA: DAR SENTIDO AO QUE NÃO TEM SENTIDO

Há tempos, ecoa pelos ventos a expressão “dar sentido ao que não tem sentido”. Sempre me pego refletindo sobre isso. Sabe quando uma frase gruda na mente como uma melodia que se repete? Pois é, foi assim comigo. Pensei no filósofo que jogou essa ideia ao mundo – e logo me veio à mente Jean-Paul Sartre, o pai do existencialismo. Para ele, a vida é esse campo vasto, sem um manual, sem um propósito definido. Cabe a nós, viajantes da existência, desenhar os mapas, escolher as rotas e dar nome às estradas.

Sartre diz que, mesmo sem um sentido intrínseco, temos a liberdade e o dever de criar o nosso próprio significado. É como se a vida fosse uma tela em branco, e somos nós que seguramos o pincel, pintando os nossos dias com as cores que bem entendemos. Já o mestre Albert Camus, na sua obra O Mito de Sísifo, reflete sobre o “absurdo” da vida. Ah, o absurdo! A busca incessante por sentido em um universo que parece seguir indiferente às nossas perguntas. Mas Camus nos oferece um antídoto para o absurdo: que criemos sentido a partir de nossas próprias experiências, que sejamos artesãos da nossa história.

 E então, eis que surge Joseph Campbell, rindo nas entrelinhas e dizendo: “A vida não tem sentido? Ah, mas é claro que tem!”. Para Campbell, somos nós quem trazemos o significado, cada um à sua maneira, em seu tempo. E eu? Bem, acredito que a vida é cheia de perguntas, mas por vezes a resposta já está conosco. Criamos nosso sentido ao dar vida às nossas escolhas, às nossas experiências, e ao jeito único que cada um de nós tem de pintar esse quadro que chamamos de vida. Afinal, não seria um desperdício perguntar quando a resposta já mora em nós?

VIDA E SENTIDO: A DANÇA ENTRE O VAZIO E A CRIAÇÃO

Ah, o tal “vazio existencial”. Soa pesado, não? Mas vamos olhar com outros olhos, ou quem sabe, com um sorriso no rosto. Você já ouviu falar daquele momento em que a gente sente que tudo está meio sem cor, como se a vida fosse uma pintura borrada? Pois é, alguns chamam isso de vazio existencial. Mas será que o vazio é tão terrível assim?

Para muitos, essa sensação é quase como um chamado, um convite para mergulhar fundo nas grandes questões da vida. Sabe quando você se perde em pensamentos sobre a liberdade, a finitude, ou a busca incessante por felicidade? Aqueles momentos em que o barulho do mundo parece se silenciar, e o que sobra é um eco de perguntas: “O que estou fazendo aqui? Qual o propósito de tudo isso?” E aí, entre uma reflexão e outra, surge aquela dúvida, aquele desconforto: “Será que a vida tem mesmo sentido?”

O engraçado é que muitos dos que mergulham nesse mar de questionamentos são pessoas profundas, reflexivas, que não se contentam com respostas rasas. Eles percebem as incoerências do mundo, enxergam além da superfície. Mas, às vezes, nessa busca incessante, acabam sendo engolidos pelo próprio vazio. Um vazio que, ironicamente, a sociedade parece alimentar com suas mensagens de satisfação imediata, de valores individuais e de prazer a todo custo.

E então, temos os que navegam nessa busca pelo prazer, como se fosse um remédio temporário para preencher o que falta. Mas, na verdade, será que o prazer, por si só, consegue tapar os buracos que o vazio deixa? A vida não é só sobre preencher lacunas. É sobre encontrar, criar e recriar significados.

Muitos acabam prisioneiros desse ciclo de busca e frustração. E quando nada parece suficiente, o vazio pode levar a um estado de angústia, uma espiral descendente que, em alguns casos, chega até a depressão. Mas, veja bem, há sempre uma saída. Como disse o filósofo Viktor Frankl, não é o sofrimento que define a vida, mas a forma como lidamos com ele. Ele, que sobreviveu ao horror dos campos de concentração, encontrou o sentido no meio do caos. E nos deixou uma grande lição: o sentido da vida não está no que recebemos do mundo, mas no que damos a ele.

Então, em vez de temer o vazio, por que não abraçá-lo como parte da jornada? Por que não olhar para ele como uma tela em branco, esperando pela nossa arte? Afinal, o vazio só existe porque podemos preenchê-lo. Seja com novas perspectivas, novos projetos ou, quem sabe, com aquela ideia maluca que você sempre quis tirar do papel. O importante é lembrar: o sentido da vida é algo que criamos. E nisso, meus caros, reside a beleza de estar vivo.

O Vazio Existencial e a Ciranda da Vida

Ah, o tal vazio existencial. Parece que, em tempos modernos, ele tem visitado muita gente. É aquele sentimento que, de repente, toma conta de nós, fazendo parecer que a vida perdeu o brilho, o sabor, a cor. O que antes fazia sentido, agora não faz mais. Tudo soa desconexo, como se estivéssemos caminhando por uma estrada sem fim, sem direção. Mas será que é mesmo assim, tão dramático?

Pois bem, muitos dos que sentem esse vazio são pessoas profundas, que não se contentam com o óbvio. São aquelas mentes que vivem questionando, refletindo sobre a vida, a liberdade, a morte… Enfim, os grandes mistérios da existência. E, de tanto pensar, acabam, sem querer, sendo engolidas por esse vazio que parece crescer cada vez mais. Um vazio que, curiosamente, a própria sociedade alimenta, com sua pressa por satisfação instantânea, por prazer imediato, por conquistas pessoais que, no fim das contas, deixam um gosto de “e daí?” na boca.

Mas vamos com calma. Será que o vazio é realmente o vilão da história? Ou será que ele só aparece para nos lembrar de algo que esquecemos? Muitas vezes, na busca incessante por prazer e felicidade, acabamos nos distanciando do que realmente importa. E aí, o vazio surge como uma espécie de alerta, nos dizendo que é hora de parar, respirar e olhar para dentro.

Para alguns, essa falta de sentido vira uma prisão. Nada parece preencher, nada satisfaz, e a vida vai perdendo o encanto. É como se estivéssemos presos em uma espiral de desilusão, que pode, sim, levar a uma tristeza profunda, até mesmo à depressão. Mas será que precisa ser assim? Viktor Frankl, o psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, dizia que, mesmo no meio do sofrimento, é possível encontrar um propósito. Ele nos lembra que o sentido da vida não está nas circunstâncias, mas na maneira como escolhemos respondê-las.

Então, que tal olharmos para o vazio de outra forma? Talvez ele não seja um inimigo, mas um parceiro nessa jornada. Talvez seja ele quem nos impulsiona a buscar um sentido maior, algo que transcenda o prazer imediato e toque o que há de mais profundo em nós. Afinal, o sentido da vida não é algo que encontramos por acaso, mas algo que criamos, dia após dia, nas pequenas escolhas que fazemos, nos gestos de amor que praticamos, na maneira como nos relacionamos com os outros e com o mundo.

E assim, o vazio, que antes parecia tão ameaçador, se transforma em uma oportunidade. Oportunidade de criar, de ressignificar, de reinventar a nossa própria história. Porque, no fim das contas, o que dá sentido à vida não é o que recebemos dela, mas o que damos a ela. E nisso, meus amigos, reside a beleza de estar vivo.

A Dimensão do Sentido: O Horizonte da Vida

Viktor Frankl, com sua sensibilidade, enxergou o ser humano em três dimensões: o corpo, a mente e algo mais profundo – a dimensão noética, a espiritual. Essa última vai além do físico e do psicológico, é o campo onde se encontram as maiores questões da alma, aquelas que ecoam no silêncio dos nossos dias e nos fazem refletir sobre o porquê de estarmos aqui. É nessa dimensão que o homem pode se encontrar ou se perder, dependendo da forma como lida com as suas feridas.

Quando a vida parece sem cor, quando o tédio toma conta e a razão de viver se esvai, estamos diante de um conflito espiritual. Não se trata de religião, mas de propósito. É a busca por um sentido maior que preenche os espaços vazios da nossa existência. Sem ele, ficamos à deriva, como barcos sem bússola, vagando em mares desconhecidos e agitados pelas ondas do desânimo. E nesse vazio, os sintomas aparecem: tristeza, agressividade e vícios, companheiros constantes dos que perderam o norte.

Frankl nos alerta que, sem um sentido, o homem pode se afogar na própria existência. Um vazio que não é apenas emocional, mas existencial. Um véu parece cobrir os olhos, impedindo a pessoa de enxergar além do imediato, do aqui e agora. E é exatamente nesse ponto que muitos se perdem, na busca incessante por satisfação imediata, anestesiando o sofrimento, mas sem realmente enfrentá-lo.

O Caminho para o Sentido: Um Reencontro Com a Vida

Agora, me permita uma pausa. Imagine que você está vivendo pela segunda vez, como sugere Frankl. Como seria viver sabendo que já cometeu os erros que está prestes a cometer? Que escolhas faria diferente? Essa reflexão nos leva a uma ideia fascinante: a vida é, em sua essência, uma construção contínua de significados. Não estamos aqui por acaso, e a resposta para o sentido da vida não está fora, mas dentro de nós.

Carl Jung, outro gigante da psicologia, já nos dizia que o ser humano precisa de significado para caminhar. Sem ele, perde-se no labirinto da vida. Frankl complementa: o caminho para encontrar esse sentido passa pelos valores que cultivamos, pelos laços que construímos. A vida tem mais sabor quando vivida em comunidade, quando partilhada com o outro, mas isso não significa que devemos colocar toda a responsabilidade de nossa felicidade nos ombros alheios. Há uma parte que é nossa, exclusivamente nossa.

Durkheim, filósofo francês, nos lembra que o isolamento nos desconecta da vida. Quando nos afastamos demais dos outros, criamos um vazio ao nosso redor e, sem perceber, também o alimentamos dentro de nós. A vida perde a cor, e resta apenas a miséria interna para refletir. É nessa solidão imposta, nesse excesso de individualismo, que o vazio existencial floresce.

Dar Sentido: Um Ato de Responsabilidade Pessoal

Agora, aqui chegamos a uma questão central. Não se trata de buscar culpados, ou de esperar por um salvador que venha nos resgatar desse vazio. O caminho para o sentido é uma escolha pessoal. É uma atitude reflexiva, um mergulho dentro de si mesmo, para investigar, encontrar um propósito e dar à vida o sentido que ela merece. E como disse Frankl, o sentido da vida não é algo fixo, é dinâmico, muda com o tempo, com as circunstâncias, com a nossa própria evolução.

O sentido da vida não está em uma definição universal, mas no significado que atribuímos a ela em cada fase, em cada dia, em cada desafio. Frankl nos ensina que não devemos esperar que a vida nos dê respostas, mas sim que nós mesmos respondamos à vida com nossas atitudes, com nosso agir. Essa é a verdadeira responsabilidade existencial.

Quando as coisas não saem como esperamos – e não raro, não saem – temos duas opções: nos entregar à frustração e nos declarar vítimas das circunstâncias, ou mudar nossa perspectiva, nossa atitude frente ao que não pode ser alterado. Não podemos mudar o passado, mas podemos escolher como vamos reagir a ele, o que faremos daqui para frente.

Conclusão: O Sentido é uma Jornada Constante

Em última análise, somos os únicos responsáveis por nossas escolhas, por nossos pensamentos, por nossas ações. O sentido da vida não é algo fixo, mas está sempre em movimento, sempre em construção. Todos os dias temos a chance de decidir se seremos reféns das circunstâncias ou se agiremos com dignidade, ouvindo a voz mais profunda de nosso ser, longe das armadilhas da satisfação efêmera e dos prazeres momentâneos.

Como bem disse Viktor Frankl, o ser humano não é apenas uma peça no jogo da vida. Somos os arquitetos da nossa existência, os responsáveis por definir o que faremos com aquilo que nos foi dado. E nessa jornada, cabe a nós dar sentido ao caminho, sempre. Afinal, o sentido da vida não é algo que encontramos, é algo que construímos, todos os dias, com cada escolha que fazemos.

E que bela escolha é viver com propósito, com consciência, e com a alegria de saber que, mesmo nas dificuldades, podemos sempre encontrar um novo sentido.

Roberto Marinho

Publicitário e Psicanalista

e-mail.: Robertomarinho28@gmail.com

Kleber R.

Corporate Finance / General Management / Saving, creating and revolutionizing companies for decades / Entrepreneur / Investor / My 4 year old son's Gladiator Hero

2 m

E no resumo do texto cabe a nós buscarmos de forma incessante e dia a dia: "um novo sentido para a vida"!!! Que belo texto Marinho!!! 👏👏👏

Baita texto 🥰

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