Porque estimular sua curiosidade é essencial para a inovação
Podemos dizer que a curiosidade é prima-irmã da criatividade.
Pensando que a criatividade é a conexão de ideias, a curiosidade é uma das melhores fontes de ideias que temos.
A pessoa que desenvolve sua curiosidade tende a buscar referências fora da sua zona de conforto, entra em contato com diversas áreas que não a sua própria especialidade, entre outras atitudes.
Sabendo disso, a cultura do Vale do Silício estimula a curiosidade de quem vive lá desde a infância.
Um exemplo disso é o Planetário Fujitsu, que fica em Cupertino, e é um dos preferidos daqueles que adoram coisas relacionadas a astronomia, espaço, estrelas e outros planetas.
Após recente reforma, esse planetário passou a ser considerado como um dos mais modernos do mundo.
Ele fica dentro de uma instituição chamada De Anza College, mas anualmente recebe mais de 2700 estudantes de todo o estado da Califórnia para aulas sobre astronomia.
Aliás, sabe quem estudou no De Anza? Ninguém menos do que Steve Wozniak, parceiro de Steve Jobs na fundação da Apple e gênio que criou o computador pessoal.
Aliás, Wozniak era tão gênio que aos 13 anos ele estava construindo projetos de computador incríveis e construiu um subtraidor de somador de 10 bits com centenas de transistores que de tão avançado, ganhou um prêmio na Bay Area Science Fair.
Lá eles fazem diversas apresentações e exposições, dos mais variados formatos, como por exemplo um show de raio laser ao som de Beatles ou de Pink Floyd.
Será que um desses estudantes pode ser o novo Steve Jobs ou Elon Musk?
Não podemos ter certeza de algo desse tipo, mas é certo que atividades lúdicas como visitar um planetário e ter acesso a conhecimentos especiais, como astronomia, pode não significar que esse estudante terá mais condições de pensar da caixa e muito diferentemente do que a maioria das pessoas.
Outro exemplo do quanto a curiosidade é valorizada no Vale do Silício pode ser vista em um documento divulgado pela Netflix chamado "Netflix Culture", que é considerado por muitos como um dos documentos mais importantes já criados no Vale.
Ele foi desenvolvido pelo por Reed Hasting e Patty McCord, respectivamente CEO e Líder de Talentos do Netflix, e tinha como objetivo descrever os valores e as visões praticadas na empresa que é hoje umas das líderes mundiais do setor de entretenimento.
Ao analisar o documento que foi disponibilizado na internet e baixado milhões de vezes, é possível perceber que entre os 09 comportamentos e competências valorizadas pela empresa, um deles é a “Curiosidade”.
Ao falar da curiosidade, eles compreendem como a capacidade de aprender rapidamente e com entusiasmo, procurar entender as estratégias da empresa, o mercado, os fornecedores e clientes, bem como estar bem informado sobre negócios, tecnologia e entretenimento e, por fim, a pessoa que contribuiu efetivamente além de sua especialidade.
Outro exemplo de como a curiosidade por coisas diferentes pode ser um divisor de águas é o caso de Kevin Systrom.
Kevin estava na Itália fazendo um intercâmbio durante as férias do curso de Stanford e teve a ideia de fazer um curso de fotografia em Florença, onde notou que ao utilizar uma velha câmera Holga, sugerida por seu professor, criava uma diferente nas fotografias, com aspecto de “vintage”, a beleza da imperfeição.
Daí nasceu a inspiração para criar o Instagram.
Outro hobby que ajudou Kevin a chegar onde chegou foi o seu amor pelos videogames.
Desde a infância, ele era fascinado por jogos de tiros em primeira pessoa que ele editava e já desenvolvia habilidades de programação e design.
Phil Knight, criador da Nike e que também estudou em Stanford teve a ideia de empreender no segmento de tênis esportivos porque tinha a corrida como hobby.
Mark Zuckerberg já criava seus jogos de videogame com 10, 12 anos, mesmo que fossem os mais simples e rudimentares.
E também, ainda adolescente, Zuckerberg criou uma rede de computadores interna que teve o nome de "Zucknet". A ideia era ligar o consultório dentário do seu pai e a casa da família, de forma que eles pudessem falar entre si e seu pai também pudesse conversar com os outros dentistas e higienistas.
Seria esse um prelúdio da sua maior criação, o Facebook?
Talvez, pois Mark tinha obsessão por essa questão de comunicação via computadores e pela internet. Pouca gente sabe, mas antes de criar o Facebook e ainda em Harvard, Zuckerberg criou uma plataforma chamada "Coursematch", utilizada pelos alunos como uma forma de checar quais aulas eles deveriam atender.
Apesar de ser apenas texto, sem nenhum apelo estético, Zuckerberg percebeu que as pessoas passavam horas planejando suas aulas nele.
Além disso, Zuckerberg também estudou psicologia, além de ciência da computação. Mark tinha profundo interesse em comportamento humano e isso, muito provavelmente, o ajudou a criar a maior rede social do mundo.
Para ilustrar como um curso extracurricular pode ajudar na sua criatividade, compartilharei uma fala do Steve Jobs em uma aula inaugural em Stanford, em 2005:
“A Reed College, na época, talvez oferecesse o melhor curso de caligrafia do país... Resolvi fazê-lo para aprender... Era algo belo, histórico, de uma sutileza artística, de maneira que a ciência não conseguia captar – eu achava fascinante. Nada daquilo tinha sequer um lampejo de qualquer aplicação prática na minha vida. Mas, 10 anos depois, quando estávamos desenhando o primeiro Macintosh, tudo voltou à tona.”
Jobs ainda dizia que “em última instância, tudo se resume a gosto” e que ao tentar se expor às melhores coisas que os seres humanos tenham feito e, então, procurar levar essas experiências para o que você está fazendo, você faz grandes obras.
Ele acreditava que parte do que tornou o Macintosh ótimo foi a multidisciplinaridade das pessoas que trabalharam nele. Eram músicos, poetas, artistas, zoólogos e historiadores que, por acaso, também eram os melhores cientistas de computação do mundo.
Por falar em Stanford, você sabia que Peter Thiel também estudou lá?
Sim, o fundador do PayPal e um dos maiores investidores de risco do Vale do Silício, que investiu em empresas como o Facebook, também estudou em Stanford.
Mas o interessante é que ele não estudou engenharia ou administração de empresas, como a maioria pode imaginar. Thiel estudou Direito na Stanford Law School e chegou a advogar em um grande escritório em Manhattan.
Sua experiência durou exatamente sete meses e três dias, mas foi suficiente para ele entender que os grandes escritórios de advocacia eram, de fora, um lugar onde todos queriam entrar e, por dentro, era um lugar de onde todos queriam sair.
Essa foi uma experiência que o levou a mudar não apenas de carreira, mas a procurar fazer parte de uma economia totalmente diferente, que pudesse mudar essas coisas, Foi então que ele passou a se envolver com tecnologia e inovação.
Dessa forma, se você deseja empreender de mesma forma disruptiva e inovadora que é feito no Vale do Silício, você precisa estimular sua curiosidade para deixar seu repertório melhor e mais rico. Consequentemente, com tantos insights, você provavelmente vai se tornar uma pessoa mais criativa.
Advogada| CIPM (IAPP) - Certified Information Privacy Manager I Proteção de Dados | LGPD | Direito Digital | Contratos | Compliance
4yMuito bom!