Como identificar os vieses inconscientes nas relações profissionais

Como identificar os vieses inconscientes nas relações profissionais

Você já ouviu falar sobre os vieses inconscientes? Silenciosos, eles passam quase despercebidos em nosso dia a dia, mas podem afetar de maneira bem tendenciosa uma série de decisões e percepções no ambiente de trabalho.

Em outras palavras, são padrões de pensamento que distorcem julgamentos e até restringem a diversidade nas empresas.

E não adianta dizer que você não possui esses vieses. “Todos nós temos, sem exceção, e as pessoas que negam geralmente são as que mais possuem. A questão é que elas ainda não têm consciência deles!”, ressalta a professora convidada da nossa comunidade, Joyce Romanelli , que deu uma aula incrível sobre esse tema.

Joyce é co-fundadora da Fluxus, empresa de educação corporativa que prepara líderes para cuidar de pessoas e transformar organizações; além de Agile Leader da Beta Learning. Anteriormente, foi Diretora Executiva do IBCC Oncologia, além de ter ocupado outros cargos de gestão no segmento hospitalar.

Na aula para o nosso grupo coletivo de mentoria, Joyce compartilhou conceitos e exemplos para começarmos a compreender os mecanismos associados aos vieses inconscientes e reconhecer seus impactos.

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O que são e como operam os vieses inconscientes

De acordo com a neurociência, vieses inconscientes são mecanismos do cérebro humano que facilitam as nossas decisões diárias, baseando-se tanto em nossas experiências e ambientes de vida, quanto em uma herança ancestral primitiva. 

Podemos entendê-los como estratégias práticas ou atalhos mentais que diminuem o tempo de tomada de decisão, permitindo que as pessoas funcionem sem parar constantemente para pensar em seu próximo curso de ação. 

Em outras palavras, é um mecanismo de sobrevivência, dado que somos bombardeados de informações o tempo todo, cerca de 11 milhões de bits por segundo. Como só conseguimos processar 40 bits de forma consciente, nosso cérebro usa diversos atalhos - como referências culturais, normas sociais, experiências de vida e conhecimentos prévios - para lidar com todo o resto. 

Atualmente, existem mais de 180 vieses mapeados pela neurociência. Joyce trouxe para compartilhar na aula cinco tipos que considerou mais comuns e relevantes. Entendê-los é fundamental para saber quando estamos tendo comportamentos que associam juízo de valor aos vieses, gerando preconceitos e discriminações que trazem uma série de impactos negativos nas relações.

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5 tipos de vieses inconscientes

1. Viés Confirmatório

Acontece quando procuramos informações que confirmam as nossas hipóteses e ignoramos estrategicamente outras informações que podem colocar em xeque as nossas crenças.

Um exemplo trazido pela Joyce é a crença de que a geração Z é “preguiçosa, cheia de mimimi, não gosta de trabalhar duro e não consegue lidar com frustrações”. 

Se um líder acredita nessa tese, ele vai consumir em sua bolha de informações (geralmente, nas redes sociais) notícias que reforçam esses estereótipos, de forma que inconscientemente vai dar preferência por contratar apenas pessoas das gerações anteriores, negando oportunidade de crescimento para os mais jovens.

2. Viés de afinidade

Este diz respeito à nossa predisposição a avaliar melhor e se relacionar com pessoas que tenham gostos, histórias e traços físicos parecidos com os nossos.

Os exemplos podem ser os mais variados: homens que só contratam homens, líderes que tendem a não contratar pessoas que estudaram em universidades “rivais” daquela em que ele se formou, e tantos outros.

“Nas empresas, isso pode acabar virando uma grande ‘câmara de eco’, com ambientes de trabalho nos quais as pessoas se parecem fisicamente, vieram dos mesmos lugares, têm os mesmos gostos, mesma visão de mundo e pensam de forma muito parecida. É a morte da diversidade!” (Joyce Romanelli)

3. Viés de efeito de grupo

É quando seguimos o comportamento do grupo em que estamos inseridos para não desviar do padrão vigente, sendo este um dos vieses mais comuns, também conhecido como “efeito manada”.

Joyce trouxe o exemplo dos comitês de calibragem nas avaliações de desempenho e uma cena clássica: um líder que faz uma série de pontuações negativas em relação à performance de um funcionário que não trabalha diretamente com ele, apenas para validar a opinião do restante do grupo.

4. Viés de percepção

Neste caso, é quando julgamos ou tratamos outras pessoas em função de estereótipos e pressupostos excessivamente simplistas sobre o grupo a que pertencem (raça, gênero, idade etc).

Quem aí se lembra do caso da Pink Glove? Tratava-se de uma luva descartável e cor de rosa criada por dois homens de uma startup alemã, com a proposta de ser usada na hora de trocar o absorvente no período menstrual e também permitir um “descarte mais higiênico e discreto”.

O produto foi duramente criticado, porque partia do estereótipo de que a menstruação é algo sujo e que deve ser escondido. Um viés desse tipo pode resultar em exclusão social e discriminação.

5. Viés de efeito halo/horn

É a nossa propensão a avaliar algo de forma positiva (ou negativa) quando recebemos uma informação positiva/negativa prévia sobre algo ou alguém.

No ambiente profissional, podemos citar como exemplo aquele colega que vem transferido de outra área. Se algum conhecido daquele departamento falar mal dele, vamos tender a fazer um julgamento prévio ruim da pessoa. Agora, se for bem recomendada, a pessoa já chega em alta conta, mesmo sendo uma desconhecida.

Efeitos negativos dos vieses inconscientes

  • Perda de oportunidade de conhecer outras perspectivas intelectuais e de vida;
  • Time compostos por iguais;
  • Falta de representatividade;
  • Impacto no relacionamento com times, pares, lideranças, stakeholders;
  • Entrevistas e promoções conduzidas de forma equivocada.

O que fazer para driblá-los?

Os vieses são inevitáveis, mas o comportamento enviesado, não. Esse podemos mudar!

A conscientização e o autoconhecimento são essenciais para quebrar os comportamentos tendenciosos e criar um ambiente de trabalho mais equitativo e humano. 

Conhecer os mecanismos dos principais tipos de vieses - esse exercício que fizemos aqui - já é um bom primeiro passo!

Experimente também:

  • Compartilhar pontos de vista de grupos diversos para ajudar a construir uma decisão menos enviesada;
  • Usar o tempo a seu favor, com pausas intencionais antes de tomar decisões;
  • Garantir uma boa noite de sono antes de tomar uma decisão importante, nada de agir por impulso!

Outro método que ajuda bastante na desconstrução dos vieses é a Teoria U, que será o tema do próximo artigo da comunidade. Não deixe de ler!

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Este conteúdo foi baseado na aula de Joyce Romanelli

Redação: Ana Paula Rodrigues

Edição: Luciano Santos

Até a próxima!


Matthaeus Carvalho

Estrategista CRO na WeConvert | Certificado pela CXL | Consultor de ClickUp

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Matthaeus Carvalho

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Miguel Valadares

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Andreia Duarte

Gestora de Compras | Especialista em negociação | Strategic Sourcing | Direct and Indirect Purchasing | Hipnoterapeuta | Mentora Comportamental de Vida e Carreira

9 m

Muito importante para quebrar paradigmas que estabelecemos nas relações e nas pessoas.

Ana Noemi G.

Psicóloga TCC | Coach de Vida | Especialista em perfil comportamental| Desenvolvimento de Liderança| Saúde Mental & Bem-estar

9 m

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