Competição ou Cooperação
O que seria mais inteligente: usar a estratégia da competição ou trabalhar conceitos da cooperação?
A resposta é depende! No entanto, já alerto: a escolha explica muito sobre o nível de inteligência socioemocional e o quanto se está preparado para os dias atuais.
Vamos às explicações!
A competição é uma habilidade instintiva e está instalada em circuitos neurais muito mais antigos no nosso cérebro. É fundamental para a sobrevivência, porque é responsável pelo sucesso da disputa pela caça, pelo local mais protegido, pelo parceiro que irá gerar descendentes mais fortes e por aí vai. Todas reações individuais estão ligadas principalmente a sentimentos de preservação como medo e raiva.
Já a cooperação - quando baseada em empatia, gentileza e compaixão - é uma habilidade ligada a circuitos neurais muito mais recentes. Essas começaram a ser desenvolvidas, a partir do momento em que a humanidade passou a viver em comunidade, com abundância de alimentos e redução de riscos naturais.
E por que?
Porque o grupo não sobrevive, não evolui, não se desenvolve no individualismo. Um único membro pode ter as melhores habilidades de sobrevivência, mas ao colocar em risco a vida do bando, o seu plano de vitória acaba fadado ao fracasso.
Enquanto que outro grupo, liderado por alguém que entende a estratégia da cooperação, vai saber identificar as melhores característica do bando, utilizando cada uma delas no melhor momento e da melhor forma possível. Inclusive, sabendo sacrificar objetivos individuais em benefício do grupo. Para isso, esse líder precisará trabalhar fortemente em sentimentos que não são automáticos ainda para a maior parte das pessoas.
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Por isso, segundo a Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, no vídeo Empatia Gentileza e Compaixão (para assistir clique aqui), o individualismo - que virou a filosofia dos tempos modernos - é uma grande "burrice". Para ela, a evolução só acontece através da cooperação, do entendimento que o universo só existe em grupo e para isso é preciso treinar sentimentos que estão nos nossos circuitos neurais mais recentes.
Sua escolha
Por isso, ao escolher a competição, estamos utilizando de sistemas neurais instintivos, mais fáceis de serem acessados. E os gatilhos para acessar esses circuitos estão disponíveis em grande quantidade no nosso dia-a-dia. São situações que nos geram principalmente medo e raiva.
Em momentos de perigo real, o instinto é fundamental para dar respostas rápidas para proteção do indivíduo e também do grupo. No entanto, esses sentimentos - encarados como combustível eficiente para resolver uma situação momentânea - comprometem resultados a médio prazo, principalmente se forem usados frequentemente.
Enquanto que ao utilizar da cooperação, vamos exigir muito mais esforço para acessar sentimentos como empatia, compaixão e gentileza que ainda são relativamente novos para a nossa espécie. Mas o resultado é mais efetivo e duradouro porque irá impactar positivamente um grupo.
Assim, não é difícil deduzir que pessoas individualistas estão utilizando muito mais a parte instintiva das suas mentes (e daí vem o termo "burrice" utilizado pela Dra. Beatriz Barbosa Silva). Enquanto que pessoas cooperativas estão exercitando circuitos mais modernos e, portanto, estão mais preparadas para as exigências atuais.
Sabendo que a cooperação é uma habilidade mais recente, entendemos que é preciso exercitar sentimentos que estejam ligados a ela. Para isso, é fundamental que esses exercícios sejam diários, principalmente em momentos de calmaria, criando músculo para que esses circuitos neurais possam ser acessados mais facilmente quando estivermos sob estresse.
A ideia é trazer exercícios que desenvolvam o trabalho cooperativo para a nossa rotina diária. Só assim estaremos preparados para orientar, dirigir e apoiar a equipe de forma cooperativa em momentos de perigo e estresse.