Democracia sim, soluções fáceis não!

Democracia sim, soluções fáceis não!

''Parte do meu trabalho é ler manifestações políticas nas redes sociais. Entender como as pessoas estão pensando, compreender os argumentos e discursos construídos para apoiar um ou outro. Assisti a um vídeo, agora. O homem que fala é muito articulado, bem vestido e constrói um argumento favorável a Bolsonaro.

O que chama atenção imediata é que numa crise, ele sugere, Bolsonaro poderia fechar o Congresso. E aí pergunta: ‘seria tão ruim?’ Fala em limpeza. De repente me toquei duma coisa. Boa parte das pessoas que se dizem liberais, no Brasil, não têm a mais vaga ideia do que é liberalismo. Fechar um parlamento democraticamente eleito é o grau máximo de heresia. É, por essência, antiliberalismo.

Sou fundamentalmente contra o movimento Escola Sem Partido. Por um motivo simples: professor tem de ter independência e liberdade para falar. É uma questão de princípio. Isto posto, na raiz do movimento há o reconhecimento de um problema. A variedade ideológica nos cursos de Humanas é muito pequena. E, neste momento, a patrulha ideológica é imensa.

Tente ponderar numa Faculdade de História ou Sociologia que não houve um Golpe de Estado no Brasil, em 2016. Que o impeachment foi um movimento de má fé, sim, movido por um grupo que queria evitar a continuidade da Lava Jato, sim, mas essencialmente uma briga dentro de uma mesma quadrilha e, ora, legal.

O impeachment foi legal e, se seguiu as regras, não cabe na definição de Golpe. Se diz que não houve Golpe, mesmo que você seja marxista no talo, será caçado, será banido, excomungado. E vai ouvir. Muita gente, por manter a independência, embora concorde em 95% com seus pares de departamento, está vivendo o diabo. Nestes ambientes, o preconceito com o liberalismo é imenso.

E se ensina muito mal o que é uma democracia liberal quando se olha com desconfiança para liberalismo. Estudei nos EUA numa escola pública. Lembro com nitidez do semestre de aulas sobre a independência americana. Eram aulas sobre o debate entre os homens que estavam inventando aquela República. Fulano deu esta ideia, beltrano deu aquela. Era, em essência, um elogio ao debate, à discordância.

Não há maneira melhor de ensinar civismo do que ensinar os debates que estiveram na construção de uma sociedade. E ensiná-lo sem heróis ou vilões, mas naturalizando a desavença. É normal discordar. Da Inconfidência Mineira, nosso movimento liberal, à Constituinte dos anos 1980, temos inúmeras possibilidades de ensinar os debates sobre o Brasil. E, assim, ensinar como funciona uma democracia. Pelo debate e aceitação da discordância.

O poder mais importante de uma democracia é o Parlamento. É o cenário em que os debates acontecem. Sim, num Parlamento brutalmente disfuncional como o nosso, não há debates, só toma-lá-dá-cá de nacos de poder ou verbas ou mesmo dinheiro em troca de votos. Resolver este problema não é trivial. Mas tem de ser pela democracia.

Tem de ser pela democracia por um único motivo: só democracias levam a prosperidade estável ao longo da história. Não é só porque liberdade é bom — embora liberdade seja bom. Mas porque liberdade funciona. Pegue qualquer país politicamente estável e com economia madura. É uma democracia. Chegou lá democraticamente.

Quem vive a ilusão de que a Ditadura Militar foi boa certamente não comparou os dados entre aqueles 21 anos e os 33 anos que temos de democracia. O que o Brasil avançou na indústria, na agricultura, na economia, na educação, na saúde e até na qualidade de vida da população, neste período mais recente, não se compara nem de perto ao desastre econômico que foram os governos militares.

E isto é a soma do todo: Collor, Itamar, FH, Lula, Dilma, Temer. Uns melhores, outros piores, o que temos é o resultado do todo. E a crise que vivemos é uma crise democrática, nascida pelas possibilidades de protesto que a democracia tem, pela independência entre poderes que a democracia garante, porque ninguém está acima da lei. O que estamos vendo não é uma democracia disfuncional. É uma democracia usando de suas armas para se tornar funcional.

Não é um caminho rápido. Mas é o caminho sólido. O que é conquistado democraticamente nasce de ideias que ganham base forte na população, de movimentos difíceis de construção, mas que quando sobrevivem e se impõem produzem transformações que ficam. O Brasil tomou algumas vezes o atalho da força.

Nunca resolveu. É inacreditável que o mito persista. E parte disto está na educação que até a elite recebe. Ninguém é ensinado a compreender o liberalismo. Claro. Os professores olham para o liberalismo com preconceito. Acham, até, que é de direita. Quando, no liberalismo, cabem esquerda, centro e direita. Democráticas.

Vivemos numa democracia liberal. Em alguma hora tanto a esquerda quanto a direita vão ter de abraçar este regime. Assumi-lo de peito aberto. Tem gente demais, nesta eleição, trabalhando para minar a crença na democracia. Atacando as instituições fragilizadas. Ligando o dane-se se tumultuam a eleição ou se sugerem atalhos autoritários que comprovadamente não funcionam. O apavorante é que começa nas duas chapas com maior número de intenção de votos.'' - Pedro Doria

Este texto resume muito bem o que eu penso e sinto ao longo do tempo: temos um povo despreparado para a responsabilidade de votar, uma carência extrema de políticos estadistas que realmente queiram trabalhar pelo bem do povo, da sociedade e da nação.

Muita confusão e desenganos sobre o que realmente é capitalismo, democracia, liberalismo, civismo e civilidade, sobre qual é a responsabilidade, os deveres e obrigações de cada ente social e uma elite muitas vezes hipócrita, desumana, mal instruída e mal educada.

Que tudo suga do ambiente em que está e nada devolve em agradecimento ao que conquistou para a comunidade de seu entorno. É preciso mais educação e mais instrução, por favor! É preciso mais caridade, mais trabalho voluntario, mais generosidade, mais coletivo e menos privado. Eu não suporto mais ver tanta burrice, ignorância e egoísmo ao meu redor.

É esta mentalidade de ''farinha pouca, meu pirão primeiro'' onde as pessoas estão cada vez mais sovinas, avarentas e desprovidas de compaixão, tolerância e insensíveis ao sofrimento e precariedade do próximo, que não deixa o nosso país avançar ficando sempre na promessa dourada do futuro.

Uma sociedade que se respeita, se ajuda e se une em prol do benefício comum, fazendo o que é o certo e necessário para o bem estar e segurança do todo coletivo, é uma sociedade de uma maioria de pessoas sadias, equilibradas, pacíficas, produtivas e prósperas.

Quando o medo impera, a violência se banaliza e a maioria não consegue mais distinguir o certo do errado, existe algo de muito errado acontecendo. É lamentável como o Brasil segue ladeira abaixo, depois de um ilusório vôo de galinha...E o buraco é bem mais embaixo...

Não é do dia para a noite que todas as desgraças da nossa nação serão resolvidas, por que o problema é de base, no âmago da nossa cultura, valores e educação de massa. E ao que parece ninguém quer mexer nesse vespeiro. É mais fácil empurrar com a barriga, esconder a sujeira pra debaixo do tapete e apontar o dedo acusatório para os outros enquanto a merda fede cada vez mais ao jogar a batata quente para o próximo.

Natalia Buckton Ortensi - Artista, Empreendedora e Professora.

06 de Setembro de 2018






Antonio Carlos Pereira (Antonio CP)

Protagonista|Palestrante|Mentor|Multicultural|Estratégia Corporativa|Marketing|Vendas|Sales|Logística|Franchising

6 a

Na verdade é muito complicado.. por isto mesmo recomendo a participação de pessoas brilhantes como você. Sucesso

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