E, essa tal procrastinação?
Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, procrastinar é “marcar para outro dia ou deixar para depois; adiar, postergar”
Tema muito discutido e por mais conhecimento que possamos buscar, como é difícil se livrar dessa tal procrastinação, não é verdade?
Vamos falar um pouco sobre esse tema para que possamos dar mais leveza ao assunto, talvez assim, fique mais tranquilo para cada um de nós criar uma forma de tratar essa questão.
A primeira coisa que devemos entender, é que apenas aprender sobre o tema não resolve a nossa questão particular, pois procrastinar é um comportamento que tem várias causas por trás e bem diferentes de pessoa para pessoa. Conhecer o conteúdo é válido para nos dar o caminho, mas transformar o comportamento vai depender da nossa atitude de conhecer os motivos que nos levam a procrastinar, entender como essa procrastinação pode estar nos prejudicando e agir no sentido de minimizar essa situação.
Portanto, diante de tarefas que você costuma deixar para depois, faça uma breve reflexão: que tipo de tarefas você costuma adiar? O que essas tarefas tem em comum? O que te impede de realizar isso hoje? Se encontrou algo em comum entre elas, algum padrão, pense sobre ele e tente perceber por que você tende a adiar o máximo essa atividade. Quais serão as consequências de cumprir? E de não cumprir?
A ideia dessa autorreflexão é tentar descortinar algo escondido em você que te faz praticar o famoso, “amanhã eu faço”.
Muitas vezes, adiamos tarefas que não gostamos de fazer ou não sabemos fazer e temos “vergonha” de pedir ajuda para aprender; em outros casos, procrastinamos atividades importantes para nós por alguma dificuldade em dizer “não” ao outro; ou ainda, agimos de forma inconsciente na postergação das tarefas, pois deixar de procrastinar pode resolver uma questão que vai tirar de você aquela velha e boa desculpa que você sempre dá sobre algo, “tipo, não tenho tempo”, “estou cheio de pendências”, etc.
Todos concordamos que a procrastinação é um dos vilões da gestão do tempo, mas gostaria de convidá-los a pensar que, em alguns casos, a procrastinação pode ser importante. Como assim? Vamos colocar luz sobre esse pensamento.
No cenário geral de administração do seu tempo, procrastinar contribui de forma negativa e decisiva para gerar acúmulo de pendências, consequências desagradáveis, sobrecarga de trabalho, estresse, ansiedade, falta de produtividade, perda de oportunidades, entre outros. Por outro lado, procrastinar tarefas sem sentido algum, protege a sua agenda. Daí, vocês podem estar se perguntando: não seria mais fácil negociar a tarefa sem sentido? Ou simplesmente dizer que não pode fazer, que não concorda, etc? Para algumas pessoas, isso pode ser muito simples, mas para outras, não. Vamos ver um exemplo que nos ajuda a refletir melhor sobre essa possibilidade: eu preciso negociar umas folgas com o meu gestor, a fim de viajar para resolver questões pessoais importantes. O meu prazo vai correndo e eu vou adiando a conversa com meu gestor, enquanto isso, a minha ansiedade vai aumentando, o preço da passagem pode subir, o risco de não achar passagem para o dia necessário e eu continuo adiando a conversa, por quê? Talvez, uma certa insegurança, receio de ser desligado, do seu gestor não te aprovar mais, não se perceber merecedor, enfim. Essa resposta não é uma condição igual para todas as pessoas, como citei no início do texto, os motivos variam entre os indivíduos e muitos outros fatores devem ser considerados, tais como, a forma como foram educados, crenças e padrões aprendidos, traços de personalidade, etc. A pessoa vive um conflito interno entre pedir ou não pedir a tal folga e vai adiando adiando, até o último minuto de segundo tempo, quando não há mais outra opção, para evitar ter que lidar com o desconforto causado pela insegurança ou pelo medo de ser demitido, por exemplo.
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Outra situação muito comum é quando a pessoa diz “sim”, querendo dizer “não”. Ela sabe que dizer “sim” vai trazer alguns desconfortos para ela na realização daquela tarefa, mas dizer “não” pode causar tanto aborrecimento, tanta dor, daí, a pessoa diz “sim” e adia o máximo que pode a tarefa. Em casos semelhantes a esse, procrastinar tem uma conotação de proteção, de evitar a dor em si mesmo até que a pessoa se sinta confortável para dizer o “não” que é importante naquele momento.
Outro exemplo, é deixar de fazer uma tarefa por receio de ser reprovado...o desconforto causado pela possível reprovação é tão grande, que a pessoa opta por deixar para o prazo final para justificar que não teve tempo de fazer, caso seja reprovada.
De uma forma geral, procrastinar é um comportamento normal, no sentido de priorizar atividades, mas se isso se torna a regra da sua rotina, será prejudicial para a sua vida. Independente das causas, das consequências, de como você se sente, que desconfortos geram, o importante é investir no autoconhecimento, para que possa ter clareza sobre si mesmo, não ficar se comparando com ninguém, buscando consciência sobre o que deve ser levado em consideração para virar esse jogo que facilite a sua jornada para que ela seja cheia de oportunidades, produtividade e leveza. Esse processo de autoconhecimento, de cuidado com você mesmo com relação a esse tema (e outros que surgem no caminho) deve ser acolhedor e personalizado para além das “receitas” sobre procrastinação que encontramos. Acordar um dia e resolver que não vai mais procrastinar coisas importantes para a sua vida, não funciona para todos, percebe? É fundamental se (re)conhecer e se permitir, para transformar.
Diante desse breve texto, você já consegue perceber se procrastina de forma saudável ou faz parte do time que deixa tudo para depois? Me conte aqui nos comentários e vamos conversar sobre isso, com certeza vai deixar sua vida bem mais leve, conhecer e cuidar dos motivos que te levam à procrastinação de forma única e especial como você é!
Um abraço carinhoso,
Estela