AS EXIGÊNCIAS COMPLEXAS DO ENSINO INFANTIL
Texto escrito para a disciplina - Enfoques Metodológicos: A criança, a linguagem e a comunicação, no Curso de Pedagogia da Universidade de Taubaté, em 2014, atendendo a seguinte comanda: De modo a aproximar teoria e prática, entre tantos saberes que integram o conhecimento profissional do professor, no livro-texto [homônimo ao título da disciplina], foram destacados três que parecem ter maior importância junto aos resultados pedagógicos. Referem-se: (1) ao conhecimento dos processos de aprendizagem dos alunos; (2) ao conhecimento dos conteúdos a serem trabalhados com os alunos e (3) as formas de ensinar para garantir de fato a aprendizagem. Enumere, pelo menos, mais três saberes que poderiam ampliar a relação acima, tomando como base sua experiência profissional. Justifique as suas escolhas.
Segundo a comanda proposta, os saberes destacados na questão, informam três modulações que diretamente provocam resultados em uma perspectiva imediatista e também numa resolução à longo prazo na relação pedagógica no ambiente escolar, sobretudo na gestão de sala de aula e no processo de aprendizagem. A primeira delas refere-se à formação continuada do educador. O professor é alguém destinado a intensamente procurar se remodelar, para tanto, deve sempre manter-se antenado nos moldes de aprendizagem que as Instituições públicas e privadas oferecem a sua clientela. O processo de aprendizagem é a leitura do cotidiano da educação em seu macro e micro cenário. No que se refere aos conteúdos, os profissionais da educação necessitam do conhecimento dos parâmetros curriculares (PCN), estudados no livro texto, cada qual em sua disciplina e compreender que não se ensina de modo estanque, isoladamente. A educação é eminentemente interdisciplinar. E a comanda ainda nos oferece a questão da metodologia de ensino. A Universidade não nos ensina a "dar aulas". Isso se aprende na prática.
É como nos diz Leonardo Boff: "a construção do conhecimento é na práxis e para a práxis". Assim sendo, o conhecimento, como nos diz o próprio livro texto, nas palavras de Paulo Freire, "não é um ato isolado, individual. Conhecer envolve intercomunicação, intersubjetividade".
Neste sentido, quando pensamos a educação infantil e os anos iniciais, construindo-nos como pedagogos, percebemos um espaço importante para a construção de uma educação de qualidade e, ao mesmo tempo, a necessidade de um aprimoramento na formação dos profissionais que compreendam as especificidades desse ensino. Por isso é necessário o desenvolvimento e o aprimoramento de alguns saberes. Quanto a minha experiência docente, que tem quatorze anos, posso dizer que tem sido muito gratificante, como afirma o próprio Prof. Libânio: "deve haver um dom no exercício da docência". Assim se deu minha carreira até o momento, comecei no Seminário Diocesano de Taubaté, em 2000, lecionando Filosofia, Introdução à Música e Introdução as Sagradas Escrituras. Tinha um público privilegiado. Num segundo momento, em 2007, entrei para a iniciativa privada, no Ensino Médio, o desafio foi muito maior. Depois veio o ensino público, onde os desafios são mais alarmantes em todos os sentidos. Fiz também a experiência no ensino superior na própria Universidade de Taubaté em vários departamentos, tanto presencial como a distância. Por isso, posso dizer que tenho experiência desde os alunos da 1° série do Ciclo I aos alunos do 4° ano de Direito e 5° ano da Engenharia, ou seja, os quase formados profissionalmente, e o que vem só a somar em minha experiência docente. Pois penso que a LDB 9394/96 subsidia perfeitamente quando indica a seriedade da formação dos docentes para os vários estágios do ensino[1]. Bem, no livro de Edgar Morin, "Os sete saberes necessários para a educação do futuro" encontro a corroboração do autor para a síntese final desta questão. É o próprio Morin que aponta que "a educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja em algum grau ameaçado pelo erro e pela ilusão" (MORIN, 2003 p. 19). Enfrentamos muitas vezes na prática de pensar a educação a ilusão pedagógica, deslocada do "chão de nossas escolas".
Estes saberes elencados por este autor nos ajudam a reaproximar a teoria da práxis. É necessário superar (1) as cegueiras do conhecimento; (2) a desfragmentação do conhecimento; (3) ter o ensino sob o aporte da condição humana; (4) a identidade terrena, tendo a vida nas mãos; (5) o enfrentamento das incertezas e a simulação dos imprevistos; (6) do ensinar a compreensão, enquanto um processo de " empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade" (MORIN, 2003, p. 95); e por fim (7) a ética e a integração enquanto compromissos solidários de uma cidadania planetária[2]. Portanto, penso que os saberes disciplinares, os saberes curriculares, os saberes das ciências da educação, os saberes da tradição pedagógica, os saberes experienciais e os saberes da ação pedagógica são necessários ao ensino e formariam uma espécie de reservatório no qual o professor se abasteceria para responder às exigências específicas de sua situação concreta de ensino não somente em tempos de mudança, mas na mudança do tempo[3].
Notas
[1] BRASIL, Presidência da República. Ministério da Educação: Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. n. 9394/1996, art. 62.
[2] GOMES, A. M. A. et al. Os saberes e o fazer pedagógico: uma integração entre teoria e prática, In: Revista Educar, n. 28, p. 231-246, Curitiba: Editora UFPR, 2006.
[3] TARDIF, M; GAUTHIER, C. O saber profissional dos professores – fundamentos e epistemologia. In: Seminário de Pesquisa sobre o saber docente, Fortaleza: Anais do Congresso, UFCE, 1996.