Futuro do Trabalho: como ser inclusivo, socialmente responsável e competitivo?

É a primeira vez que me arrisco em um texto um pouco mais longo por aqui. Escolhi estrear com algumas reflexões acerca do último reporte do World Economic Forum sobre o Futuro do Trabalho, uma peça anual que é esperada como um guia de tendências. 

O principal driver de transformação é, como esperado, a adoção de novas tecnologias, digitalização, e um novo status da relação humanos-máquinas. Aqui vale um apontamento adicional: o recente boom do Chat GPT descortinou para o grande público o papel que as tecnologias generativas terão em nossas vidas. Já ouvi dizer que é uma mudança comparada à inserção do Google e mecanismos de buscas no nosso dia a dia. Será?

Dentro desse contexto, gostaria de jogar luz na seguinte afirmação do reporte: "A cada 10 trabalhadores, 6 necessitarão de capacitação antes de 2027. No entanto, apenas 3 terão acesso a oportunidades adequadas de treinamento”. Isso significa dizer que 30% da mão-de-obra será escanteada nos próximos 5, 10 anos. No livro Lições para o século 21, Yuval Harari diz algo como “a escravidão contemporânea é a falta de relevância”. Real e muito preocupante. Muito mesmo! O ovo dessa serpente é um drástico aprofundamento da desigualdade social, algo, que claramente, não estamos preparados para reparar. 

Do ponto de vista das empresas, o que vejo acontecer é um mix entre “play safe”, com a contratação de profissionais “prontos”, e apostas conscientes, com o recrutamento de pessoas que têm potencial de desenvolvimento, mas que precisam de tempo e investimento para maturar. Tempo é uma palavra-chave. A aceleração (quase) extrema e a pressão por resultados de curto prazo exercem uma pressão muitas vezes desmedida na saúde mental das pessoas. É o que o mercado tem percebido, sobretudo após a pandemia.  

Chega a ser clichê, mas é verdade: o cenário é desafiador demais. Entendo que o trabalho contemporâneo nos convoca a uma visão social. A agenda ESG é uma imposição. Temos muito a fazer. 

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