Maternidade e Carreira podem sim coexistir

Desde que assumi o cargo de diretora executiva, a pergunta que mais ouço das mais diversas fontes refere-se a como faço para conciliar carreira e maternidade. Em toda oportunidade, dentro e fora da empresa, em que conto a minha história, as interações vindas principalmente de mulheres mais jovens, refere-se a este assunto.

As dúvidas são diversas! "Como você consegue estar presente no dia a dia das crianças e ainda dar conta de uma agenda tão intensa?", "Você participa dos eventos da escola ou atividades extra curriculares?", "Como você organiza tudo para estar 100% em cada momento, pessoal ou profissional?"

Pra começar, preciso deixar claro que eu tenho um marido que cumpre seu papel da forma correta, e divide comigo as nossas funções e obrigações pessoais. Além disso, eu tenho uma rede de apoio incrível, composta por uma escola com a qual compartilho os valores, uma assistente/anja que cuida da casa e dos meninos de um jeito admirável e avós, tios, padrinhos e amigos que sempre estão à disposição quando precisamos. Mas tem coisas que só eu consigo fazer por eles, simplesmente pelo título que tenho: MÃE. E aí entra o que, pra mim, possibilita que eu consiga exercer ambos os papéis de um jeito que eu me orgulhe: dedicação e renúncia.

Eu me dedico diariamente a fazer com que os momentos com eles sejam especiais. Isso não quer dizer malabarismo diário para entreter criança, mas fazer com que memórias sejam criadas mesmo na rotina. Isso vale para uma história engraçada na hora de dormir (se a Disney descobre meu talento para colocar o Lucca no tapete do Aladim sobrevoando Motu Nui e fazer as crianças gargalharem com isso, capaz de me contratar para roteirista rs), para um jantar no tapete da sala vendo um filminho durante a semana, para encapar a espada do Mickey de vermelho e transformar no sabre de luz do Darth Vader para a semana da criança da escola ou para ajudar a fazer bolachinhas para o dia do empreendedor do colégio.

E a renúncia? Ela vem nestes mesmos momentos, em que mesmo exausta uso minha criatividade e memória para pensar nas histórias, em que abro mão do jantar na mesa, organizado e seguro (quem me conhece sabe o quanto gosto disso rs), por uma possível sujeira no tapete, quando uso todas as minhas habilidades em trabalhos manuais e faço mágica a partir de uma folha de papel crepom e uma fita vermelha ou, mesmo sendo uma cozinheira 1 estrela, consigo ajudar o mais velho com a receita e, de quebra, fico com algumas louças extras pra lavar no domingo a noite. Em todos estes momentos eu poderia estar vendo uma série, lendo um livro, jantando com o marido ou saindo com amigas, coisas que eu adoro fazer e que nem sempre consigo conciliar com a minha agenda, mas eu sei que ao escolher estar com eles, fazer por eles, estou construindo uma base sólida de amor, carinho, respeito e reciprocidade.

O que eu recebo em troca? Sorriso e gratidão estampados nos olhinhos deles, e a certeza de que do nosso jeito, com nossas escolhas diárias, muito jogo de cintura e rindo dos “quebra galhos” que encontramos pra fazer dar certo, estamos conseguindo criar memórias que ficarão para a vida, afinal para eles eu sou a melhor do mãe do mundo, e eu não precisei deixar de ser quem sou para ouvir isso!