A Mulher CEO. Quem tem medo do poder feminino?
“Se você quer que digam algo, peça a um homem. Se você quer que façam algo, peça a uma mulher.”
Margaret Thatcher
Quem tem medo do poder feminino? Desde que os homens contam histórias, eles falam sobre seus medos das mulheres. Nesses relatos – primeiramente mitos orais, depois histórias escritas -, as mulheres são geralmente retratadas como perigosas para eles.
Na clássica mitologia grega, temos Pandora, que foi criada por Zeus para punir os humanos por roubar fogo, e que então desencadeia por toda a eternidade o mal, a doença e a morte sobre a humanidade. Já em Odisseu há a história de um herói que passou uma década enfrentando uma maratona de obstáculos inimaginavelmente difíceis na forma feminina apenas para retornar para casa - desde as sereias que usaram sua sensualidade para tentar atrai-lo para sua ruína nas rochas, até Circe, a feiticeira que também usou sua beleza e ameaçou “desumanizá-lo”.
Já em seu épico Metamorfoses, do século I d.C., o poeta romano Ovídio escreveu sobre Medusa, uma górgona aterrorizante cujas tranças serpentinas transformavam qualquer um que encontrasse seu olhar em pedra. Anteriormente, na Odisséia de Homero, composta por volta do século VII ou VIII a.C., o herói grego Odisseu deve escolher entre lutar contra Cila, uma criatura latindo de seis cabeças e doze patas, e Caríbdis, um monstro marinho da destruição. Ambos são descritos como inequivocamente femininos (Ozaki, 2024). .
Os personagens mais perigosos dos contos de fadas são, na maior parte das vezes, uma mulher sedutora ou uma madrasta. Uma revisão de 200 clássicos contos de fadas de Grimm encontrou 52 personagens femininas perigosas – contra apenas 6 vilões masculinos (Lederer, 1968).
As mulheres têm sido monstros, e monstros têm sido mulheres, em séculos de histórias (Zimmerman, 2021).
Os preconceitos e desafios encarados pelas mulheres são atemporais, e nos convidam a desenvolver uma visão ampla dessas histórias e seus significados mais profundos, ligando o passado antigo à sociedade atual. As características – aspiração, força, conhecimento, desejo - que marcaram essas criaturas femininas como "monstruosas" aos olhos antigos não são hediondas e podem ter sido suas maiores forças.
Tradicionalmente, como a caça e o trabalho rural eram os maiores meios de subsistência humana, os homens assumiam a liderança por sua força física, geralmente superior à feminina. Mas com o advento da Revolução Industrial e, mais recentemente, das revoluções informacional e cibernética, esse jogo virou: músculos, antes úteis para abater animais, tornaram-se obsoletos, enquanto neurônios, essenciais para manter relacionamentos, empatizar e gerir equipes, ganharam protagonismo.
Conforme as conquistas das mulheres se acumulavam ao longo dos anos – direito ao voto, à educação, ao uso de calças etc., crescia também no meio masculino a sensação de que os papéis de gênero estavam mudando de uma forma que desvalorizava as funções antes exclusivas dos homens, levando a um aumento na ansiedade deles sobre a segurança de suas posições.
Ainda hoje, em pleno 2024, alguns homens não hesitam em demonstrar suas inseguranças, mescladas com uma espécie de saudosismo do período em que as mulheres ideais eram recatadas, delicadas e donas de casa inativas.
Quase todos os homens diriam, por exemplo, que se sentem atraídos por mulheres inteligentes, porém as pesquisas indicam o contrário. Publicado na revista Personality and Social Psychology Bulletin, um artigo da psicóloga social da Universidade de Buffalo Lora Park mostrou o que acontece com os homens quando estão com uma mulher que parece ser mais inteligente que eles. Num primeiro experimento, eles avaliaram uma mulher hipoteticamente mais preparada e habilidosa em matemática e em inglês - e todos eles qualificaram a moça como um par romântico desejável em longo prazo. Na prática, contudo, em competições promovidas pelos pesquisadores, quando uma mulher demonstrava ser mais inteligente que os rapazes, ela instantaneamente deixava de ser tão atrativa aos olhos deles - os homens, inclusive, reconheceram que se sentiam inseguros na presença dela (Park, 2015).
Você provavelmente conhece mulheres que consideram a própria performance profissional um obstáculo para encontrar e manter um relacionamento amoroso estável. Mas você também deve conhecer homens maduros, que apoiam a evolução profissional da parceira e admiram sua inteligência. Independente disso, fato é que ainda existe uma significativa e barulhenta tropa de homens acuados e raivosos diante de mulheres – e líderes – de sucesso.
Um mundo verdadeiramente igualitário seria aquele em que mulheres gerissem metade dos países e empresas e os homens gerissem metade dos lares.
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Sherryl Sandberg
Inteligência e competência, estereotipadamente atributos masculinos, são hoje marcas da liderança feminina no Brasil e no mundo, como os números confirmam:
Estudos em todo o mundo confirmam uma marcante correlação entre a incorporação de mulheres em cargos de liderança executiva e tendências positivas de desempenho. Uma análise da Harvard Business Review, por exemplo, concluiu:
“Passar de não ter mulheres na liderança corporativa (CEO, conselho e outros cargos de diretoria) para uma participação feminina de 30% está associado a um aumento de um ponto percentual na margem líquida – o que se traduz em um aumento de 15% na lucratividade de uma empresa típica” (HBR, 2016).
Vivemos um período de transição, em que a evolução de direitos e medidas antidiscriminatórias ainda convive com as “crises da masculinidade” de alguns homens, que sentem seu retrógrado papel masculino ideal ameaçado. Esse sentimento de dívida em relação às mulheres bem-sucedidas tem diversas origens: criações equivocadas que rebaixavam a figura feminina e colocavam o homem no centro da família, vergonha, temores sobre o futuro e a evolução da própria carreira, falta de inteligência emocional...
Embora seja tentador ignorar as alegações amplamente infundadas desses sujeitos ressentidos, se omitir em um tema tão relevante para todos nós não é uma opção, como ressoam as palavras de Martin Luther King:
O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silencio dos bons.
Como pudemos ver, ter mulheres em posição de liderança não se limita a uma questão de justiça ou boas práticas – trata-se aqui de pura inteligência e estratégia corporativa. Elas são as líderes do futuro. E que Deus nos livre do machismo do atraso!
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REFERÊNCIAS
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2 mJose Maria Wanderley, Aposentado, tenho exemplo em casa, uma Capricorniana caprichosa, brilhante profissionalmente, não mandava recado, o tempo era determinante, cobrava resultados sem pestanejar, e conhecia o perfil de todos os colegas, chefes e subordinados. grato pelo espaço.
Docente | Consultoria de T&D e RH | Coaching de Carreira | Pedagoga | Advogada | Treinamento e Desenvolvimento de Competências | Recrutamento e Seleção
2 mArtigo muito bom, como falamos aqui no trabalho "você pode ser quem você quiser" e essa pesquisa e os números comprovam muito isso! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Partner at KC&D, President at Anefac, Board Member at Assetz, Onvet and ICFOA, Teacher at Insper and Albert Einstein
2 mPerfeito, querida Adriana Fellipelli! Parabéns!
Adriana Fellipelli, brilhante. Sou sua fã.
Desenvolvedora Front-end
2 mQue artigo bonito, quem dera tivesse mais trabalhos de escrita como esse! Com todos esses exemplos de pura realidade, sobre nós mulheres, mães trabalhadoras e guerreiras. 💪