News 09/05 - Vamos salvar a Amazônia

News 09/05 - Vamos salvar a Amazônia

Por Helder Barbalho

A Amazônia, não é novidade, é um dos temas mais debatidos no mundo inteiro. Aos poucos, as reais e gigantescas ameaças que pesam sobre a região se tornaram preocupações globais. Estudos, mapeamentos, estatísticas e documentos são lançados com interpretações e questionamentos sobre o presente e o futuro da Amazônia. E as palavras de ordem que surgem em encontros, fóruns, seminários e congressos mundo afora inevitavelmente giram em torno de um núcleo, um mantra desafiador: vamos salvar a Amazônia.

Eu sou um amazônida com imenso orgulho. E declaro, com a total consciência de homem público que sou, que estou absolutamente engajado, com toda disposição física e política, nessa campanha que naturalmente se formou e que tende, a cada dia, se tornar mais e mais forte.

A nação brasileira deve adquirir o pleno conhecimento do incalculável patrimônio que a Amazônia representa para o Brasil. Patrimônio entendido como algo muito além do valor estritamente monetário – que por si só já é elevadíssimo. É patrimônio no sentido mais amplo que a palavra possa alcançar, do ponto de vista cultural, do ponto de vista de ser a referência de um país.

Não podemos prescindir, em hipótese alguma, de uma floresta dessa magnitude, com tamanha e farta biodiversidade e que pode muito bem, obedecendo uma legislação clara e efetiva, gerar emprego, renda e favorecer especialmente os povos que vivem na floresta. Conseguem imaginar, por exemplo, quantas espécies da Amazônia são ainda completamente desconhecidas e quantas delas podem gerar novos fármacos, cosméticos e cores nas tecelagens? Portanto, basta de desmatamento ilegal, basta de correntões, basta de serras potentes, basta de um exército de trabalhadores explorados a arrancar árvores milenares e deixar um deserto em seu lugar.

Não podemos prescindir, em hipótese alguma, dos povos indígenas. Países onde eles foram sumariamente extintos arrependem-se até hoje e pedem perdão por terem praticado essa absurda e injustificável política de limpeza étnica, desprezando conhecimentos, saberes e culturas milenares. Isso é crime, não há outra palavra. E, lamento dizer, o perdão não resolve o que não tem mais solução.

Não podemos prescindir, em hipótese alguma, do combate sem tréguas ao garimpo ilegal, essa prática destruidora sem qualquer limite ou controle. Ele deve ser combatido com a mão forte do Estado, sem tréguas, com recursos e inteligência, sem qualquer condescendência. Até porque eles, os garimpeiros ilegais, não têm um traço sequer de condescendência para com a natureza e os povos indígenas. Para eles, é um vale tudo na floresta – e não pode ser assim.

A civilização brasileira tem que entender, de uma vez por todas, que o Brasil não precisa apenas se desenvolver e crescer com indústrias mais fortes, modernas e inovadoras, com a agronomia ainda mais categorizada, com rebanhos ainda mais qualificados, com nossas cidades mais equipadas, com infraestruturas adequadas e muitas coisas mais. É fundamental assimilar que uma floresta dentro de um país não é uma terra a ser devastada para ter seus benefícios subtraídos, que seus habitantes originários não são seres menores, desqualificados e sem nada a ensinar aos chamados civilizados.

Um país desta magnitude não pode e não vai abrir mão de uma floresta dessa grandeza. Estou certo disso e trabalho diuturnamente por essa causa.

Estamos reconstruindo o Brasil, depois de um sofrido e muito dolorido período de tolerância, benevolência e apoio a agressões contra a Amazônia. Um escândalo que a história registrará para sempre.

Mas esse tempo está encerrado. Temos, agora, instituições como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) sendo reequipados, um novo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e a instalação, enfim, do Ministério dos Povos Indígenas. Temos a volta da ciência a conduzir as melhores ações e as melhores práticas. São novos tempos, novos ares – a esperança está de volta à região.

Recuperamos o diálogo com nações amigas e poderemos falar em outros termos nos encontros internacionais, com altivez e soberania. Pleitear efetivo apoio político e econômico para a manutenção da Amazônia, discutir projetos sustentáveis, viabilizar estudos e pesquisas. Enfim, um mundo de perspectivas reais se abre para o Brasil, que até quatro meses atrás estava absolutamente fechado à boa e civilizada convivência.

A possível realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) na Amazônia, em 2025, poderá ser o grande marco deste novo tempo para nossa região. Imaginem o mundo, que se diz tão preocupado com o futuro da Amazônia, vir até aqui debater conosco, brasileiros, amazônidas, como será a Amazônia do amanhã. Vão aprender e ensinar, e, juntos, teremos a oportunidade única de traçar políticas em prol da região em todos os aspectos. Não tenho dúvida de que daremos um salto civilizatório.

Quero encerrar pedindo que reflitam sobre como a Amazônia é valiosa, como deve ser preservada e como faz parte do nosso dia a dia. Existe a expressão, que a maioria deve conhecer, que diz que “a Amazônia é o pulmão do mundo”. Prefiro dizer isso de outra forma: a gente respira a Amazônia.

*Governador do Pará

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