O tal do líder...

Estava pensando há alguns dias sobre o papel do líder em minha trajetória profissional e também pessoal. Houve um tempo que tive um líder que era quase como um pai para a equipe. Defendia um propósito, nos levava com ele e se algo desse errado, bem, ele assumia a bronca e se desse certo, a vitória era de todos.

Mas ele era bem rígido também. As vezes uma virgula fora do lugar era chamada atenção. Ele gostava às vezes de ver meus e-mails para saber se estava redigindo corretamente. Honestamente, eu nunca me importei. Eu era jovem e queria aprender. E aprendi muito com ele. Era chato com prazos, gostava de tudo organizado. Papéis pela mesa no horário de almoço ou quando saímos do escritório era um absurdo. Sempre tínhamos que deixar tudo no lugar, de preferência o mínimo de coisas à mostra na mesa, para evitar que outros pudessem ver informações confidenciais e isso vazasse. Afinal, trabalhava no RH. Certa vez um colega deixou o armário destrancado. No outro dia, tinha um bilhete para esse colega, no bilhete com um tom leve, o tal líder disse que ficou triste com o fato do armário estar destrancado, meu colega precisou pegar a chave com o líder para que pudesse abrir o armário. Não precisou de bronca, mas nunca mais esqueceu o armário aberto!

Mas eu aprendi muito com o líder. Era bacana quando fechávamos a folha no prazo e ele pagava nosso almoço, ou fazia uma festinha pra comemorar, tudo por conta dele. Mas claro, era mais legal quando recebíamos um aumento de salário! Esse líder também era preocupado com o desenvolvimento de sua equipe. Em certo momento, para um grande desafio, resolveu preparar todos. O desafio chegou e a equipe estava preparada para assumir, pois todos foram treinados. O desafio, vencido! Ele valorizava muito que todos pudessem conhecer as atividades de cada um, entendendo que éramos um conjunto de engrenagens que funcionava juntos e que a atividade de A não era mais importante de a de B e o resultado era da equipe e não de um ou outro. Ele fazia questão que todos conhecessem e dessem suporte ao colega, assim, todos poderiam aprender a atividade um do outro, todos poderiam se desenvolver e crescer dentro da organização.

Esse líder também me ensinou o quanto é importante parar. As vezes estava tarde da noite com uma diferença e não conseguia achar. Eu queria o quanto antes terminar o trabalho... Mas às vezes seguia sem pausas. Ele falou para buscar um café. Na volta, depois do café, entre a copa e a sala que estava, achei a minha diferença e segui!

Aprendi com o líder também que as vezes há lutas que não temos que lutar. Aprendi também que as vezes não vamos entender todas suas atitudes, mas precisamos confiar. E aprendi também, observando o líder, até mesmo o que fazer e o que eu não gostaria de fazer se estivesse na posição dele.

Mas algo muito importante que aprendi, foi o quanto ele deve ouvir. O quanto é importante estar perto de sua equipe e ouvir e o mais importante, saber ouvir. Saber filtrar o que é conversinha de corredor com o que é de fato verdade. Saber separar as fofocas dos fatos reais. E ainda mais importante, saber conduzir isso tudo.

As vezes o líder não será amado, venerado, e como vi em uma frase, é um caminho solitário. As vezes terão decisões difíceis que não deixarão todos felizes, mas que são necessárias. Mas o líder, aquele que inspira, que promove o engajamento da equipe tem um pouco desse líder que descrevi. Isso não foi só um líder, mas vários que tive em minha trajetória e que pude observar para entender o quão complexo e desafiador é liderar.