OS TIPOS DE PODERES DOS EXECUTIVOS NAS EMPRESAS
Significado de um poder
Quando você estiver sendo entrevistado para emprego, lembre-se que quem vai aprovar a sua contratação será o executivo que tem poder para tal, que poderá não ser o primeiro entrevistador, talvez nem o segundo, mas alguém terá que aprovar. Quem entrevista, colaborando num processo seletivo, normalmente presta os seus serviços especializados, mas tem sempre alguém que dá a palavra final de aprovação na área solicitante ou diretoria, fazendo ou não a última entrevista do processo. Portanto, aprovar uma contratação representa um dos poderes no dia-a-dia dos executivos de uma empresa.
Poder na empresa significa a capacidade, condições e autoridade de alguém em tomar uma decisão e aprovar, ou não, uma terminada ação ou ocorrência, assumindo a responsabilidade por tal fato. O poder é válido para o executivo, na maioria dos casos, se este o tiver recebido formalmente, de acordo com os estatutos, normas, regras e padrões da organização. Existem, porém, outros tipos de poderes além do formal.
Principais tipos de poderes
São quatro os principais tipos:
- Formal;
- Informal;
- Propriedade/Posse;
- Informação/Conhecimento.
O poder formal é aquele que está escrito e regulamentado, de acordo com os estatutos e normas da empresa. Os poderes formais podem variar em função dos tipos de cargos ocupados pelos executivos, ou seja, alguns poderes são específicos para determinados cargos, outros podem ser comuns a todos os cargos de direção e gerência, inclusive chefia e supervisão.
O poder informal é o não escrito, mas que exerce influência no andamento da empresa, fundamentado nos relacionamentos do executivo que o detém, seja nos relacionamentos de amizade com os outros detentores de poder, seja nos relacionamentos familiares com o corpo diretivo da empresa, seja pelas características pessoais do executivo tais como competência profissional, personalidade marcante, liderança e capacidade de persuadir e influenciar pessoas.
Há também, em relação ao poder informal, o caso de tradição/herança, pelo qual historicamente quem passa a ocupar determinado cargo assume alguns poderes específicos, mesmo não escritos, porque sempre foi assim na empresa.
Propriedade/Posse é um tipo de poder naturalmente caracterizado pela situação de posse do executivo na condição de dono da empresa, sócio ou de acionista da mesma. Um exemplo desse tipo de poder é o que está presente no personagem que cuida da chave do cofre e que toma decisões sobre o assunto. Outro exemplo lembra a figura do “dono da bola”.
O poder da informação/conhecimento é aquele caracterizado pela atuação do executivo detentor das informações mais importantes e completas sobre determinados assuntos na empresa. Os poderes normais de um executivo tendem a ser aumentados com o acúmulo de conhecimentos técnicos e estratégicos em relação à empresa.
Quanto à origem do estabelecimento dos poderes
Em geral, são de dois tipos:
- Previstos na legislação;
- A critério da empresa.
a) De acordo com a legislação vigente, previstos nos estatutos da empresa ou previstos nos contratos sociais.
Os poderes e responsabilidades estabelecidos por lei para os executivos (Administradores) estão presentes na legislação comercial e empresarial, inclusive código civil, lei das sociedades anônimas e em outras leis complementares.
Exemplos:
- Os sócios, em conjunto ou isoladamente, têm o poder de praticar todos os atos e operações relativas ao objeto social...;
- Os conselheiros de administração têm o poder de contratar ou demitir diretores;
- Os diretores assinam os principais contratos representando a empresa, dentre outras atribuições e poderes.
b) Estabelecidos a critério da administração geral da empresa, de acordo com as necessidades de gestão.
São todos aqueles poderes relacionados a decisões e procedimentos necessários ao bom andamento da empresa, tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo da mesma. Exemplos:
- Representar a empresa no desenvolvimento de novos negócios;
- Realizar movimentações bancárias com cartões da empresa;
- Utilizar veículos da empresa de forma contínua;
- Contratar serviços;
- Aprovar a realização de compras;
- Aprovar despesas de viagem;
- Admitir, transferir ou demitir funcionários;
- Aprovar os planos operacionais de sua área;
- Aprovar novas normas ou mudanças operacionais.
Quanto ao âmbito de aplicação dos poderes
Quanto ao âmbito de sua aplicação, os poderes podem ser internos ou externos à empresa.
Os poderes internos se referem às decisões e aprovações quase sempre repetitivas, mas restritas ao ambiente interno da organização, ou seja, não envolvendo diretamente os fornecedores, clientes, etc.
Os poderes internos podem ser atribuídos aos executivos, automaticamente, de acordo com cada cargo ocupado. Nas atribuições de cada cargo podem estar previstos os poderes atinentes ao mesmo. Outra forma pode ser a existência de uma norma geral, ou regulamento, prevendo todos os tipos de poderes internos para todos os cargos em todos os níveis hierárquicos.
Os poderes externos se referem às decisões que envolvem o nome e a responsabilidade da empresa perante o público externo, aí incluindo governo, clientes, fornecedores, consumidores e público em geral.
Os diretores precisam ser estatutários (sócios ou acionistas) para poder assinar representando a empresa. Os diretores não estatutários (contratados e não sócios), tais como os demais executivos gestores, gerentes, chefes, precisam formalmente de procuração da empresa para poder assinar por ela.
Benedito Claudino Barbosa
Consultor de Empresas em Administração Geral - Escritor
Autor de quatro livros na área de administração, sendo o mais recente “Alta Direção e Processo Decisório nas Empresas”
Contato <beneditocbarbosa.consultor@gmail.com
Visite o site: www.dicascorporativas.com.br
Palestrante, Tema Resiliência
8 aOlá Claudino, gostei da sua explanação, muito didática. Parabéns. Muitas pessoas ou por falta de conhecimento ou mesmo com terceiras intenções se arvoram em poderes que não possuem e, geram mal estar nas empresas, por exemplo manualizando instruções contrárias as leis. Exemplo, cobrar o operário a quebra de uma ferramenta ocorrida nas operações normais de trabalho. Um forte abraço