Quantos mais, melhor

Quantos mais, melhor

Quantos psicólogos são precisos para mudar uma lâmpada?

Só um. Mas a lâmpada tem de querer mudar.

É piadinha de psicoterapeuta, mas tem um fundo de verdade. E no mundo criativo, a verdade torna-se regra.

Para que exista a criatividade, ela tem de estar em constante evolução. Ao contrário do comportamento humano dito normal, ela não é amiga de hábitos, tradições ou fórmulas. É assim que ao estarmos parados, rompemos com as leis da física e mesmo parados vamos de mal a pior.

2016 precisa de ser um ano de mudança, tal como todos os anteriores. Precisamos de menos resoluções e de mais soluções. O problema é que nenhuma mudança é fácil. Por muito boa a intenção ou brilhante a ideia, tudo o que vale a pena ser feito é acompanhado de resistência, dores de crescimento e muita birra à mistura.

Não há boa ideia que não se possa tornar em má e não há má ideia que não possa ser piorada. Para defender o ideal criativo, temos de esbarrar contra muro após muro e ser mais teimosos que um mercado que aparenta ter um desinteresse total e uma inércia infinita. É preciso que nos sujeitemos, briefing após briefing, a sofrer desilusões e desgostos de amor.

É por isso que muitos criativos mudam. Para pior.

É o velho “se não os podes vencer, junta-te a eles”. Pessoas que entram com vontade de se tornarem pioneiras da criatividade, acabam por desistir de remar contra a maré e tornam-se funcionárias da mediocridade.

Mas é injusto apontar-lhes o dedo - é apenas a resposta humana natural. Ninguém gosta de sofrimento constante e ninguém consegue manter as expectativas num ambiente que não as sustenta. As pessoas deixam de se preocupar porque a preocupação se torna insuportável. É um mecanismo de defesa natural.

O que não é natural, é continuarmos a assistir de forma passiva.

Ninguém tem o poder para forçar os outros a mudar. Só temos algum poder para nos mudarmos a nós próprios e ajudar mudar quem já o quer fazer. E quando nos mudamos a nós próprios, mesmo que as vitórias sejam poucas, podemos sempre abrir o caminho para outras mudanças e outras vitórias, nem que sejam as dos outros.

Em 2015 todos nos queixámos que a luz da criatividade andava a brilhar com menos força em Portugal. A pergunta que devemos então fazer para 2016 é clara.

Quantos criativos estão dispostos a mudar a lâmpada?

 

Mais disto no Pubsicólogo.

Maria Luísa Almeida

“There is only one success – to be able to spend your life in your own way.”

9 a

Quantos Criativos e Outros estão dispostos a mudar a lâmpada?

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Tiago Fragoso

  • Olhar Para Dentro

    Olhar Para Dentro

    Os publicitários têm tantos projectos como projecções. No contexto da avaliação psicológica, a projecção é um mecanismo…

    2 comentários
  • O Nosso Meio

    O Nosso Meio

    Um Marketeer, um Estratega e um Criativo entram numa sala de reuniões para resolver um problema igualmente anedótico…

  • Os Infantilóides

    Os Infantilóides

    Se há coisa que o criativo é, é infantil. O mais certo é esta última palavra ter feito com que toda a frase tenha para…

    1 comentário
  • A mudança irresistível

    A mudança irresistível

    Existe a velha máxima publicitária que as pessoas estão habituadas a ouvir nas séries e filmes de televisão: "O sexo…

  • Os Anormais dos Publicitários

    Os Anormais dos Publicitários

    O “normal” é algo perigoso. Distinguir o “normal” do “anormal” sempre foi uma das principais questões das ciências…

  • Uma breve opinião sobre a Actimel e o #Copystrong

    Uma breve opinião sobre a Actimel e o #Copystrong

    Tenho notado com alguma curiosidade o comportamento dos mais de 100.000 fãs do Sensivelmente Idiota após este acusar a…

    8 comentários
  • O mundo inventado pelos criativos

    O mundo inventado pelos criativos

    A imaginação faz parte do ofício e quanto mais melhor. Mas mesmo com toda a imaginação que é posta nos trabalhos…

    11 comentários
  • Dissonância Criativa

    Dissonância Criativa

    A boa criatividade é má para as marcas e para as agências. E a culpa é das raposas.

    11 comentários
  • The Walking Ad

    The Walking Ad

    Acreditar que se está morto é uma doença neurológica rara. Mas não tão rara assim na publicidade.

    3 comentários
  • Recordar é viver

    Recordar é viver

    Banquetes à base de ratos do campo para passar a perna a amigos, meias roubadas às miúdas com quem trabalhava e fugas à…

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos