Sobre os meus cabelos brancos
Dia desses postei no Instagram uma foto que evidenciava meus cabelos brancos. Recebi uma série de "elogios" (mais de 3!) sobre a minha coragem de expor os sinais da minha senilidade (ou seria da minha genética?!). E me pus a pensar sobre o assunto.
Aprendi desde muito nova com a minha mãe a me aceitar como eu sou, minha aparência pouco comum com uma cicatriz enorme sobre o olho esquerdo, e a falar abertamente sobre ela.
Aprendi que ser diferente muitas vezes dói e a dor a gente cura com humor.
Quando eu não pude ser bonita e nem ao menos “bonitinha” (e não fui por muitos anos, principalmente dos 12 aos 16), fui outras coisas que não teria tido o ímpeto de ser se eu tivesse ficado na bolha confortável das meninas bonitinhas. Se eu sempre tivesse um par pra dançar música lenta nas festinhas (em vez de sempre sobrar com a vassoura). Se eu sempre fosse a primeira a ser escolhida para os times na hora do recreio.
Quando eu não pude ser bonita, nem boa em qualquer esporte coletivo, eu tive as melhores redações da escola, eu passava os intervalos na biblioteca, eu fui bailarina clássica, eu expandi meu círculo, eu aprendi a me virar.
Não tive conquistas lineares, minha vida é tudo, menos ordinária. Sou filha de decoradora e minha casa é uma zona! Sou a terceira geração de empresários e bato ponto na empresa dos outros (com orgulho tá, Rubão!). Enquanto minhas amigas controlam a vida na planilha, eu tive quatro filhos.
Amadureci, a feiúra passou, veio o amor-próprio e o auto-respeito. Veio a beleza (avá, não to aqui pra ser modesta a essa altura da vida!) pra somar a todas as experiências e habilidades que desenvolvi pra sobreviver à adolescência. Vieram meus meninos lindos e minha família de margarina – quando a margarina acaba.
São 35 anos, cara… Com tantos picos e vales é ok ostentar fios brancos. Some-se a isso um mês e meio sem fazer unha. Tá tudo certo. Pelo menos eu não perdi o fôlego, eu não envelheci na alma, eu dou risada quando tento definir se estou mais parecida com a Cruella ou com a Mortícia.
E vou levando a vida com a maior leveza possível sabendo que o fim do mês está próximo e que já já meu cabelo vai estar colorido novamente pelos próximos 40 dias até que a raiz branca surja novamente com os primeiros dias de dezembro.
Até lá, ja serei uma nova personagem!