Transformando dados visuais em texto descritivo.
Gráficos e visualizações são ferramentas incríveis para contar histórias com dados, mas nem todos podem acessá-los da mesma forma. Para pessoas com deficiência visual ou que usam tecnologias assistivas, um gráfico sozinho pode não ser suficiente para transmitir as informações. Foi em projetos inclusivos que aprendi o impacto de transformar dados visuais em textos descritivos. Esses textos, quando bem feitos, não só tornam os dados acessíveis como também ajudam a transmitir insights de maneira clara e objetiva, mesmo sem a parte visual.
A ideia principal é converter os elementos-chave de um gráfico — como tendências, comparações e valores — em uma descrição textual que explique o que ele mostra. Por exemplo, imagine um gráfico de barras que ilustra vendas trimestrais. Em vez de apenas apresentar números, o texto descritivo pode dizer: "As vendas aumentaram ao longo do ano, começando em R$ 50 mil no primeiro trimestre e alcançando R$ 150 mil no quarto trimestre, com um crescimento mais acentuado entre o segundo e o terceiro trimestre."
Criar textos descritivos eficazes exige um equilíbrio entre clareza e concisão. Não basta listar todos os detalhes do gráfico; é necessário priorizar os insights mais relevantes. Um erro que cometi no início foi tentar incluir cada pequeno detalhe da visualização. Isso tornava as descrições longas e difíceis de compreender. Hoje, priorizo informações como tendências gerais, outliers e comparações importantes, garantindo que o texto seja útil e fácil de interpretar.
Outro ponto essencial é adaptar o tom e a linguagem ao público. Para relatórios executivos, o texto descritivo pode ser mais objetivo e direto. Já em visualizações educacionais, ele pode incluir contexto adicional para ajudar o leitor a compreender os dados. Por exemplo, em um gráfico que mostra índices de alfabetização, o texto descritivo pode incluir informações históricas ou explicações sobre fatores que impactam os números apresentados.
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Ferramentas e tecnologias assistivas também desempenham um papel importante nesse processo. Plataformas como Tableau e Power BI já permitem adicionar descrições em texto aos gráficos, enquanto leitores de tela como NVDA e JAWS conseguem interpretar essas descrições para os usuários. Em projetos onde essas ferramentas são utilizadas, a experiência de acessibilidade melhora significativamente, permitindo que os dados alcancem um público mais amplo.
Uma prática que adotei é sempre testar os textos descritivos com usuários reais. Receber feedback direto de pessoas que dependem dessas descrições me ajudou a entender o que funciona e o que pode ser melhorado. Em um projeto de acessibilidade para um relatório governamental, por exemplo, os usuários indicaram que descrições curtas, mas ricas em contexto, faziam toda a diferença.
Transformar dados visuais em texto descritivo não é apenas uma solução técnica; é um exercício de empatia. É sobre garantir que todos possam acessar as informações, independentemente de limitações visuais ou tecnológicas. E, ao fazer isso, não estamos apenas ampliando o alcance dos dados, mas também promovendo a inclusão e a equidade.