Vive, apenas vive...
Todos nós temos muita dificuldade em “partir para outra” nos vários setores de nossa vida. É como se fugíssemos à responsabilidade de ter de arcar com a dor advinda com esse despedir-se, como se "o que não tem remédio, remediado está". E assim, vamos pagando um preço alto por nossa covardia e nosso fingimento. Os caminhos que temos à nossa frente é entremeado por bifurcações e armadilhas e, sem que percebamos, somos muitas vezes levados a optar por alternativas às quais é mais fácil nos acomodarmos.
Acomodar-se significa passividade e conformismo. Conformar-se demais pode nos custar a distância de uma outra verdade: a desonestidade com nossas vontades e um crescente arrependimento, tão danoso ao nosso bem estar quanto à harmonia com quem está ao nosso lado.
Assim sendo, aprendamos a segregar a sutil diferença entre SEGUNDA CHANCE e ADEUS. ADEUS são necessários ao amor que já deixou de acelerar nossos corações, que já não sorri quando nos vê, que não nos dá as mãos, que não caminha ao nosso lado, que não nos pergunta se dormimos bem, se almoçamos, ou o porquê das lágrimas suspensas em nossos olhares distantes, ao amor que trai e fere, que já nem é amor, nem amizade, nem troca ou cumplicidade, tampouco conforto e necessidade. SEGUNDA CHANCE à amizade que já deixou de fazer falta (se valer à pena), que não tem tempo de nos ouvir e animar, que já não aparece em busca de conselhos, nem quer saber de nossas vidas. ADEUS às amizades que não acrescentam, que nos diminuem, que nos trocam facilmente, que usam nossos segredos contra nós, puxam nossos tapetes e esgotam nossas energias.
Ao serviço que nos empobrece, que nos impede de sorrir, que não nos oferece oportunidades, que não nos ouve, digamos ADEUS! Aos chefes desumanos, aos colegas de trabalho hipócritas, as jornadas extenuantes, a mesquinharia com o cafezinho, os gritos e erros destacados, a humilhação velada, a estagnação que anula nossas capacidades, a cordialidade venenosa na mesa ao lado, ADEUS! Ao lar que já não nos comporta em tudo o que somos e queremos, que extrapola os nossos limites, que cobra por nos amar, tolhe nosso caminhar e não mais entende o que falamos, ADEUS!
É necessário dar uma SEGUNDA CHANCE à esperança de que o outro vá mudar (porque você sempre ganha ao final da jornada e mantém a consciência tranquila, ao martelar sempre "fiz a minha parte"). À espera vã do telefonema, da resposta que nunca chega, do convite que nunca é ouvido, do “eu te amo” nunca dito, do abraço não correspondido, do olhar que não penetra fundo, do reconhecimento nunca recebido, ADEUS. A quem nos fere, nos incomoda, aos xingamentos, a violência alheia, a ânsia pelo fim do expediente, a ânsia pelo fim do dia, ADEUS!
Ao não existir, ao sufocamento de nossos desejos, à raiva contida, às ofensas engolidas, aos desvios de caminhos, aos projetos não realizados, aos sonhos que não acordam, digamos ADEUS. Porém, às roupas que já não nos servem, aos CDs que não ouvimos, as cartas que já nem lemos e as fotos envelhecidas no tempo, demos uma SEGUNDA CHANCE. Que possamos ser breves em lugares onde não nos sintamos vivos, amados, respeitados...onde não respiremos direito, onde não possamos ser verdadeiros! Desapego=dificuldade, pois requer coragem para vermos o que somos e sentimos. Além disso, quando rompemos com o que parece estabelecido em nossa jornada, mexemos também com as vidas que caminham conosco...o importante é que estaremos agindo em busca de nossa felicidade, partindo ao encontro de nosso lugar no mundo e na vida de alguém. Ninguém pode ser condenado por tentar ser feliz, quando o faz de forma ética e sincera, sem desrespeitar a si mesmo nem a ninguém mais. Uma verdade: quem nos ama de verdade acabará entendendo a necessidade de nossa atitude, torcendo pelo nosso sucesso, onde e com quem estivermos.
Portanto, meus caros, nossa sobrevivência depende de grau de importância ao que damos às SEGUNDAS CHANCES e aos ADEUS...além da coragem para iniciarmos as despedidas necessárias - quando do ADEUS, tendo a consciência de que as infinitas possibilidades que se descortinarão a partir de então compensarão as perdas pelo caminho. Ninguém é obrigado a aceitar com resignação e conformismo aquilo que pode – e deve – mudar. Todos, afinal, temos o direito de viver e de respirar com alívio, com a certeza de que o que deixamos para trás ficou exatamente onde deveria: lá atrás, bem distante, não tendo mais poder algum sobre nossas vidas e nossa busca pela felicidade.
Sr. Craft Business Executive | The HEINEKEN Company
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